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    JORNAL DIGITAL DOS MEMBROS, ALUNOS E EX-ALUNOS
    34 Junho 2015  
 
 
NOTÍCIAS DO CAMPO PSICANALÍTICO

NOTAS PARA O BOLETIM SOBRE A REUNIÃO DO MOVIMENTO ARTICULAÇÃO


ANA MARIA SIGAL
CIDA AIDAR [1]


Situando o Movimento

Este texto tem por objetivos apresentar de forma atualizada o movimento Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras - denominado Articulação - assim como alguns elementos de sua criação e percurso; também fazer um relato do que vem ocorrendo nas últimas reuniões. Quem desejar mais informações encontrará no Boletim numerosos informes e comentários sobre esta atividade que o Departamento desenvolve junto ao movimento e quem está entrando em contato com o tema terá nesse relato um apanhado das questões fundamentais.

Os participantes do movimento Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras reúnem-se habitualmente uma vez por semestre; em caso de situações específicas ou de urgência, marcamos encontros extras. As reuniões acontecem no Rio de Janeiro, lugar no qual realizou-se no ano 2000, no Hotel Gloria, o primeiro encontro que deu origem ao Movimento. O objetivo desse encontro foi organizar a luta contra a regulamentação da psicanálise, pois nessa época começou a circular na Câmara dos Deputados, impulsionada pela bancada evangélica através de uma instituição nomeada SPOB (Sociedade Psicanalítica Ortodoxa Brasileira), uma petição para a criação de regras que deveriam ser exigidas às instituições com o intuito de criar a profissão de psicanalista. Vale a pena notar que a Psicanálise não tem - desde sua criação - uma regulamentação que a organize e legalize, dado que os psicanalistas pensamos que a especificidade deste saber - e sua ética - está constituída por um corpo teórico e um exercício de sua prática que dependem de uma singularidade intrínseca que a coloca fora dos campos profissionalizantes, tanto da universidade quanto da deontologia específica de qualquer Conselho Regional.

Frente à insistência de algumas instituições que se denominavam psicanalíticas em elaborar um regulamento e uma autorização para o exercício da profissão que lhes permitiria a legalização, os analistas começaram a se organizar para barrar este movimento e numerosas instituições viram o perigo escondido atrás desta tentativa de manipulação da formação de analistas. Isso permitiu reacender uma luta que a psicanálise leva em frente há muitos e muitos anos, com o objetivo de manter vivos seus princípios e sua ética: a psicanálise é leiga, como nos dizia Freud, e não admite uma regulamentação de sua formação e de sua prática.

Foi feita uma convocatória para o encontro que fundou o Movimento, onde foram elaboradas as bases para a sua constituição e um manifesto assinado por 68 instituições individualmente. Algumas delas, por sua vez, estavam reunidas em Federações que representavam diversas filiais alocadas em distintas cidades do Brasil. Hoje nos reunimos com uma frequência estável, entre 15 e 18 instituições, que incluem suas filiais locais, o que multiplica grandemente seu número. Para dar um exemplo, a Febrapsi, Federação Brasileira de Psicanálise, reúne todas as filiais dos diferentes estados que são filiadas à IPA (International Psychoanalytical Association). O mesmo acontece com o Círculo Brasileiro de Psicanálise ou os Fóruns do Campo Lacaniano, APPOA e outras, que estão compostas por numerosas filiais alocadas em diversas cidades. Outras instituições formadoras possuem só uma sede, como acontece com o SEDES que, apesar de ser uma instituição, aloca duas instituições formadoras que se diferenciam: o Departamento de Psicanálise e o Departamento de Formação em Psicanálise, cada uma com uma representação. A condição para formar parte do movimento é que sejam instituições de formação e transmissão, que compartilhem elementos considerados pilares do saber psicanalítico, para que possam ser definidas como psicanalíticas, sem restrição alguma ao tipo de filiação teórica. A outra condição é que tenham participado do primeiro Manifesto. No decorrer destes anos, algumas têm deixado de frequentar a Articulação, como o Departamento de Psicanálise da Criança do Sedes e outras têm pedido sua incorporação. Diversos materiais, tanto teóricos como referidos a questões legais, podem ser encontrados no site do Departamento, item Articulação, na página inicial. Encontram-se aqui também numerosos trabalhos muito interessantes produzidos na França, onde no ano 2000 aconteceu uma movimentação importante em relação a definir qual seria o lugar que a Psicanálise ocuparia na regulamentação da lei de Saúde Pública.

