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    JORNAL DIGITAL DOS MEMBROS, ALUNOS E EX-ALUNOS
    09 Junho de 2009  
 
 
NOTÍCIAS DO DEPARTAMENTO

Lançamento do Guia do Departamento de Psicanálise


CRISTINA BARCZINSKI(1)

A apresentação do Guia. Foto de Antonieta Whately.

No dia 14 de maio, houve no Sedes o evento de lançamento da primeira edição do Guia do Departamento de Psicanálise (2008-2009). Foram muitos os presentes, entre professores, alunos e membros do Departamento, assim como convidados externos. De distribuição gratuita, os exemplares do Guia impressionaram a todos por sua excelente qualidade gráfica e clareza na organização. Fazendo jus ao enorme cuidado com que o Guia foi elaborado, o evento foi organizado também com bastante capricho pela comissão composta pela equipe do Guia e pelas articuladoras das áreas de Eventos, de Administração e Tesouraria e de Publicações, com direito a um excelente coquetel e ótima trilha sonora, o que tornou ainda mais festiva a ocasião.

O Guia foi resultado da necessidade detectada entre membros, alunos e ex-alunos, de um instrumento que tornasse possível a compreensão da estrutura do Departamento e dos diferentes grupos de trabalho e áreas que este integra, de forma a esclarecer as diversas oportunidades de inserção e participação em suas atividades. A partir desta demanda, Natalia Gola, Mario Fuks e Sílvia Nogueira, da área de Publicações, conceberam o Guia, num trabalho minucioso que envolveu um tempo considerável de leituras e consultas aos próprios membros do Departamento. Este processo deu ao Guia um caráter essencialmente dinâmico e facilitou enormemente as futuras próximas edições.

Seguem abaixo as falas dos integrantes da equipe editorial, apresentando pontos de vista diferentes e, ao mesmo tempo, complementares sobre o processo de elaboração do Guia, o que possibilitou à platéia do auditório lotado ter uma idéia bastante fiel do comprometimento e da forma de trabalhar da equipe. Leonor Rufino, articuladora da área de Eventos, fez a apresentação, ressaltando o caráter de "mapa da mina" do Guia e de sua importância para o Departamento enquanto espaço de transmissão da psicanálise. Ver as diferentes áreas e grupos de trabalho retratados nesta bela publicação provoca, segundo Leonor, a emoção de constatar o crescimento do Departamento de Psicanálise, a partir das diversas frentes de discussão e produção teórica, assim como da fértil interação com outras instituições.


FALAS DE APRESENTAÇÃO DA EQUIPE EDITORIAL

MARIO PABLO FUKS(2)


Prezados companheiros, colegas e amigos:

Hoje, num marco que quisemos que fosse de festa, fazemos a entrega do Guia do Departamento de Psicanálise do ISS a seus membros, aos alunos dos cursos regulares organizados e ministrados pelo Departamento, aos representantes da Diretoria, dos outros departamentos do ISS, do Conselho de Direção do Instituto, dos Núcleos e Centros e a todos os que não são do Sedes mas que, ao longo de nossa caminhada, se tornaram nossos parceiros ou nossos amigos, ou ambas as coisas.

Com esse ato, culmina a realização de um projeto iniciado durante a gestão precedente do Conselho de Direção, na qual desempenhei a função de articulador da área de Publicações, que foi a que teve a seu cargo a produção do Guia. Como diz o Editorial, esta publicação está destinada a mostrar a composição e estrutura de funcionamento do Departamento e visa favorecer o conhecimento de possibilidades de pertinência, inserção ou participação nas atividades, auxílio nas tarefas de organização e coordenação, consultas, convites, propostas de trabalho e estabelecimento de parcerias.

Insere-se no contexto de políticas que têm dado prioridade à construção de novos canais de comunicação, de transmissão de informação e de promoção de dispositivos que favoreçam a interlocução. Responde a um anseio, presente desde anos atrás, de diversificar os perfis editoriais das publicações, o que facilitaria a veiculação dos trabalhos singulares de indivíduos e grupos, aumentando as possibilidades de troca e visibilidade e introduzindo tecnologias novas como a internet.

Assim surgiu também o Boletim Online, concomitantemente ao surgimento do projeto do Guia. Os dois foram aprovados na mesma sessão do Conselho em abril de 2007. O Boletim começou a funcionar em junho daquele ano e já vai pelo número 8.

