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    JORNAL DIGITAL DOS MEMBROS, ALUNOS E EX-ALUNOS
    08 Abril de 2009  
 
 
NOTÍCIAS DO CAMPO PSICANALÍTICO

Nosso Departamento e o movimento Articulação: porque não regulamentar a profissão


ANA MARIA SIGAL (1)


No mês de dezembro de 2008, tivemos uma reunião de Articulação na qual se fecharam as últimas questões em relação ao livro que já está quase pronto para ser veiculado e cujo titulo será

OFÍCIO DO PSICANALISTA:
FORMAÇÃO versus REGULAMENTAÇÃO


Este livro demorou muito tempo para ser elaborado porque cada tema implicava grandes discussões que nos permitissem chegar a acordos, nos quais todas as instituições que formam parte da Articulação estivessem confortáveis. Primeiro se escolheu uma comissão para organizar o livro, em que todos os colegas são do Rio de Janeiro, pois são a maioria nos nossos encontros. A razão foi a oportunidade de fazerem encontros com mais facilidade.

Num primeiro momento se escolheram os temas e se propôs às diversas instituições escreverem sobre determinadas questões de forma aleatória. Em cada capítulo participariam três instituições, num trabalho conjunto. Depois de grandes discussões viu-se a impossibilidade de que isto fosse realizado, as pequenas e as grandes diferenças eram insuperáveis, de fato seria mais interessante que cada instituição escrevesse "em nome próprio". Trabalhos prontos foram desmanchados e grandes discussões epistemológicas, ideológicas e de escolas apareceram como barreiras para um trabalho comum. Assim foi que se resolveu que cada participante escreveria um trabalho e este poderia ser publicado como representando a instituição a que pertence, com a assinatura do autor ou poderia ser assinado em nome próprio sem representação da instituição.

Depois de discutida no Conselho de Direção do Departamento de Psicanálise, nossa opção foi a de que se escrevesse um trabalho, e este seria discutido com uma comissão designada pelo Conselho para aceitá-lo como representando a instituição. Esta foi a escolha da maioria das instituições. Formaram parte desta comissão: Silvia Alonso, Flavio Ferraz, Nelson da Silva Junior e eu. Tivemos algumas reuniões nas quais foi discutido meu trabalho, que foi encaminhado para a Articulação.

A elaboração da introdução foi feita por Sonia Alberti que, em função dos trabalhos apresentados, conseguiu mostrar de forma preciosa o espírito de nosso movimento. O texto foi discutido por todos e democraticamente se aceitaram as diferentes sugestões.

Gostaria de ressaltar que esta proposta da Articulação é inédita. Conseguir uma convivência encontrando como horizonte possível os acordos mínimos, mas criando um espaço de interlocução de psicanalistas das diversas escolas, realmente é muito enriquecedor e permite-nos entender o panorama do campo psicanalítico no momento atual. A maioria das instituições representadas é lacaniana. Nosso Departamento se caracteriza por se apresentar como uma instituição que tem em Freud sua viga mestra, e temos enfrentado grandes polêmicas que sem dúvida foram enriquecedoras para todos. Os Departamentos de Psicanálise e de Formação em Psicanálise do Sedes são, na atualidade, as únicas instituições paulistas com representação continuada, há 9 anos. A Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP) é representada pela Febrapsi (Federação de Sociedades de Psicanálise, ligadas a IPA).

