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    JORNAL DIGITAL DOS MEMBROS, ALUNOS E EX-ALUNOS
    20 Abril de 2012  
 
 
NOTÍCIAS DO DEPARTAMENTO

HEITOR O´DWYER DE MACEDO


BELA M. SISTER[1]
MARIA LAURINDA RIBEIRO DE SOUZA [2]

 

 

O psicanalista brasileiro Heitor O´Dwyer de Macedo, que reside na França desde 1968, onde fez sua formação, esteve em São Paulo para uma série de atividades no Departamento de Psicanálise, a convite da Área de Eventos. No dia 12 de abril, fez uma conferência sobre a CLÍNICA DO TRAUMA. Nesta palestra procurou centrar seu pensamento na clínica do real do trauma, que por não ser recalcado jamais é esquecido. Para ele, é no trabalho analítico, através da transferência, que o analista deverá levar em conta aquilo que ainda não tem uma representação e que necessita passar pelos afetos para ser nomeado.

No dia 13 de abril, coordenou dois seminários clínicos e, no sábado, dia 14, das 15 às 17 horas, esteve num encontro aberto e gratuito, para conversar, com todos os interessados, sobre seu último livro Cartas a uma jovem psicanalista, publicado em 2011.

Heitor de Macedo já havia estado no Sedes, em 1996, quando proferiu uma palestra sobre a atualidade do pensamento de Winnicott e trabalhou com o grupo de professores do Curso de Psicanálise, comentando as especificidades de nosso projeto de formação. Em suas vindas ao Brasil participou de vários grupos de trabalho, em São Paulo e em Natal, discutindo a clínica, a transmissão da psicanálise e supervisionando experiências em Saúde Mental.
 
Macedo é um psicanalista inquieto e preocupado com a formação e transmissão da psicanálise; a imbricação entre a teoria e a prática na clínica de um analista e a responsabilidade ética desse ofício. Em seus escritos há um lugar especial para o tema da amizade, pois, diz ele, esta é o operador do pensamento por excelência, não havendo diferença entre a ética da psicanálise e a ética da amizade. Sua prática é fortemente marcada por sua experiência anterior como diretor de teatro e pelo atendimento às crianças e aos loucos que o instigaram a não negligenciar a acolhida necessária para o acaso e para o inesperado, condições básicas para o trabalho analítico. Em seus relatos clínicos, podemos igualmente reconhecer Macedo como um verdadeiro analista vivo, uma das qualidades que concebe como das mais importantes em nosso fazer clínico. Dolto, Gisela Pankow, Piera Aulagnier, Joyce McDougall, Winnicott e Ferenczi estão entre seus interlocutores privilegiados.

Sua saída do Brasil em 68 foi marcada por sua atuação política e, na França, sua proximidade com Helio Pellegrino e com as experiências do exílio levou-o a organizar, em 1986, um importante Encontro Latinoamericano que abordou a clínica psicanalítica no período da ditadura e a questão da psicose, encontro esse que foi publicado em livro com o título Le psychanalyste sous la terreur (1988)3. Atualmente participa, na França, de movimentos em defesa da permanência do atendimento psicanalítico nos serviços públicos de Saúde Mental.

Em português, além de Cartas a uma jovem psicanalista (Ed. Perspectiva, 2011), Heitor publicou Ana K. ou a conjugação do corpo: História de uma análise (Rio de Janeiro, Livraria Francisco Alves Ed., 1983) e Do amor ao pensamento: a psicanálise, a criação da criança e D.W. Winnicott (Via Lettera Ed., 1999). Escreveu vários artigos para a Revista Percurso e será o analista entrevistado no número 48 da revista. Seus artigos e as resenhas dos livros publicados encontram-se no site de divulgação do evento.

 

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[1] Psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise, integrante do Grupo de entrevistas da revista Percurso.

[2] Psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise e da comissão organizadora do evento Heitor O’Dwyer de Macedo- Clínica do trauma.

[3] Um exemplar deste livro foi doado pelo autor à Biblioteca Madre Cristina em abril de 2010, conforme convite à leitura redigido por Janete Frochtengarten, publicado na edição no. 12 do Boletim Online.

 

 




 
 
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