RETRATOS DA CLÍNICA EM CAPS INFANTOJUVENIS: RESSONÂNCIAS ENTRE PSICANÁLISE E SAÚDE PÚBLICA

 

Julia Hatakeyama Joia

Autora responsável

 

 

Eixo temático – A ESCUTA PSICANALÍTICA NA CLÍNICA AMPLIADA

 

 

RESUMO

 

O trabalho parte da afirmação de Freud em sua conferência “Linhas de progresso da terapia psicanalítica”, proferida em Budapeste há exatos 100 anos, de que os pobres deveriam ter direito a assistência em saúde mental tanto quanto os ricos. Enfatiza que, no futuro, o Estado deveria encarregar-se de prover tratamento psicanalítico gratuito e que, com isso, a psicanálise se defrontaria com a necessidade de repensar a técnica diante das novas condições. Partindo dessas afirmações, buscaremos abrir reflexões acerca de ressonâncias atuais da psicanálise no campo da saúde pública, em especial, nos CAPS infantojuvenis. Estes serviços fazem parte do Sistema Único de Saúde, sendo de atendimento universal e gratuito, e atendem crianças e adolescentes em sofrimento psíquico grave. Enfocaremos os CAPSij da Vila Prudente e da Moóca, onde as autoras atuam. Buscaremos resgatar histórias acerca do surgimento dos Hospitais Dias infantis da Vila Prudente e da Móoca em São Paulo, cujo desafio ético consistia em inventar um dispositivo que operasse como ativador de subjetividades em crianças que, na sua maioria, eram assujeitadas pelo social e pelo familiar. Em seguida, apresentaremos recortes atuais da experiência dos dois serviços, buscando focalizar a escuta das crianças e famílias e a escuta em rede e territorial, ressaltando formas de operar intervenções que centralizem tais sujeitos nas suas dimensões desejantes. Valendo-nos dos pressupostos psicanalíticos de que há dimensões inconscientes instrínsecas às relações e que a transferência é o plano dos vínculos por onde o cuidado é efetivado, buscaremos afirmar as singularidades do cuidado no contexto institucional, transdisciplinar e em rede. O trabalho busca, portanto, exercitar a interface entre alguns pressupostos da psicanalise e a clínica produzida nos CAPSij, ou uma clinica psicossocial e antimanicomial.

 

 

PALAVRAS-CHAVE: infantojuvenil; saúde pública; clínica psicossocial; psicanálise.

 

 

Julia Hatakeyama Joia, Psicóloga CAPSij Girassol Vila Prudente. Graduação em Psicologia (PUC/SP). Acompanhante Terapêutica. Mestre em Psicologia Social pela PUC/SP. Aluna da Formação em Psicanálise com Crianças do Instituto Sedes Sapientae.

 

 

Sthefânia Kurkdjian Restiffe de Carvalho, Psicóloga CAPSij Giravida Móoca. Graduação em Psicologia (USP). Acompanhante Terapêutica. Membro do “Núcleo Versos - Formação e Consultoria em Projetos Sociais”. Aluna da Formação em Psicanálise com Crianças do Instituto Sedes Sapientae.