A essa altura já estava formado, na área de Publicações, o núcleo de um grupo de trabalho que foi crescendo, constituído por pessoas com diferentes graus de inserção. Alguns com muitos anos de história, outros mais jovens: ex-alunos com um grau importante de participação nas atividades - que estavam processando ou a caminho de processar sua inclusão como membros - e também alunos.

Um subgrupo desse grupo, formado por nós três, se constituiu como Equipe Editorial do Guia. E já em 22 de Junho de 2007, no primeiro número do Boletim Online, foi noticiada a preparação do mesmo(3).

Quero ressaltar que ao longo do trabalho houve, por parte da equipe, um importante grau de implicação com a tarefa. Acho que estava associada à posição estrutural em que cada um de nós se encontrava. A curiosidade e a determinação com que minhas colegas encararam a coleta de informação, a habilidade para penetrar nos meandros de uma estrutura organizativa, de questionar certas evidências, indagar sobre pontos ambíguos e obscuros, as contradições, o não explicitado, foi surpreendente. De meu lado, estava em jogo a identificação com uma história, a memória e a experiência. Diversos pontos foram debatidos em forma exaustiva, mas também frutífera.

A análise da implicação de cada um se aproxima de um trabalho analítico. A capacidade, frente a cada esclarecimento, para pensar em seguida em uma forma de redigi-lo ou de lhe dar uma representação em imagens, através de diagramas e mapas conceituais, se parece com uma construção.

A opção por essa composição do pequeno grupo que organizou o Guia foi feliz, quase providencial. O valor do olhar dos que estão chegando, o que vêem e o que perguntam, é reconhecido pela análise institucional. É equivalente às perguntas das crianças no contexto familiar, tão bem identificado pela psicanálise. Finalmente, acho que o que aconteceu, também, foi uma experiência de transmissão geracional - isso que é tão pouco freqüente nos tempos atuais.

No andamento desse tipo de trabalho se faz presente, de diversas maneiras, o prazer da criação lúdica, poética, estética assim com a afirmação de valores éticos e políticos. Descobrem-se aliados, se desenvolvem parcerias, psicanalíticas e não psicanalíticas, intra e extra-institucionais. Nesse sentido, a incorporação da gravura de León Ferrari na elaboração da capa representou um papel incrível.

Vê-se que esses dispositivos vão tendo funções que vão além da comunicação e da informação. Um ponto fundamental tem a ver com a construção de uma visão de conjunto do Departamento e o desenvolvimento do sentido de pertinência ao coletivo.

O Guia se insere nessa perspectiva e tem antecedentes importantes na gestão anterior à nossa. Refiro-me principalmente à produção do livro da História do Departamento(4), mas também ao nº 35 da Revista Percurso, dedicado a homenagear os 20 anos do mesmo, em 2005. Ambos foram fonte de estímulo, de inspiração e de informação para a elaboração do Guia.

São produções que possibilitam o processamento do que é múltiplo, diverso, heterogêneo e, em última instância, complexo, do que requer flexibilidade e capacidade para encarar o conflito. Auxiliam na superação das vivências penosas derivadas de um imaginário referido ao coletivo, polarizado entre fantasias de fragmentação e vivências ilusórias de unidade fusional, do tipo do sentimento oceânico, aptas para produzir um efeito de claustrofobia, o que fazia Freud exclamar, no final do ensaio, citando Schiller: "Felizardo aquele que respira na rósea luz do dia"(5).

O livro sobre a História do Departamento mostra como foi configurando-se o Departamento e como chegou a produzir sua conformação atual. O Guia mostra, em um corte horizontal, como se produz o Departamento no dia a dia, mês a mês, ano a ano. São leituras que se complementam.

Quero concluir com algumas idéias a respeito do Departamento, que escrevi num artigo para o número mencionado da revista Percurso. Não são algo que resgato agora, me acompanharam ao longo de todo o trabalho:

"O departamento está constituído por um conjunto de grupos diferenciados que assumiram, cada um, o desenvolvimento de um projeto em uma área específica da produção de psicanálise. A maior parte deles tem já um significativo caminho percorrido, um produto para mostrar e uma história para contar. Um dos indicadores do crescimento desses grupos tem sido sua capacidade para promover espaços de interlocução, estudo e debate a partir de sua produção. A reformulação organizativa do departamento, priorizando as funções de articulação, facilitou a criação de dispositivos e espaços coletivos nos quais se produz psicanálise, formação permanente, modos específicos de ação sobre a realidade, reconhecimento recíproco e construção de sentido histórico"(6).

"O sentido histórico é o de pertencimento ao conjunto das relações humanas em que ganham significação as singularidades dos indivíduos e dos grupos. Se o entendemos como uma construção que só pode emergir e intensificar-se a partir de relações ativas e simbolizantes com os outros - o que a psicanálise não só ratificou, mas aprofundou - tendo a pensar que tornar possível essa construção é uma das qualidades do projeto que nos anima ao longo do tempo. Falo de relações ativas pensando principalmente nas que envolvem uma ação conjunta sobre uma realidade que nos concerne, e penso que são simbolizantes porque fazemos uma elaboração singular de nossa experiência através de uma criação comunicável aos outros, produzindo efeitos de reconhecimento recíproco"(7).

No caminho que assim percorremos, também se fazem presentes o prazer da criação lúdica, estética, ética e política, como vimos anteriormente.

SÍLVIA NOGUEIRA DE CARVALHO(8)

Depois de tanto escrever, escrevi ainda uma espécie de nota de rodapé à apresentação desta 1ª edição do Guia que agora chega às mãos de todos vocês. Diz assim:

Após incontáveis páginas lidas, telas escritas, conversas feitas, mapas desenhados, telefonemas e e-mails trocados, reuniões, cafés e jantares partilhados, os dois anos transcorridos entre maio de 2007 e maio de 2009 deixaram em nós, da Equipe do Guia, a marca da cotidiana amizade. Tomada como uma política, a experiência compartilhada permitiu-nos contar com diversos outros colegas que nos deram suporte na realização deste projeto criativo:

1. Os articuladores - Claudia Paula Santos, Daniela Danesi, Denise Cardellini, Fátima Milnitzky, Flávio Ferraz, Lucía Barbero Fuks, Maria Antonieta Whately, Maria Auxiliadora Arantes, Silvia Leonor Alonso e Tera Leopoldi - que, com o professor Mario Fuks, compuseram a gestão 2006-2008 do Conselho de Direção e, no desejo de algo novo, aprovaram o projeto inicial do Guia - apresentado em abril de 2007 na companhia de Lia Pitliuk -, apoiaram os diversos passos de sua realização e principalmente receberam de maneira profundamente calorosa o boneco do Guia montado ao final de agosto de 2008;

2. Os interlocutores - Ana Maria Sigal, Cida Aidar, Lucía Barbero Fuks, Tiago Matheus, Alessandra Sapoznik, Silvia Leonor Alonso, Eloisa Lacerda, Márcia de Mello Franco, Sérgio Telles, Paulo Jeronymo, Renato Mezan, Elaine Armênio e Susan Markuszower - que, assim como o colega Mario Fuks, nos remeteram sugestões, correções ou confirmações dos textos produzidos sobre as formações grupais que representam;

3. Os colegas do Boletim Online - Cristina Barczinski, Manuela Moreno e Rubia Delorenzo - queridos companheiros na consolidação de dispositivos criativos de comunicação coletiva e de transmissão de informações;

4. Os articuladores do Conselho de Direção da atual gestão 2008-2010, representados na cuidadosa organização deste lançamento por Leonor Rufino, da Área de Eventos, Maria Elisa Pessoa Labaki, da Área de Publicações e Maria Antonieta Whately, da Área de Administração e Tesouraria.

Essa festa também brinda aos nossos muito bons encontros com os três parceiros cujo trabalho possibilitou o desenvolvimento do projeto gráfico do Guia:

Celso Longo, do estúdio Imageria, cuja sobriedade e inteligência sensível nos levaram a dar vida ao nosso "boneco" e a aprender uns tantos elementos de comunicação visual;

Annita Costa Malufe, cujo trato amoroso com as palavras possibilitou uma revisão sutil de nosso texto e a indicação precisa dos três grandes capítulos nele identificados;

León Ferrari, o artista argentino de renome internacional que abriu as portas de seu atelier ao amigo Mario Fuks para acolher o pedido de reprodução da imagem Sem título, de 1983, que figura na capa de nosso Guia:

"Ondas de homenzinhos que se adensam numa direção comum, revoada de pássaros que traça novos movimentos"(9). Eis as palavras com as quais formulo, a um só tempo, minha leitura da imagem da capa do Guia e meu desejo a este hospitaleiro Departamento.