O índice do livro fala dos temas abordados e das instituições presentes:

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO
Sonia Alberti
Escola de psicanálise dos fóruns do campo lacaniano

PRIMEIRA PARTE: HISTÓRIA
A articulação das entidades psicanalíticas brasileiras
Wilson Amendoeira
Federação Brasileira de Psicanálise

História das tentativas de regulamentação no Brasil
Edson Soares Lannes
Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro

Uma ação no Congresso Nacional
Maria Ida Fontenelle
Associação Psicanalítica de Porto Alegre ePercurso Psicanalítico de Brasília
Vania Otero
Percurso Psicanalítico de Brasília

As reuniões da Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras
Maria Mazzarello Cotta Ribeiro e Anchyses Jobim Lopes
Círculo Brasileiro de Psicanálise

SEGUNDA PARTE: O QUE ESTÁ EM JOGO, HOJE?
A psicanálise é leiga: da formação do psicanalista
Letícia Balbi, Mauricio Lessa e Paulo Becker
Escola Letra Freudiana

A psicanálise é leiga
Abílio Luiz Canelha Ribeiro Alves e Luciana Abi-Chahin Saad
Escola Lacaniana de Psicanálise - RJ

Leiga por rigor: o que é impossível regulamentar na psicanálise?
Luciano Elia
Laço Analítico Escola de Psicanálise

A regulamentação, a psicanálise e as psicoterapias
Maria Idália de Góes, com a colaboração de Eduardo de Carvalho Rocha e Fernanda Costa-Moura
Tempo Freudiano Associação Psicanalítica

Regulação e perversão
Maria Cristina Perdomo e Maria Helena Saleme
Departamento Formação em Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae

TERCEIRA PARTE: PSICANÁLISE, CIÊNCIA E RELIGIÃO
Psicanálise, ciência e religião
Antonia Portela Magalhães
Práxis Lacaniana/Formação em Escola

Ao redor da ciência e da religião
Romildo do Rêgo Barros
Escola Brasileira de Psicanálise

QUARTA PARTE: PSICANÁLISE NA UNIVERSIDADE
A formação analítica não ocorre na universidade
Rita Franci Mendonça
Centro de Estudos Lacanianos - Instituição Psicanalítica/RS

Entre ensinar psicanálise e formar psicanalistas
Ana Maria Sigal
Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae

A psicanálise na universidade
Denise Maurano
Corpo Freudiano Escola de Psicanálise

APÊNDICE
Manifesto de entidades brasileiras de psicanálise
Manifesto das entidades psicanalíticas brasileiras
Pós-escrito de "A psicanálise leiga" (Freud, 1927). Tradução de Eduardo Vidal, Escola Letra Freudiana
Entrevista sobre a Articulação, publicada na França

O Conselho de Direção, em nossa última reunião, resolveu comprar 200 exemplares a preço de custo para entregar a seus membros porque considera que o mais importante é poder difundir estas idéias. Cada psicanalista precisa assumir esta batalha para manter o oficio de analista dentro de um campo próprio, sem ingerências do Estado.

Sabemos que esta discussão está instalada desde a época de fundação da psicanálise e que, à medida que avançam os interesses econômicos e de poder, o círculo vai se fechando. Na França, um grupo unido conseguiu adiar mais uma vez a tentativa de regulamentar a psicanálise, se bem que se regulamentaram ultimamente as psicoterapias. Há caminhos possíveis para manter a autonomia e só estando unidos os psicanalistas das diferentes escolas e instituições poderão se fortificar.

Em março deste ano tivemos nosso último encontro, durante o qual surgiu a idéia de diminuir o número de reuniões e de realizá-las só quando existisse uma necessidade. Muitos participantes discordamos da idéia por pensar que isto poderia provocar uma desmobilização e a proposta foi manter dois encontros por ano, mas já surgiram novas questões e o próximo encontro se realizará no mês de junho.

Cada instituição continuará trabalhando para ampliar e discutir as questões que são de interesse de todos. Este é um relato que não contempla todas as questões, mas, se algum membro estiver especialmente interessado, temos possibilidade de passar a ata completa que nos é enviada, transcrita na íntegra pela Articulação.

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 (1) Ana Maria Sigal é psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, professora do Curso de Psicanálise, co-coordenadora do curso Clínica Psicanalítica: Conflito e Sintoma, representante do Departamento de Psicanálise no Movimento Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras e articuladora de Formação Contínua do Conselho de Direção na gestão 2008-2010.

 




 
 
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