A experiência corriqueira do mal-estar no convívio social brasileiro atual estende à cotidianidade a fina percepção do poeta Manoel de Barros, recentemente falecido. Na entrevista inédita de 2001, publicada em 13 de novembro de 2014 pelo Estadão, Manoel encarna a sabedoria chinesa do dito: “a palavra falada não tem pudor” e, a contrapelo, dispõe sua dedicada escritura, feita da palavra simples e de muita imagem, para a sensibilidade absorver. E quando falta a sensibilidade? Em tantos o erro não dói...

“Estou falando português, mas não tenho ideia do que digo. Que perigo! Vou fazer piada (...) Agora chega: a piada sou eu mesma. E esta paisagem, que ri do nosso tamanho – chega aos olhos pela frente, pelas costas e até pelo chão. Nunca nos basta, porque é mínimo e máximo ao mesmo tempo”. Em roupas absurdas, numa paisagem absurda, há belezas absurdas no vídeo de Tatiana Blass Encrenca – Trobbel (2014). Outra vez, cautela e poesia...

Nossa primeira edição de 2015 visa à apresentação crítica das formas do que se passa ao nosso redor.

Ao repercutir as discussões clínico-políticas que empreendemos: no lançamento de Percurso 52, no evento com José-Maria Marinas, no lançamento do livro sobre anorexias e bulimias, na admissão de novos membros ao Departamento – benvindos Pedro Mascarenhas, Gisele Moraes e Liliana Emparan! Na difusão da hashtag lançada pelo MPASP, #VamosTodosProSUS.

Ao anunciar novos modos de estar junto: no lançamento do volume 2 de Psicanálise Entrevista, na 3a jornada temática sobre o feminino e no que mais está por vir...

Ao configurar um espaço de co-respondência com os colegas: que lançam, exibem ou resenham livros, filmes e espetáculos, que se engajam na análise da vida comum, que fazem psicanálise e assim compõem artefatos da perlaboração criativa e coletiva deste nosso Boletim.

Boas leituras a todos, e abraços da

Equipe editorial
Cristina Barczinski, Elaine Armênio, Maria Carolina Accioly,
Mario Pablo Fuks, Nayra Ganhito e Sílvia Nogueira de Carvalho