O Departamento de Psicanálise, desde a fundação do Movimento, escolheu em assembléia um representante para o Movimento. No caso, e até o presente, Ana Maria Sigal cumpre esta função, compartilhando esta representação durante alguns períodos com colegas que se incorporaram temporariamente. Desde 2014 Cida Aidar somou-se a esta representação.

Passamos agora a relatar o conteúdo das duas últimas reuniões para se ter uma ideia do que circula por lá nesse momento:

Reunião de 11 de outubro de 2014:

  • Proposta feita pela APPOA e SigFreud de entrada de nova instituição na Articulação: CEP de Porto Alegre (depois da reunião enviaram a carta proposta deles). É uma instituição que existe desde os anos 80, formada inicialmente por argentinos que se radicaram lá. Não assinaram o manifesto de fundação porque não tiveram notícia dele. Obs. É importante, a cada nova entrada, sublinhar que o movimento existe para lutar contra a regulamentação.
  • Outro ponto levantado foi a proliferação das ditas instituições psicanalíticas de toda ordem, de forma que o problema não se restringe às organizações religiosas, mas à psicanálise e universidade, etc. etc. (aqui a discussão foi em torno do que é a formação do analista).
    A Escola Brasileira de Psicanálise relatou o evento ocorrido em sua instituição. O tema da psicanálise e religião foi amplamente trabalhado. Quase todos os cursos que circulam na internet são provenientes dos evangélicos, alunos que se formam em dois anos e se dizem psicanalistas; parece que a igreja neo-pentecostal é a mais forte nesse tipo de "formação". Samyra, da Escola Brasileira de Psicanálise, agrega que o observatório que montaram é nacional e internacional também - trabalha sobre legislação, subjetividades contemporâneas e psicanálise.
  • Todos os eventos que a EBP (Escola Brasileira de Psicanálise) propuser, assim como os do Círculo Brasileiro de Psicanálise, terão espaço aberto à Articulação para apresentação de trabalhos ligados a Regulamentação.
  • Discutiu-se a questão das respostas que devemos ou não dar enquanto movimento a propagandas, artigos ou anúncios que distorcem os princípios da psicanálise; por ex., uma matéria da revista CULT sobre pastores que usam a psicanálise para atrair o pagamento do dízimo.
  • Temos por princípio não responder, porque são infindáveis os documentos que aparecem. Só quando se refere a um organismo público e que o grupo entenda que tem um valor singular mandamos uma carta ou fazemos uma denúncia.
  • Segue discussão sobre a Psicanálise na Universidade e os diversos cursos que, ao disporem de supervisão, estão sub-repticiamente assumindo um espaço de formação.
  • Informes sobre uma regulação que o MEC está fazendo para impedir títulos em instituições que não tenham autorização dele. Querem corrigir falha na vigilância desse tipo de ocorrência.
  • Segue o tema universidade (foi permeando a reunião). Trazem um exemplo de alguém que quer formação e não está em análise - diz que já se analisou - como avaliar isso? Leva-nos a pensar na diversidade e em como não dá mesmo para termos regras gerais, universais. A questão do universal retorna sempre no grupo. Cada instituição conta um pouco sobre como trabalha com a autorização e o reconhecimento (aqui contamos um pouco de como fazemos nossas entrevistas, procurando escutar o processo do candidato) e colocamos o Departamento como associação de psicanalistas que tem um espaço de Formação Permanente e uma outra Área de formação, a de Cursos, que oferece um percurso com uma estrutura definida para quem quer se apropriar da proposta formativa oferecida, e cujas entradas são totalmente independentes. A entrada no Departamento implica um processo que culmina com uma apresentação pública sobre a clínica do candidato a membro do Departamento, e a circulação está ligada ao reconhecimento e não à autorização.
  • Destacamos que se pode entrar no Departamento de Psicanálise mesmo sem se fazer o curso que, como já dissemos, é a oferta de um percurso... Quem deseje se apresentar ao Departamento terá que passar por uma comissão com quem se discutirá o desejo de formar parte desta comunidade, e que de modo algum diz quem é ou não analista.
  • Trabalha-se sobre as dificuldades com o Livro da Articulação - avalia-se que a internet teria distribuição melhor; seria importante uma editora de respaldo. Proposta: a editora que comprou a Casa do Psicólogo teria interesse num e-book? Chegou-se a pensar numa outra editora, Companhia de Freud. Dúvidas: re-edição? Re-edição aumentada? Novo livro? Papel ou e-book? Em aberto.
  • Análise leiga - formação se dá no divã. Quem é o analista? Samyra está preparando um trabalho, O lado negro da análise leiga- todo mundo pode praticar a psicanálise? Universalidade perigosa. Tema da análise leiga é amplo, complexo. A defesa é sobre a análise pessoal. Essa conversa finalizou a reunião.

