RITA CARDEAL (1)
A Clínica do Sedes realizou seu 2° tempo de Jornada: tempo de debates. Nos dias 31/11 e 01/12/2008, os profissionais da Clínica apresentaram seus trabalhos, receberam convidados que estavam interessados em discutir, conhecer e debater o trabalho que se realiza na Clínica, assentaram idéias e fazeres, deram a ver dificuldades e conflitos, caminharam novos passos.
Com um programa extenso, que contemplou vertentes da história da Clínica, suas diferentes formas de organização e gestão ao longo desse tempo, e com seus complexos dispositivos favorecedores do fazer clínico, esta jornada trouxe informações, interrogações e perplexidade a muitos em relação ao que ocorre nesta Clínica.
Na riqueza e diversidade dos relatos foram surgindo as histórias: a Clínica que surgiu fazendo parte de uma faculdade, a passagem de uma Clínica-Escola para uma Clínica de Serviços e, principalmente a atualidade de uma equipe de terapeutas que, com seus estagiários, procede as mais diversas ações clínicas.
Da recepção à escolha do melhor encaminhamento e tratamento, ouvimos as clínicas da Clínica: profissionais que recebem as demandas, que trabalham com dispositivos que contemplam as subjetividades, que buscam desde a chegada interrogar e implicar o sujeito, e que fomentam o convívio e a interlocução entre as diferentes teorias sobre o fazer clínico. Na Clínica existem estagiários que vêm dos diversos cursos do Instituto, de diferentes abordagens teóricas - e, consequentemente, diferentes propostas para a ação clínica.
Uma clínica que está sempre aberta a questões que implicam receber, tratar, encaminhar e pensar os sintomas deste contemporâneo, e aprendendo a ler nestes sintomas as mudanças que este mesmo contemporâneo nos mostra.
Uma clínica ampliada que, do procedimento clínico no divã à visita a um adolescente abrigado, põe o acento no plural da diversidade: uma instituição que acolhe o diferente, que acolhe o conflito, não para obturá-lo, mas para fazê-lo falar.
Uma clínica que convive com a medicação e a contempla, mas se une em torno de movimentos contra a medicalização, esta forma tão corriqueira, nestes nossos tempos, de tratar a dor de existir.
Uma clínica que faz redes e se faz sobre uma rede: a rede de um Projeto Clínico-Ético-Político que, implantado em 1992, e, hoje, já devidamente integrado em todas as ações, aponta direções e faz andar.
A Clínica nos mostrou que está amadurecida após tantos anos de trabalho com e na comunidade Sedes, com e na comunidade mais ampla.
E, se há um tempo de concluir, este surge em uma clínica desdobrada nos diferentes e complexos fazeres clínicos apresentados. Trabalhos à mostra para pensar, propor, elaborar, criticar, repensar... A Clínica já mudou, está aberta a mudanças, transversaliza os saberes que circulam pelos cursos, pelos departamentos, pelo Sedes. Circulam pela Clínica as transferências múltiplas daqueles que a procuram para tratamento, dos que por ela passam querendo formação, dos que ali trabalham ou simplesmente dos que dela têm notícias como a "Clínica do Sedes".
Os impasses, as divergências, os desníveis sempre se renovam, não acabam. A Clínica está viva e pronta para se transformar em uma referência no campo da Saúde Mental.
08/11/2008
CONFIRA A PROGRAMAÇÃO DO SEGUNDO TEMPO DA JORNADA DA CLÍNICA
31/10, 6ª FEIRA: Mesa de Abertura: Políticas de Clínica, de Formação e de Medicação na Clínica Psicológica do Instituto Sedes Sapientiae.
Expositores: Fátima Vicente*, Edson Miyahara, Maria Ângela Santa Cruz*.
Coordenadora: Maria Silvia Bolguese*.
Observador: Antonio Lancetti.
Debatedores: Maria Cristina Ocariz*, José Fonseca, Maria Zeneide Monteiro.
01/11, sábado: Mesa 1: Dispositivos clínicos de entrada.
Expositores: Cláudia Justi Monti Schönberger*, Cristina Herrera, Norka Bonetti.
Coordenadora: Alessandra Sapoznik*.
Observadora: Maria Laurinda Ribeiro de Souza*.
Debatedores: Maria do Carmo Vidigal Meyer Dittmar, Rita Cardeal*, Terezinha Tomé Baptista.
Mesa 2: Dispositivos na clínica ampliada.
Expositores: Márcia Mendes*, Andréa Paes Favalli, Deborah Sereno.
Coordenadora: Márcia Regina Porto Ferreira.
Observador: Moisés Rodrigues da Silva Jr.*.
Debatedores: Pedro Mascarenhas, Heidi Tabacof*, Sérgio Maida.
Mesa 3: Práticas Psicoterápicas na Clínica do Sedes.
Expositores: Maria Lúcia Calderoni*, Maria Antonieta Whately*, Maria Ângela Santa Cruz*.
Coordenadora: Martha Serôdio Dantas.
Observadora: Silvia Leonor Alonso*.
Debatedores: Maria Elisa Labaki*, Ana Maria Soares, Selma de Souza Bastos.
Mesa de Encerramento: Encerramento comentado da Jornada.
Antonio Lancetti, Maria Laurinda Ribeiro de Souza*, Moisés Rodrigues da Silva Jr.*, Silvia Leonor Alonso*. Coordenadora: Fátima Vicente*.
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(1) Rita Cardeal é psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, onde trabalha na Comissão de Admissão, da qual é representante no novo Conselho de Direção do Departamento de Psicanálise. É coordenadora e docente do curso de especialização Adolescência e Juventude na Contemporaneidade: suas instituições e sua clínica e representante do Núcleo de Cursos no Conselho de Direção do Instituto Sedes Sapientiae.
* Membros do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae.