VICISSITUDES DO BRINCAR NA CLÍNICA COM CRIANÇAS COM TRAÇOS AUTISTAS

 

Kauê da Costa Alves
UMESP

 

Marina Pereira Leite

UNICAMP

 

Kelly Cristina Brandão da Silva
UNICAMP

 

 

Eixo temático – CLÍNICA DA PRIMEIRA INFÂNCIA

 

 

RESUMO

 

Impasses precoces no estabelecimento dos jogos constituintes do sujeito e, por conseguinte, dificuldades no acesso ao brincar simbólico, são sinais importantes de entraves na constituição psíquica. Em uma perspectiva psicanalítica, a posição autista se configura como o quadro mais complexo e desafiador em que essas vicissitudes estão presentes. Diante disto, o presente trabalho objetiva, a priori, expor os tempos do brincar na relação entre cuidador e bebê e seu papel constituinte na articulação do circuito pulsional, no qual o infans, além de ser convocado, é introduzido no mundo simbólico e relacional. A posteriori, discutiremos a clínica com crianças com quadros autísticos, em que num movimento de resgate, busca favorecer que se estabeleça aquilo que anteriormente fora impossível, através da única via de acesso do analista à criança, o brincar. Algumas vinhetas de um caso clínico de uma criança de 2 anos e 5 meses serão apresentadas. Considera-se que aqueles que se aventuram no atendimento de uma criança com traços autistas, a partir do referencial psicanalítico, precisam considerar algumas peculiaridades nessa trajetória. Talvez a mais importante, inicialmente, seja introduzir-se de forma prazerosa na sessão. Em termos conceituais, seria a tentativa de articular o terceiro tempo do circuito pulsional. Um tempo que se apresenta espontaneamente em outras crianças, as quais buscam desde muito cedo perscrutar o que causa o desejo do Outro. É possível considerar que o trabalho clínico com essas crianças põe em relevo, em um tempo distendido, uma série de equações imprescindíveis à constituição do psiquismo. Aquilo que parece pretensamente natural e ordinário na maioria das crianças, torna-se uma tarefa laboriosa e extraordinária no tratamento de crianças com traços autistas.

 

 

PALAVRAS-CHAVE: autismo; jogos constituintes do sujeito; constituição psíquica; circuito pulsional.

 

 

O presente trabalho trata-se de uma amostra de conveniência da pesquisa “Sinais de risco e sofrimento psíquico na primeira infância: identificação e estratégicas de intervenção”, a qual conta com Auxílio à Pesquisa Fapesp - Processo: 2016/21630-0.

 

 

Kauê da Costa Alves, graduando em Psicologia pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP).

 

Marina Pereira Leite, graduada em Psicologia pela PUCCAMP. Mestranda no Programa de Pós-Graduação Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação (FCM/UNICAMP). Bolsista CNPq.

 

Kelly Cristina Brandão da Silva, psicanalista. Doutora em Educação (FEUSP) e graduada em Psicologia (UMESP). Docente do Departamento de Desenvolvimento Humano e Reabilitação, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (DDHR/FCM/UNICAMP).