NATALIA GOLA(10)

Gostaria de falar sobre o prazer de ter percorrido com Mario e Sílvia um caminho de descobertas dentro do Departamento. Digo descobertas porque, realmente, creio que talvez poucos tenham noção da estrutura e da vida que circula e faz o Departamento existir.

Quando Mario me convidou para fazer parte da Área de Publicações, logo me entusiasmei com a elaboração de algo que, num primeiro momento, chamamos de Manual. Falamos sobre a necessidade de fazer um material que fosse um raio X do Departamento, que mostrasse como é formado estrutural e politicamente e que, principalmente, apresentasse a quem se interessasse todas as possibilidades de inserção e participação nesta instituição.

Identifiquei-me com o projeto pois, desde os tempos de aluna tentava, junto com alguns colegas, saber mais sobre o tal Departamento de Psicanálise. Professores, ex-alunos e funcionários da Secretaria davam suas contribuições: "tem um grupo sobre o Feminino... acho que se reúne às quintas-feiras... acho que pra entrar tem que falar com fulano...". Às vezes as informações eram mais completas, outras, nem tanto, mas havia um problema básico na comunicação: quem perguntava, também não sabia direito o que perguntar, afinal, entender o que é o Departamento não é simples. Por onde começar a saber? Quem respondia, também não tinha a idéia do todo. Muitas coisas acontecem em pequenos grupos, em dias e horários diferentes... Sempre as informações eram parciais.

Mesmo entrando num grupo de trabalho, continuava a não saber sobre todo o "resto". Vamos tendo notícias, principalmente quando os grupos se organizam em jornadas, colóquios e qualquer outra forma de apresentação pública de produções de cada formação grupal. Porém estava faltando um agrupamento de informações, organizado e sistematizado, sobre tudo o que se faz dentro do Departamento.

Colocar a mão na massa, ler o livro da História do Departamento (trabalho maravilhoso de recuperação da história do Departamento como um todo e de cada grupo de trabalho), a Percurso n°35 e os diversos materiais que os articuladores das 9 áreas e os interlocutores dos 17 grupos de trabalho e pesquisa foram nos enviando, nos fez ter calorosas discussões em que os que estavam olhando pela primeira vez algum material perguntavam os porquês àquele que já o conhecia de longa data, mas que, através do olhar curioso e às vezes ingênuo destes outros, se via repensando alguns assuntos.

Nesse encontro de gerações distintas se fez o Guia do Departamento de Psicanálise, resultado de um trabalho de investigação, compreensão e síntese, que esperamos que seja um novo e estimulante instrumento de consulta e de entrada para este nosso espaço compartilhado.

Por último, só para lembrar que o que nos faz estar nesta instituição é a vontade de pensar, dialogar, discutir, compartilhar, aprender, respeitar... O Guia serve para que tudo isso continue a acontecer, só que agora com maior visibilidade e acessibilidade para todos.

Espero que possam "fuçar" bastante e se entusiasmar como nós nos entusiasmamos durante estes dois anos.
Bom proveito.

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(1) Cristina Barczinski é psicanalista, aluna do 4º ano do Curso de Psicanálise e membro da equipe editorial do Boletim Online.

(2) Mario Pablo Fuks é psicanalista, membro e professor do Departamento de Psicanálise e membro das equipes editoriais do Boletim Online e do Guia do Departamento de Psicanálise (2008-2009).

(3) Ver Gola, N. "Um Guia para o Departamento de Psicanálise", Boletim Online, nº. 1, 22-06-2007.

(4) Cytrynowicz, M.M. e Cytrynowoicz, R. História do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae - São Paulo: Narrativa Um, 2006.

(5) Freud, S. "El malestar en la cultura" (1930), Obras completas, Amorrortu, v. 21, p. 73. (trad. livre).

(6) Fuks, M. P. "Um caminho percorrido, uma história para contar", Percurso, nº 35, p. 17.

(7) Idem, p. 12.

(8) Sílvia Nogueira de Carvalho é psicanalista, membro do Espaço Brasileiro de Estudos Psicanalíticos, da equipe clínica de Projetos Terapêuticos e das equipes editoriais do Boletim Online e do Guia do Departamento de Psicanálise (2008-2009).

(9) Nogueira de Carvalho, S. "Leon Ferrari dispõe imagem para capa do Guia do Departamento de Psicanálise", Boletim Online, no. 8, abril de 2009.

(10) Natalia Gola é psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise e das equipes editoriais do Boletim Online e do Guia do Departamento da Psicanálise (2008-2009).

 




 
 
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