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    JORNAL DIGITAL DOS MEMBROS, ALUNOS E EX-ALUNOS
    07 Dezembro de 2008  
 
 
ENTREVISTA

Não tem diploma


CRISTINA BARCZINSKI (1)

Esta matéria inaugura a seção "entrevistas" e tem, como proposta inicial, construir junto a alunos e, posteriormente, professores, uma visão coletiva do Curso de Psicanálise.

"Não tem diploma, não tem garantia, custa uma grana, leva no mínimo 4 anos e vira e mexe tem alguém lembrando que ser psicanalista é uma profissão impossível. E eu estou gostando muito". É assim que a aluna Déborah de Souza define, de forma bem-humorada, o curso de Psicanálise. Jornalista com 20 anos de profissão, Déborah não encontrou dificuldades em acompanhar o curso, buscando leituras complementares diante de dificuldades eventuais. Para ela, foi fundamental a entrada na Clínica: nas suas palavras, "a clínica inaugurou um novo capítulo na minha formação, abriu as portas da percepção para a teoria".

Já Paula Peron, aluna do primeiro ano, tem um percurso bem diverso, pois sempre atuou dentro da área, formou-se em psicologia pela PUC, onde defendeu seu doutorado, e hoje em dia, é professora no COGEAE-PUC e no CEP. Paula acredita na necessidade de uma formação continuada dentro da psicanálise, por esta razão procurou o Sedes, instituição que, segundo ela, tem reconhecimento entre os profissionais da área, pois nela circulam "analistas de grande importância no cenário da psicanálise brasileira". O reconhecimento foi também um dos motivos que levou Marianna Andrade, aluna do quarto ano e psiquiatra, a procurar o Departamento de Psicanálise, além da formação continuada, através de simpósios, jornadas e cursos, e pela existência, no Departamento, de uma produção significativa no campo das publicações (revista Percurso e livros). No caso dela e de Déborah, a possibilidade de ler Freud de modo profundo foi decisiva para a decisão de buscar uma formação em psicanálise.

Quanto à carga horária, Déborah, por conta do trabalho de jornalista, decidiu parcelar o curso e tem feito apenas um seminário por ano, pois assim consegue dar conta das leituras. Marianna, embora tenha feito o curso no tempo regular, acredita que a possibilidade de matricular-se de forma independente nos seminários seria muito bem vinda, respeitando uma certa seqüência e podendo pagar por seminário cursado.

Na opinião de Déborah, a supervisão "é o momento em que a teoria ‘encarna', ganha corpo e co-move". Diz aproveitar muito do acompanhamento dos casos dos colegas, entendendo que a discussão coletiva dos casos é não só pedagógica como também criativa. A importância fundamental da supervisão também é ressaltada por Paula e Marianna, que a consideram um desafio e o ponto alto na formação de um analista. O acompanhamento cuidadoso do fazer analítico e a troca com os colegas levam à "construção de uma maneira própria de clínica", nas palavras de Paula, que considera interessante que o curso contemple tanto a supervisão em grupo quanto a individual. Marianna acredita que a supervisão em grupo seja mais proveitosa quando possui menor número de participantes; no seu caso acabou participando por acaso de grupos que não excediam seis pessoas e considerou isto um ganho na sua formação.

Quanto à participação em eventos do Departamento, procuram acompanhar, embora nem sempre consigam se organizar para tanto. Os temas atuais da clínica, o contato com analistas estrangeiros através de palestras, as apresentações de caso (Inquietações da Clínica) e jornadas (feminino, formação) são apontadas como oportunidades valiosas de discussão clínica e teórica. Paula ainda acrescenta que considera muito construtiva a participação nos eventos dos alunos, com a exposição de suas produções.

A temática do feminino foi apontada com campo de interesse de Marianna e Déborah, que gostariam de participar de algum grupo de discussão. Também são mencionadas a reflexão sobre psicanálise e cultura e a psicossomática como áreas possíveis de estudo. O interesse em ingressar como membro ainda não é claro para Déborah, que tem como prioridade no momento dar conta do curso e estágio. Marianna tem intenção de se inscrever como membro aspirante assim que terminar o ano. Para Paula, a idéia de pertencer a grupo psicanalítico de troca e produção constantes permanecerá depois do fim do curso, portanto considera a possibilidade de, futuramente, candidatar-se a membro do Departamento.

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(1) Cristina Barczinski é psicanalista, aluna do 3º ano do Curso de Psicanálise e membro da equipe editorial do Boletim Online..



 
 
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