Momento atual do Movimento
Na última reunião, realizada no Rio de Janeiro em 25 de abril de 2015, tal como estava programada, circularam as seguintes questões:

Pauta do encontro
  1. apresentação do CEP de Porto Alegre, instituição da qual já demos notícias
  2. um novo pedido de incorporação, para sua aprovação, de uma instituição denominada ALEPH feito pela Letra Freudiana; revisão dos princípios para a incorporação das novas instituições
  3. dificuldades para a reedição do livro da Articulação, Ofício de Psicanalista, Formação vs Regulamentação, editado pela Casa do Psicólogo
  4. uma avaliação do momento atual do Movimento e seus destinos futuros, reconsiderações e propostas em relação a como continuar
  5. comunicações e convites.


Breve apresentação das discussões

Apresentou-se o novo representante do Centro de Estudos Psicanalíticos de Porto Alegre, que entregou a cada representante das instituições um livro com a história de sua instituição e fez um relato sobre a importância da mobilização operada pelas discussões do Movimento Articulação, em relação ao lugar que cada um ocupa no campo psicanalítico e às políticas interinstitucionais. Discutiu-se a importância de termos um espaço interinstitucional compartilhado por várias escolas teóricas, no qual cada um pode respeitar as diferenças e unir-se no que é essencial. Esta situação é bastante trabalhosa, já que pressupõe lidar com os pequenos narcisismos institucionais, possibilitando um reconhecimento aos que pensam a transmissão de modo diferente, inclusive tratam de forma diversa o reconhecimento e a autorização, incluindo questões teóricas como a análise didática, o passe e outras modalidades para trabalhar com o tripé da formação. Nas análises das diferenças consideram-se os argumentos teóricos que pressupõem as diversas posições.

Solicita-se que na próxima reunião a nova instituição faça sua apresentação, trazendo elementos que justifiquem o seu interesse em participar agora, 15 anos depois do manifesto. Isto possibilita uma interessante discussão - que permeará toda a reunião - sobre a vigência de nossas posições. No momento atual considera-se condição necessária para a entrada que a instituição seja de formação e que seja apresentada por duas instituições que fazem parte do movimento. Outro elemento, vigente até agora, é que tenha assinado o primeiro manifesto, o que está em revisão. Discute-se nossa representatividade, chegando à conclusão da diferença que existe entre assinar o manifesto (ano 2000) e conduzir um movimento durante 15 anos. Constatou-se que o trabalho do movimento só tem crescido e foram realizadas múltiplas conquistas; fundamentalmente, que a lei de regulamentação fosse anulada no Congresso Nacional e a proibição, em 2013, de que a SPOB desempenhasse atividades de psicanálise de forma profissional.

Segue a decisão do Tribunal Federal de 2013, e a carta à Presidente em relação ao Ato médico, como uma forma de reapresentar e exemplificar o resultado de alguns dos movimentos que fazemos.

Psicanálise não pode ser exercida como profissão no Brasil
Publicado por Tribunal Regional Federal da 1ª Região

O TRF da 1.ª Região negou permissão à Sociedade Psicanalítica Ortodoxa do Brasil para desempenho de atividades de psicanálise de forma profissional no país. A 7.ª Turma do Tribunal chegou ao entendimento unânime após julgar apelação da instituição contra sentença que julgou improcedente o seu pedido para declarar seu direito a ministrar cursos, realizar debates, seminários, conferências sobre psicanálise e praticá-la em termos profissionais em todo o território nacional.

O artigo 5.º da Constituição Federal de 1988 prevê, no rol dos direitos e garantias fundamentais, o livre exercício profissional, desde que o profissional atenda as qualificações profissionais definidas por lei. No caso, a profissão de psicanalista não foi regulamentada, mas isso não desincumbe o profissional das exigências legais, pois é uma especialidade da área de Psicologia, conforme prevê a Lei n.º 4.119/62, que regulamenta a profissão de Psicólogo.

O desembargador federal Luciano Tolentino Amaral, relator do processo na Turma, destacou que, além de a formação em Psicanálise não integrar ainda o elenco dos currículos de graduação aprovados na forma da legislação vigente, a instituição apelante não é sociedade de ensino regularmente credenciada nos órgãos competentes para ministrar e manter qualquer tipo de curso, tanto menos em todo o território nacional. Inexiste lei que regulamente especificamente a atividade de psicanalista, o que não enseja a abertura para qualquer pessoa atuar no ramo, uma vez que é especialidade da área de Psicologia, conforme o art. 13, 1º da Lei 4.119/62, que regulamenta a profissão de Psicólogo. Assim, as supostas atividades de um psicanalista se enquadram nas competências dos psicólogos, razão pela qual não existe um tratamento normativo que a rege como profissão autônoma (TRF2, AC 200350010024277, T5 especializada, Rel. Desembargadora Federal Maria Amelia Senos de Carvalho, e-DJF2R 24.07.2012), votou o magistrado, citando jurisprudência do TRF da 2.ª Região sobre o tema.
Assim, o relator negou provimento à apelação.
Processo n.º 0025214-81.1998.4.01.3400
Data do julgamento: 25/11/2013
Publicação no diário oficial (e-dJF1): 06/12/2013
TS
Assessoria de Comunicação Social
Tribunal Regional Federal da 1.ª Região.

Documento encaminhado à Presidente da Republica em relação ao ato médico:

Brasil, 20 de junho de 2013.
Excelentíssima Senhora
Presidente da República
Dilma Roussef,

Vimos por meio desta solicitar uma especial atenção de Vossa Excelência quanto ao texto aprovado pelo Senado Federal anteontem, 18.06.2013, intitulado o "Ato Médico", aprovação que ocorreu em caráter simbólico pela maioria dos Senadores presentes sob alegação de “urgência” que não entendemos, justamente nesta semana em que todas as atenções estão voltadas para as recentes manifestações populares e para a Copa das Confederações, aproveitando ainda votação contrária à orientação do Conselho Federal de Psicologia visando um tratamento corretivo da homossexualidade, também tramitada esta semana, e que retira de profissionais qualificados, por não serem médicos, o direito de orientarem suas clínicas conforme os diagnósticos por eles atribuídos.

Representamos, em nível Nacional, o Movimento intitulado Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras, que associa as Instituições Brasileiras que formam Psicanalistas e se reconhecem como tal, mutuamente, e nos opomos ao texto ora aprovado pelo Senado pois entendemos que esse Projeto de Lei fere o princípio de integralidade do Sistema Único de Saúde (SUS), hierarquizando as relações entre os diversos campos profissionais que atuam em equipe em instituições de saúde pública, reservando aos médicos um lugar privilegiado em detrimento dos outros campos de saber. No que tange aos psicanalistas, esta lei não só desconhece com desrespeita a formação a formação do psicanalista que, sendo ou não médico - a maioria dos psicanalistas brasileiros é não médica –, é submetido a uma formação de enorme rigor teórico e clínico que o faz capacitado a orientar sua conduta clínica de maneira autônoma e independente, não necessitando tutela de qualquer natureza para tal.

Escrevemos esta carta na tentativa de sensibilizar Vossa Excelência para o problema, tendo em vista o fato de que, ora aprovado pelo Senado, necessita apenas da assinatura de Vossa Excelência para efetivar-se, contrariando a vontade e a capacidade de um enorme número de pessoal não médico do qual depende atualmente o atendimento clínico da população brasileira.

Tomamos a liberdade de indicar os artigos que nos parecem atentar gravemente à autonomia e independência dos profissionais não médicos no texto discutido no Senado:

1) artigo 4o., incisos I, X, XI:
“Art. 4º São atividades privativas do médico: I – formulação do diagnóstico nosológico e respectiva prescrição terapêutica [...]1 X – determinação do prognóstico relativo ao diagnóstico nosológico; XI- XI – indicação de internação e alta médica nos serviços de atenção à saúde;
2) artigo 5o., incisos I e II:
“Art. 5º São privativos de médico: I – direção e chefia de serviços médicos2; II – perícia e auditoria médicas, coordenação e supervisão vinculadas, de forma imediata e direta, às atividades privativas de médico;

Colocamo-nos ao dispor de Vossa Excelência para esclarecermos quaisquer pontos que julgue necessários nesse sentido, pelos e-mails: anasigal@terra.com.br; sonialberti@gmail.com, ou ainda, mauriciolessa2@gmail.com, e nos subscrevemos,

Com grande respeito e com admiração,
APPOA (Associação Psicanalítica de Porto Alegre). Participante do Movimento Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras.
Centro de Estudos Lacaneanos/RS. Participante do Movimento Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras.
Círculo Brasileiro de Psicanálise. Participante do Movimento Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras.
Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro. Participante do Movimento Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras.
Corpo Freudiano Escola de Psicanálise do Brasil. Participante do Movimento Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras.
Departamento de Formação em Psicanálise do Sedes. Participante do Movimento Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras.
Departamento de Psicanálise do Sedes. Participante do Movimento Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras.
Escola Brasileira de Psicanálise. Participante do Movimento Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras.
Escola Lacaniana de Psicanálise RJ. Participante do Movimento Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras.
Escola Letra Freudiana. Participante do Movimento Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras.
Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano. Participante do Movimento Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras.
FEBRAPSI (Federação Brasileira de Psicanálise). Participante do Movimento Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras.
Laço Analítico Escola de Psicanálise. Participante do Movimento Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras.
Praxis Lacaniana/Formação em Escola. Participante do Movimento Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras.
Sigmund Freud Associação Psicanalítica. Participante do Movimento Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras
Tempo Freudiano Associação Psicanalítica. Participante do Movimento Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras.

Seguindo as discussões da reunião, o tema seguinte girou em torno da dificuldade para a reedição de nosso livro com a Casa do Psicólogo, pois embora nosso livro esteja esgotado, a editora não o reimprime e não responde aos nossos pedidos, feitos reiteradamente. Como não há comunicação, o contrato com a editora se refaz automaticamente e desta forma, nos vemos encurralados, pois o livro nem sequer pode ser colocado na internet.

Foi resolvida a feitura de um novo livro, para o qual resenharíamos a maior parte do livro anterior, já que o consideramos valioso pelas posições e as informações históricas que contém. Comprometemo-nos a repensar este livro, ao discutir novos focos, novos temas, retrabalhando o retorno das práticas organicistas. Nosso Departamento propôs para nosso capítulo, como texto teórico, o tema: Perigos da Regulação e Regulamentação a partir da análise do conteúdo, das práticas e das instituições de formação que distorcem a ética da psicanálise. Outros temas propostos foram:
A Regulamentação da Psicanálise no começo do século XX. Consequências atuais na formação do analista.

Por que somos contra a formação dada pelos evangélicos.
O Movimento Articulação 14 anos depois. Artigo coletivo.
A Psicanálise serve sua Majestade, o Capitalismo?
A força da resistência da Psicanálise a ser cooptada pelo capitalismo.
As consequências da resistência à não regulamentação.
Nada foi decidido, só uma primeira rodada de ideias.

Outra proposta do nosso Departamento foi, ao mesmo tempo em que vamos escrevendo o livro, retomar a discussão dos temas centrais e das políticas novas em relação à regulamentação, como forma de revigorar o movimento, o que foi muito bem recebido.

Quase todas as instituições mantêm o mesmo representante no decorrer dos anos para ter uma visão contínua da história e dos processos que acontecem neste movimento e gerar um pensamento que vai crescendo em espiral, na reconsideração à luz de novas circunstâncias de problemáticas já analisadas. O que varia, em geral, é o colega que divide a responsabilidade com o representante. Embora seja um trabalho interessante, exige um certo esforço tanto econômico da instituição quanto do exercício da função pelo membro que a assume.

Como o grupo faz questão de se constituir enquanto Movimento, não possui site, não tem endereço fixo e, na verdade, se organiza a partir das instituições que o integram a cada reunião. Estes temas continuam sendo polêmicos, pois há diversas ideias, tanto a respeito do modo de se constituir como movimento, quanto em relação aos temas que devem ser tratados. Vale dizer que as discussões são muito interessantes e abordam temas políticos da psicanálise, assim como discussões teóricas a respeito de certas posições na psicanálise. Nossa reunião desta data abordou mais uma vez estas questões. Destacamos a seguir dois problemas que sempre se reapresentam quando é necessário assinar um documento ou fazer comunicações.

Um grupo da Articulação é insistente e se mantém mais fechado na proposta de manter a consigna de nosso manifesto inicial: este movimento teria como única finalidade evitar a regulamentação da psicanálise e trabalhar neste sentido. Outros grupos, nos quais nos incluímos, propõem ações em defesa da psicanálise, mesmo que estas ações não sejam exclusivamente regulamentação, mas de algum modo a ela ligadas.

Momentos-chave no último percurso

Pedimos ao Movimento Articulação que assinasse o documento contra o ato médico, o que acabou sendo decidido por maioria de votos. Este documento, que o Departamento de Psicanálise fez chegar à Presidência da República para lhe informar o que significava esta ação, teve uma importante colaboração junto a outros que foram assinados por diversas instituições, inclusive os conselhos regionais de Psicologia. A causa foi ganha e o ato médico destituído, momentaneamente, pelo Congresso. Encaminhamos à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo uma carta assinada pela Articulação contrária ao fechamento do CRIA, que também foi bem sucedida. Estas duas ações produziram cartas das quais uma foi assinada pelo Movimento Articulação, outras por cada uma das instituições que formam o movimento, mas não pela Articulação. Quando o Movimento Psicanálise, Autismo e Saúde Pública pediu o apoio ao Movimento Articulação, produziu-se um impasse, as discussões se alongaram tanto que não se assinou como movimento e sim em nome de cada uma das instituições aqui representadas. Analisou-se o fato de que Articulação, para além da forma pela qual deseja aparecer, é já um significante que circula no meio político-institucional.

Na reunião do dia 25 de abril se reativou a discussão. Uma instituição pediu para nos mantermos alertas novamente em relação ao ato médico, que retornou de uma forma disfarçada. Os convênios médicos, pelo menos em Porto Alegre e em outros lugares, não aceitam cobrir os custos da terapia, se o encaminhamento não for assinado por um médico. Outras questões foram levantadas por nosso Departamento, propondo a assinatura do manifesto de forma individual por cada instituição e uma pelo movimento. Este pedido foi feito por causa da retomada da direção da Câmara de Deputados pelo poder evangélico, contra o qual lutamos nos primórdios do Movimento, já que era esta a bancada que propunha a regulamentação da Psicanálise. Tal condução parlamentar está produzindo um verdadeiro retrocesso em relação a projetos sobre os quais a Psicanálise teria o que opinar, como é o caso da discussão sobre o conceito de família, a diminuição da maioridade penal, a definição da homossexualidade como uma doença, entre outras questões. Pedimos que Articulação assinasse manifestos a respeito destes temas e reapareceu o impasse. Duas instituições partem da posição de que só trabalham contra a regulamentação e não se dispõem a assinar como Articulação. Propusemos continuar a discussão. A Escola Brasileira de Psicanálise (Samyra Assad) propôs tentar contatos com deputados ou senadores sensíveis à causa da psicanálise para ter ancoragem no Congresso Nacional. Todos estamos pensando que os ataques reapareceram e que haverá novas tentativas de regulamentação. Acompanhando o movimento na França, surge toda semana um artigo contra a Psicanálise. No passado, o deputado Delgado nos ajudou muito a evitar a regulamentação, agora temos contato com o deputado Jean Wyllys, que também é favorável à nossa causa.

Futuros congressos nos quais haverá mesa da Articulação: Círculo Psicanalítico do Rio Grande do Sul em 24 de julho; a Escola Brasileira está preparando um encontro sobre conexões virtuais e diálogos com a Psicanálise; a Febrapsi no mês de outubro fará um congresso em São Paulo, onde haverá uma mesa, à qual um dos dois departamentos do Sedes estará presente, ainda a definir. Outras instituições ofereceram suas revistas e jornais, como forma permanente para a publicação de questões ligadas ao movimento.


Lista de instituições que participam do movimento na atualidade
ASSOCIAÇÃO PSICANALÍTICA DE PORTO ALEGRE
Rosane Ramalho
SIGMUND FREUD ASSOCIAÇÃO PSICANALÍTICA
Bárbara Conte
CIRCULO BRASILEIRO DE PSICANÁLISE
Anchyses Jobim Lopes
CÍRCULO PSICANALÍTICO DO RIO DE JANEIRO
Edson Lanes (ausente)
CORPO FREUDIANO – Escola de Psicanálise
Denise Maurano Mello e 2 acompanhantes
DEPARTAMENTO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE – SEDES SAPIENTIAE
Maria Helena Saleme e acompanhante
DEPARTAMENTO DE PSICANÁLISE - SEDES SAPIENTIAE
Ana Maria Sigal
ESCOLA BRASILEIRA DE PSICANÁLISE
Samyra Assad
ESCOLA LACANEANA DE PSICANÁLISE DO RIO DE JANEIRO
Abílio Luiz C. R. Alves
A ESCOLA LETRA FREUDIANA
Mauricio Lessa
ESCOLA DE PSICANÁLISE dos FÓRUNS do CAMPO LACANIANO
Sonia Alberti
FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE PSICANÁLISE
Ana Paula Terra Machado e acompanhante
LAÇO ANALÍTICO ESCOLA DE PSICANÁLISE
Mariana Abreu Serra - Nympha Amaral
TEMPO FREUDIANO
Eduardo Rocha - Fernanda Costa Moura - Maria Idália de Góes
PRAXIS LACANIANA
Antonia Magalhães

 

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[1]Psicanalistas membros do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae.




 
 
Departamento de Psicanálise - Sedes Sapientiae
Rua Ministro Godoi, 1484 - 05015-900 - Perdizes - São Paulo - Tel:(11) 3866-2753
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