AS RELAÇÕES ENTRE CORPO E CUIDADO: QUANDO A PELE DISTANCIA O TOQUE

 

Jaqueline C. Salles Trindade

Faculdade Maurício de Nassau-unidade Vitória da Conquista-BA.

 

Luana N. F. Requião

Faculdade Maurício de Nassau-unidade Vitória da Conquista-BA.

 

 

Eixo temático – FORMAS DE EXPRESSÃO DO SOFRIMENTO NA INFÂNCIA

 

 

RESUMO

 

Pensar a construção psíquica de uma criança, na perspectiva Winnicottiana, é não dissociar a sua saúde emocional do seu contexto sócio-cultural; é lembrar e considerar que há um ambiente (suficientemente bom ou não) que, por vezes, contribuirá para a presença ou ausência de saúde, principalmente, nos primórdios do desenvolvimento infantil.

 

Neste trabalho, propomo-nos a refletir sobre a doença psicossomática infantil, consoante o eixo deste Colóquio: Formas de expressão do sofrimento na infância e o subtema: Psicossomática, corpos e subjetividade, em diálogo com a teoria winnicottiana do Amadurecimento emocional, compreendendo o adoecimento como uma alternativa de adaptação, uma “tentativa” de vida. Para tanto, apresentaremos um estudo cujo percurso metodológico será, inicialmente, uma revisão bibliográfica sobre a temática e uma pesquisa do tipo estudo de caso, sobre uma paciente, de 13 anos de idade, nascida com Fissura Labial e acompanhada em psicoterapia em um Serviço Escola de Psicologia, com queixas de dificuldade de relacionamento social e imagem de si mesma inferiorizada. A adolescente vive a angústia de não possuir ainda, após alguns procedimentos cirúrgicos, a expressão facial desejada. A referida paciente é primogênita, de uma gravidez não planejada, trazendo a surpresa no nascimento de “ser” lábios leporinos. Aos dois anos de idade, adquire uma Dermatite Atópica(DA) severa, trazendo impacto psicossocial não somente a ela, mas a todo contexto familiar, da infância até os dias atuais.

 

Com Winnicott, pretendemos pensar a relação com o corpo e o delicado processo de alojamento da psique no soma, responsável pela integração psicossomática tão necessária para a saúde emocional. Assim, tanto a fissura labial quanto a dermatite atópica sofridas pela adolescente nos fazem pensar em seu percurso pelo amadurecimento emocional, aparentemente fragilizado e sofrido. A pele, órgão de contato essencial para a integração em si mesmo, foi também fonte de angústias e distanciamentos. Neste sentido, importa-nos também refletir sobre o lugar que os pais têm na “história” de adoecimento dos filhos, pois estes cuidadores devem oferecer primariamente o cuidado às crianças na condição da “mãe suficientemente boa” que oferta o holding e o handling auxiliando-os na edificação psíquica e na integração psicossomática, alcançando então o status de eu.

 

 

PALAVRAS-CHAVE: Winnicott; psicossomática infantil; relação mãe-bebê; adoecimento;