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    JORNAL DIGITAL DOS MEMBROS, ALUNOS E EX-ALUNOS
    44 Novembro 2017  
 
 
NOTÍCIAS DO DEPARTAMENTO

MARIA INÊS TASSINARI E LÚCIA NAVARRO FORAM ADMITIDAS COMO MEMBROS DO DEPARTAMENTO EM SETEMBRO DE 2017


INACABADO SER, SENDO: APRESENTACÃO PÚBLICA DE MARIA INÊS TASSINARI


MARIA CRISTINA PETRY [1]


Maria Inês, que desde cedo buscou com determinação – a autonomia, a realização e o reconhecimento -, teve uma trajetória bastante interessante quanto às suas escolhas teórico-profissionais. Um percurso repleto de vias colaterais, em direção à sua formação como analista.

Através de uma vivência onde a fala, ou ausência de, se impôs como uma questão a ser lidada, escolheu inicialmente para a sua graduação, completada em 1989, a área de Fonoaudiologia, a fim de tratar das problemáticas inerentes, muito mais interessada no contexto e no sentido produtor dos sintomas do que nas técnicas específicas de manejo.

Na conclusão do seu mestrado, também em fonoaudiologia, em 1995, motivada tanto pela posição subjetiva dos seus pacientes, quanto pelos seus sintomas na linguagem, adentrou pela psicanálise e conduziu sua dissertação integrando ambos os saberes, no trabalho intitulado: Relação terapêutica na clínica da linguagem - O país de Alice nas vizinhanças da teoria analítica.

A partir daí, realizou sua Formação no Curso de Psicanálise deste Instituto, em 2005 e, em 2009, obteve seu doutorado em Psicologia Clínica pela PUC com a tese Mal estar na linguagem: Questões sobre Édipo e transferência na clínica da gagueira.

E foi assim que se viu articulando um campo ao outro pela via da clínica e do pensamento transdisciplinar. Atuou como docente em algumas instituições como PUC e USP, teve artigos publicados em periódicos e trabalhos em anais de eventos. Atualmente, Maria Inês atua como psicanalista, no atendimento clínico tanto em São Paulo como em Itapeva, sua cidade de origem, e participa aqui no Departamento, do grupo Faces do traumático.

Por estranhar-me, percebi que estava sendo - com esta citação de Clarice Lispector, Maria Inês iniciou o seu memorial e levantou, em seu trabalho de escrita de caso clínico, a questão da constituição do ser, sujeito no desejo do Outro, cujo olhar nos constitui; desejo este que, sabemos, é também causa de angústia.

O caso clínico, com o qual Maria Inês nos presenteou, demonstra o seu modo de pensar e a sua maneira de conduzir a clínica; tratou-se de um trabalho contundente de elaboração e de fundamentação, em que pudemos visualizar a relação transferencial estabelecida entre analisanda e analista, sendo notório o cuidado e a direção dada pela analista neste processo terapêutico.

Um caso onde, afastada do exercício da sua profissão e encaminhada pelo médico para a análise, devido a uma depressão, a paciente relata o seu passado com um esvaziamento de qualquer emoção no presente.

Maria Inês nos conta como o decorrer do processo analítico permitiu, a esta paciente, deixar florescer talentos profissionais e recursos afetivos, antes sequer imaginados.

Foi uma apresentação que instigou os presentes, pela indagação de diversos aspectos, como o quanto o trauma ataca as funções do eu e o quanto a psicanálise é um convite a pensar-se e a modificar-se. Neste caso, a analista foi colocada num lugar de referência.

De acordo com as palavras de Maria Inês, naquilo que denominou como o primeiro tempo da análise, a paciente de fato “narra-se(r)”, quebra o silêncio para si; apropriando-se dos seus desejos, desvelando identificações imaginárias e implicando-se perante as suas escolhas.


KOYAANISQATSI: CAMINHOS DA LINGUAGEM DO INCONSCIENTE: APRESENTACÃO PÚBLICA DE LÚCIA HELENA RODRIGUES NAVARRO


MARIA CRISTINA PRANDINI [2]


No dia 1o de setembro tivemos a apresentação pública da psicanalista Lúcia Helena Rodrigues Navarro, com o caso clínico intitulado Koyaanisqatsi: caminhos da linguagem do inconsciente.

Com a apresentação deste instigante relato clínico, Lúcia Navarro finaliza o seu processo de admissão e se torna membro do Departamento de Psicanálise.

Lúcia tem participação ativa em grupos deste Departamento, ao mesmo tempo que se mantém atenta às atividades clínicas e à transmissão da Psicanálise. Sua formação e interesse por diversos temas como filosofia, arte, literatura, cinema, se fazem presentes na forma como Lúcia conduz a sua escuta na clínica e constrói este relato sobre um analisando que busca, através da arte, ressignificar situações de perda e desamparo.

"Escolhi o caso de E. porque instigou-me o modo como a arte servia de suporte para a sua subjetividade" - palavras da própria analista.

Lúcia se vale do filme Koyaanisqatsi, que dá título ao seu trabalho, para se referir ao estado psíquico do analisando no início do tratamento - imagens, sons, silêncios. O acolhimento atencioso e perspicaz desta condição psíquica permitiu ao analisando, ao longo de sua análise, a possibilidade da construção da sua subjetividade representada através dos trabalhos de fotografia realizados por ele.

"E. passou de uma perspectiva incomensurável, expressa nas imagens do filme e da foto, para uma medida mais humana. Houve uma mudança de posição subjetiva", diz Lúcia.

A fecundidade da interface entre a arte e a psicanálise foi o eixo da rica discussão que se seguiu à apresentação deste caso clínico.


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[1] Psicóloga clínica, psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, integrante da Comissão de Admissão e dos grupos de leitura e pesquisa: Anorexias e bulimias, Novas configurações familiares e Casos clínicos de Freud acompanhados de comentários de Lacan.
[2] Psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, integrante da Comissão de Admissão e interlocutora do grupo de leitura Casos clínicos de Freud acompanhados de comentários de Lacan.




 
 
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