Eis que dessa vez nos acontece uma edição a palo seco. Na dura poesia de João Cabral de Melo Neto, a palo seco é o cante sem guitarra – em nosso silêncio respeitoso diante das mortes de Irmã Laura Sampaio (1926-2014) e de Eduardo Galeano (1940-2015). (...) É o cante em que a voz só disponha do que ela mesma ponha – na busca de dar forma às notícias que retratam cotidiano mal-estar, entre muros e obscurantismos. (...) Não é um cante a esmo – no encontro dos escritos que nos dizem respeito e que recolhemos já prontos, nas lavras de Janete Frochtengarten e de Gustavo Germano – e (...) caminha com passo paciente – em nossa presença determinada no movimento Articulação...

Que venham as solares manhãs em que seguimos moldando a argila de que fomos feitos, em eventos que acolhem novos membros – benvinda Marcia Bom - e antigos interlocutores como Marcelo Vinãr, recriando apresentações e entre-vistas; em grupos de trabalho e jornadas que expandem nosso Departamento; em textos que pensam literaturas, teatros, artes, juventudes e outras experiências intermediárias; em memória do que fazemos e faremos juntos, sob nosso teto comum.

Enquanto isso, relembramos falas e imagens de Galeano num Tempo de viver sem medos, homenageado por Eduardo Pavlovsky como um homem para se ter como modelo, e relemos a A ordem do discurso, Michel Foucault, 1970 em tradução de Laura Fraga de Almeida Sampaio.

Com abraços da

Equipe editorial
Cristina Barczinski, Elaine Armênio, Maria Carolina Accioly,
Mario Pablo Fuks, Nayra Ganhito e Sílvia Nogueira de Carvalho