EQUIPE DO PROJETO A/B
Após o falecimento da Luciana, muitas pessoas nos perguntaram sobre quem era ela.
E a verdade é que dar uma resposta a essa pergunta é impossível.
Mas mesmo assim, sentimos a necessidade de compartilhar quem foi a Luciana que conhecemos, ou seja, quem foi a Luciana para esse grupo[1], que teve o privilégio de trabalhar junto com ela ao longo de vários anos.
Poderíamos nos deter aqui somente em seu percurso profissional, mas isso seria muito pequeno diante das marcas que ela nos deixou.
A Lú chegou ao nosso grupo trazida pelas mãos de uma grande amiga[2], e essa maneira de chegar já fala do lugar que o afeto teve ao longo do tempo em que esteve conosco.
Ela era uma pessoa intensa e cheia de vida, e isso se fazia notar na maneira como defendia suas idéias, seu pensamento clínico, em como falava e vivia seu cotidiano com suas filhas, Lia e Clara, seu marido José Marcos e sua incrível família.
Ela era forte sem a intenção de impressionar. E essa era uma de suas qualidades mais admiráveis.
Outra, era sua potência como analista.
Partiu dela a idéia de que o Projeto precisava investir em uma rede de parceiros extra-institucionais, em espaços que propiciassem aos pacientes um lugar de exterioridade em relação ao próprio sintoma.
Talvez tenha sido ela, entre todos os membros do Projeto, quem mais fez multiplicar seu pensamento clínico sobre o tema das patologias alimentares em tão pouco tempo. Debateu vinhetas de um atendimento no Inquietações da Clínica, apresentou um belo artigo no evento Tramas e Dramas na Problemática Alimentar, escreveu um texto que foi publicado em um blog para jovens[3], entre outros.
Pudemos acompanhar de perto a coragem e enorme vontade de viver de Luciana em seu longo e penoso tratamento.
Incrível capacidade de se fazer presente (e temos certeza que isso não se deu somente conosco) nos momentos nos quais teve que se ausentar.
Sempre dava um jeito de mandar notícias de como seguia o tratamento e, às vezes, as trazia pessoalmente.
Assim, de repente, nos surpreendia e nos brindava com sua presença no meio de uma reunião. E o que mais nos impressionava é que ela manteve, durante todo esse tempo, sua ligação com o grupo, participando, quando se sentia mais forte, das discussões clínicas e sugerindo novos projetos.
Nossa querida amiga e parceira de trabalho, Luciana Geyer Kopelman Thalenberg, faleceu no dia 27 de novembro de 2009.
Que mais podemos querer, depois desse exemplo de alguém que durante todo esse tempo de doença reafirmou a sua escolha pela vida?
Apesar de todo o vazio que sentimos pela ausência da Lú, ela não poderia ter nos deixado maior legado.
[1] Projeto de Anorexias e Bulimias do Departamento de Psicanálise Clínica Psicológica
[2] Soraia Bento Gorgati
[3] http://www.jornaljovem.com.br/edicao15/convidado04.php