Maria Auxiliadora de Almeida Cunha Arantes[1]
O Conselho de Direção do Departamento de Psicanálise começou a pensar neste evento ainda em 2013, no segundo semestre. Sabíamos que em 2014 haveria muitas manifestações referentes aos 50 anos do Golpe Militar de 1º de abril de 1964 e queríamos agregar a contribuição do Departamento às iniciativas que certamente ocorreriam. Em janeiro de 2014 iniciamos a construção da proposta e decidimos organizar um evento que incluísse múltiplas possibilidades de comunicação para que a temática pudesse ter uma acolhida à altura de sua densidade.
Concebemos um formato que agrega diferentes olhares sobre a ditadura: Henfil e suas ácidas criações contra a ditadura e uma primeira etapa que inclui uma atividade psicodramática - repetindo a experiência do evento sobre O racismo e o negro no Brasil: questões para a psicanálise, realizado em 2012. Contamos com a especial colaboração de nossa colega de Departamento, Camila Salles, que é também psicodramatista.
Em relação ao conteúdo das mesas de debate, incluídas na segunda etapa, partimos da concepção de que a destrutividade decorrente da luta fratricida estimulada pela Doutrina de Segurança Nacional deixou, ainda velados, acontecimentos que incidem sobre a história singular e a história social do nosso país e organizamos o debate em torno de quatro analisadores.
- O contraponto entre a verdade e a farsa que expressa a dupla face do enfrentamento da tragédia que se abateu sobre o país durante 21 anos.
- O sofrimento psíquico e transgeracional, decorrente desta violência, ainda é atravessado pelo silenciamento e certamente a memória e o esquecimento são cara e coroa desta cena.
- O paradoxo Lei e Estado de Exceção, um analisador do ilimitado poder do mais forte que se considera fora da lei. As reverberações desta construção pavimentaram o cenário onde os ditadores transitaram livremente.
- A exigência da responsabilização dos artífices e executores dos atos da ditadura, bate de frente com a impunidade ainda sustentada pelo Estado brasileiro.
Estas linhas de debates são o principal conteúdo das quatro mesas que recebem psicanalistas e profissionais não psicanalistas para apresentá-los e debater com o público.
Integram as diferentes mesas: o jornalista Alberto Dines, o jurista Belisário dos Santos Júnior, os psicanalistas Maria Rita Kehl, Caterina Koltai, Paulo Endo e Flávio Ferraz. Há uma mesa específica com os coordenadores das Clínicas de Testemunho do Instituto Sedes Sapientiae, Maria Cristina Ocariz e do Projetos Terapêuticos, Moisés Rodrigues da Silva Júnior.
Os debatedores são psicanalistas do Departamento de Psicanálise: Miriam Chnaiderman, Janete Frochtengarten, Maria Aparecida Kfouri Aidar e Mara Caffé.
A Comissão Organizadora, composta pelas psicanalistas Anna Mehoudar, Celia Klouri, Heidi Tabacof e Maria Auxiliadora Arantes, contou com o apoio contínuo de Cristiane Abud, Articuladora da Área de Eventos do Conselho de Direção.
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[1] Articuladora da Área de Relações Externas no Conselho de Direção do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, gestão 2012-2014.