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    JORNAL DIGITAL DOS MEMBROS, ALUNOS E EX-ALUNOS
    17 Junho de 2011  
 
 
NOTÍCIAS DO DEPARTAMENTO

Ciclo de debates Psicanálise em trabalho 2011




Amplamente divulgado, o ciclo Psicanálise em trabalho foi iniciado em 14 de abril, com a abertura proferida por Cida Aidar, articuladora da área de Cursos no Conselho de Direção do Departamento e com a apresentação da proposta realizada por Lucía Barbero Fuks, co-organizadora do ciclo. Da decoração elegante - composta por flores e cartazes das publicações do Departamento de Psicanálise - à diversidade do público presente, da concisão das apresentações dos debatedores à precisão da coordenação da mesa, do alcance das contribuições apresentadas à serenidade dos comentários subsequentes, o êxito daquela noite pode ser conferido através da publicação das falas de abertura e de apresentação, assim como dos resumos dos trabalhos de Decio Gurfinkel, Flavio Carvalho Ferraz e de Miriam Chnaiderman

ABERTURA

CIDA AIDAR(1)

Hoje sinto-me duplamente em casa: como representante do Conselho de Direção, onde sou articuladora da área de Cursos, e como professora do Curso de Psicanálise, meu lugar de entrada e de inserção no Departamento.

Nosso curso tem 35 anos de vida e deu origem ao Departamento; a história de um está entramada na história do outro, tendo como consigna o binômio autonomia e articulação. As marcas de fundação seguem como referência fundamental: transmitir e praticar a psicanálise em trabalho, comprometida com seu tempo e lugar, longe das cristalizações que paralisam a escuta e a livre associação. Para nós, a psicanálise situa-se no campo da ética e isso orienta nossa conduta. Cada analista é singular em sua formação, em sua prática, na escolha de sua análise.

A transmissão, a pesquisa e a formação permanente são eixos fundamentais do Curso e do Departamento. Queremos manter vivo o legado de Freud: sua forma de pensar e pesquisar, de não recuar frente às enormes dificuldades de construção da metapsicologia, de mudar o rumo se assim fosse necessário à construção da teoria.

Através de nossa prática, reafirmamos o conceito da associação livre - da memória associativa, essa grande descoberta de Freud. Manter nossa herança viva, à maneira de Derrida em sua conversa com Roudinesco:

"(...) a melhor forma de ser fiel a uma herança é a de ser-lhe infiel, isto é de não recebê-la ao pé da letra, como uma totalidade, mas mais que tudo de tomá-la na falta (...) Eu me sinto herdeiro, fiel tanto quanto possível(...) É por que a idéia de herança implica não somente reafirmação(...) mas a cada instante, num contexto diferente, uma filtragem, uma escolha, uma estratégia. Um herdeiro não é somente alguém que recebe, é alguém que escolhe e que tenta decidir (reflexivo no francês: s'essaie à décider)"(2).

Nessa perspectiva, nosso Departamento renova-se e mantém a psicanálise viva. É um espaço amplo de discussões coletivas, lugar de encontro e pertinência.

Nesse espaço, o Curso mantém sua força germinal e é um dos pólos fundamentais de transmissão. Centramos nosso programa na leitura da obra fundadora de Freud porque, como toda obra clássica e aberta, dissemina e irradia para a imensa produção pós-freudiana, como teremos oportunidade de acompanhar nesse ciclo. Teremos a oportunidade de discutir e refletir sobre o trabalho dos professores do Curso com os alunos, com os colegas do Departamento e com o público que vem de outros espaços e pertinências.

A mesa de hoje - que inaugura esse ciclo de debates - é uma feliz ocasião para falar sobre a psicanálise viva que praticamos e transmitimos. Como trabalhamos hoje com os sonhos? Como (re)criar a partir dessa obra maravilhosa e fundante que é A Interpretação dos Sonhos? Um bom começo para a apresentação de nossas ideias!

(1) Psicanalista. Membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, professora do Curso de Psicanálise e articuladora da área de Cursos no Conselho de Direção na gestão 2010-2012.
(2) In De quoi demain...Dialogue. Derrida e Roudinesco, cap. 1: "Choisir son heritage".




 
 
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