PAIS, CELULARES E FILHOS

 

Daniele John

SEDES, APPOA

 

 

Eixo temático – HISTÓRIA E CULTURA – PRESENÇA DA TECNOLOGIA EM NOSSAS VIDAS

 

 

RESUMO

 

Recentemente participei da coletânea de artigos chamada “Intoxicações eletrônicas”, que reúne artigos de diversos autores sobre a entrada maciça dos eletrônicos no cotidiano das crianças, adolescentes e suas famílias e sobre as mudanças que tal fenômeno impõem às relações contemporâneas. Lá decidi falar sobre o papel do aparelho celular dentro da sessão de análise, muitas vezes servindo como via de acesso ao paciente, em especial os púberes, que já não conseguem comunicar-se pela via do brincar, mas ainda tampouco sustentam sua sessão apenas com a palavra verbal. Aqui proponho dar continuidade ao debate desta importante temática, tentando pensar no laço que se faz no contemporâneo, entre os pais, os filhos e o aparelho celular. No Brasil as crianças recebem aparelhos celulares de seus pais cada vez mais cedo. Na maioria das vezes os pais alegam motivos de segurança. Depois reclamam que seus filhos estão colados àquele objeto e que isso atrapalha sua relação com eles. Mas que tipo de equação se estabelece entre pais, filhos e celulares? Que papel ocupa este objeto na economia psíquica dos sujeitos e nas dinâmicas familiares contemporâneas? Seria o celular uma espécie de chip “implantado”nos filhos para poder monitorá-los em tempo integral? Como os pais aguentam/não aguentam não saber sobre os seus filhos? Entre cuidar e vigiar, em que lugar entra o celular como objeto que se interpõe à relação de pais e filhos? Quem ganha e perde o quê na economia de gozo ali instaurada? Através de vinhetas clínicas e de alguns filmes e séries, proponho dar continuidade a este debate.

 

 

PALAVRAS-CHAVE: eletrônicos, pais, filhos, economia psíquica, cuidado X vigilância.

 

 

Daniele John, psicanalista, graduada em psicologia (UFRGS), especialista em psicanálise (UFRGS), mestre em Estudos Psicanalíticos (Tavistock –Londres), doutora em Psicologia Clínica (PUC-SP), professora nos cursos de formação do CEP e do SEDES, membro da APPOA e do Departamento de Psicanálise com Crianças do SEDES, autora do livro “Reiventar a Vida: narrativa e ressignificação na análise”. São Paulo: Ideias e Letras, 2015.