NELSON DA SILVA JUNIOR (1)

Argumentando contra a tendência geral dos psicanalistas a idealizarem a sublimação, buscamos demonstrar que essa não era a posição de Freud. Em seu pensamento, a sublimação sempre esteve relacionada à etiologia de patologias do psiquismo. Contudo, as modalidades desta relação são diferentes, e acompanham as profundas mudanças que marcaram seu pensamento sobre a cultura ao longo do tempo. Analisamos dois tipos de iatrogênese da sublimação explicitados por Freud: aquele ligado ao excesso de exigência de sublimação cujo caráter é contingente à cultura, e cujos efeitos seriam as neuroses atuais e as psiconeuroses, e aquele ligado à desfusão pulsional, de caráter necessário, e cujo efeito seria o masoquismo moral. Concluímos nosso trabalho analisando um terceiro tipo de efeito iatrogênico, ligado ao masoquismo erógeno, e característico da cultura ocidental atual.

COMPLEXO DE ÉDIPO

ALCIMAR ALVES DE SOUZA LIMA (2)

Nesse Ciclo de Debates desenvolvo o conceito de Complexo de Édipo como Desdobramento.

Utilizo de três momentos: Édipo Rei, de Sófocles (427 a.C.), Os Anos de Aprendizado de Wilhelm Meister, de Goethe (1795), e o filme Tetro, de Francis Ford Coppola (2009). Portanto, tento mostrar os desdobramentos existentes entre os personagens: Édipo, de Sófocles, Mignon, de Goethe e Bennie, de Coppola.

O conceito de Desdobramento aborda uma superação de noções, tais como dentro e fora, parte e todo e sujeito e objeto.

Tento criar uma figura de linguagem para nos aproximarmos do conceito de Desdobramento. Essa figura é diferente da metáfora e da metonímia.

Na metáfora, temos um transporte em bloco do sentido. Por exemplo: Na primavera da vida. Estamos dizendo que são os melhores anos de uma vida, não importam quais foram.

Na metonímia, temos o uso de uma palavra fora de seu contexto semântico, por exemplo: bebi um cálice - é evidente que bebi o vinho; respeite os meus cabelos brancos - isso evidencia a velhice, e assim por diante.

A figura do desdobramento é mais complexa pois ela coloca em evidência uma organização que se encontra ausente. Por exemplo: a borboleta, antiga crisálida. Quando vemos a borboleta, nada sabemos da antiga crisálida que ela outrora foi.

Assim como quando recebemos nossos analisantes, desconhecemos totalmente suas crisálidas. Elas só surgirão (essas organizações, essas metamorfoses) através de suas narrativas no conjunto transferencial analista/analisante.

No colóquio tentei aprofundar algumas questões que pudessem esclarecer melhor esse tema que estou aproximando do universo psicanalítico.

A LÓGICA DO SINTOMA, SUA FUNÇÃO E 'POSITIVIDADE'

MYRIAM UCHITEL (3)

Através de dois exemplos clínicos (um fragmento de sessão e um sonho) pretendi explorar duas ideias em torno do sintoma: uma relativa à criatividade do sintoma, sua lógica e o que chamamos de ‘positividade' -trabalho de produção minuciosa daquilo que o sujeito não só deseja mas precisa -, e uma segunda idéia relativa à função do sintoma na sua dupla vertente.

Na vertente do desejo, o sintoma na busca da realização substitutiva de um desejo inconsciente; na vertente da defesa, o sintoma operando à maneira de um dique, um freio, ou ‘auto-interdito' em relação ao desejo e à voluptuosidade pulsional.

(1) Psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, onde é professor do Curso de Psicanálise.

(2) Psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise e professor do Curso de Psicanálise.

(3) Psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise e professora do Curso de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae.