CONSIDERAÇÕES SOBRE O USO DOS TESTES VIRTUAIS PARA O DIAGNÓSTICO DO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA CLÍNICA DA PRIMEIRA INFÂNCIA

 

Clarissa Ferreira Martins1
Cristiani M.Beltran Fanti2

 

Eixo temático – CLÍNICA DA PRIMEIRA INFÂNCIA: INTERVENÇÃO PRECOCE

 

 

RESUMO

 

O presente artigo visa discutir o impacto na clínica da primeira infância sobre o uso feito dos testes virtuais para a detecção do Transtorno do Espectro Autista. Partindo-se de algumas vinhetas dos atendimentos de uma criança de 1 ano e 7 meses e de seus pais, discorre-se acerca do quanto a internet nos tempos atuais tem contribuído para a rapidez dos diagnósticos na atualidade. Rapidez esta que pode tanto contribuir para que os pais busquem uma intervenção precoce com profissional, mas que também tem trazido vários obstáculos na condução do tratamento, tais como quadros precoces de risco psíquico envolvendo sintomas diversos, porém diagnosticados como transtornos do espectro autista.

 

A certeza de um diagnóstico para o autismo, com o qual os pais se deparam a partir de instrumentos na internet, repercute elidindo um tempo importante para a compreensão do que ocorre com a criança. Lacan irá discorrer sobre o tempo lógico na clínica, uma temporalidade necessária para construção em análise, composta por três momentos: instante de ver, tempo de compreender e momento de concluir. O acesso rápido a diagnósticos que a internet possibilita acarretou nos pais do presente artigo, a busca pelo profissional para que este pudesse lhes dar uma certeza antecipada por eles, tal qual Lacan traz em seu texto, e neste caso uma certeza de um diagnóstico que irá fechar possibilidades de deslocamentos subjetivos por parte da criança em atendimento. Resta ao analista trabalhar para que o segundo tempo se instale, que a compreensão possa advir, trazendo novas possibilidades e questionamentos para a estruturação psíquica do sujeito, qual seja nas inscrições primordiais entre a criança e seu Outro primordial, a presença e reconhecimento de um sujeito suposto em detrimento de um enquadramento diagnóstico rígido e paralisante para os processos constitutivos.

 

 

PALAVRAS-CHAVE: diagnósticos virtuais, autismo, primeira infância, intervenção precoce

 

 

1 Clarissa Ferreira Martins, psicóloga, psicanalista, formação em Psicanálise da Criança pelo Instituto Sedes Sapientiae, membro do Departamento de Psicanálise com Crianças do mesmo Instituto. Mestre em Psicologia pela USP –SP.

 

 

2 Cristiani M.Beltran Fanti, psicóloga, formada desde 1992, mestre em Psicologia do Desenvolvimento – UFBA atuou como Professora Universitária em Salvador. É Membro fundadora do Núcleo de Estudos em Psicanálise de Sorocaba e Região (Neps-r).