OS OBJETOS TUTORES E SUA IMPORTÂNCIA NA CLÍNICA PSICANALÍTICA DE CRIANÇAS COM AUTISMO

 

Talita Arruda Tavares

Departamento de Psicanálise com crianças do Instituto Sedes Sapientiae

 

Audrey Setton Lopes de Souza

Departamento de Psicanálise com crianças do Instituto Sedes Sapientiae

 

 

Eixo temático – CLÍNICA DA PRIMEIRA INFÂNCIA

 

 

RESUMO

 

Autores como Winnicott, Rodulfo e Guerra defendem que o brincar acompanha pari passu o desenvolvimento subjetivo, de forma que as perturbações que aparecem na estruturação psíquica do bebê podem ver-se refletidas no brincar. Essas dificuldades são observadas de forma clara nas crianças com autismo, que apresentam tanto a incapacidade para o brincar quanto perturbações em sua constituição subjetiva. Dessa maneira, o tratamento psicanalítico visa o desenvolvimento do brincar dessas crianças tendo em vista seus efeitos constitutivos. O presente trabalho tem como objetivo abordar o conceito de objeto tutor, tal como trabalhado por Victor Guerra, na clínica psicanalítica de crianças com autismo. Trataremos da definição conceitual de objetos tutores e como estes são criados na relação primordial entre a mãe e seu bebê e, abordaremos também, os efeitos dessa criação para a constituição subjetiva do bebê. A partir disso, nos apropriaremos do conceito de objeto tutor pensando a clínica psicanalítica de crianças com autismo. Partimos de duas vinhetas clínicas que ilustram a possibilidade da criação compartilhada do objeto tutor pela dupla analítica. A primeira vinheta trata da possibilidade de transformação de um objeto autístico em um objeto tutor, permitindo algum movimento estruturante na criança atendida, através do brincar. A segunda vinheta clínica trata de propostas de continuidades para os movimentos estereotipados com um objeto, favorecendo um brincar criativo em meio à repetição autística. Essa apropriação do conceito de objeto tutor mostrou-se um recurso valioso para se pensar a clínica psicanalítica do autismo.

 

 

PALAVRAS-CHAVE: Constituição subjetiva; brincar; autismo; setting.

 

 

Talita Tavares, Membro do Departamento de Psicanálise com crianças do Sedes. Psicóloga e Mestre pelo IPUSP. Psicanalista de crianças pelo Instituto Sedes Sapientiae, Pós-graduanda pelo Instituto Gerar.

 

Audrey de Souza, Docente do Departamento de Psicanálise com crianças do Sedes. Professora Doutora do Instituto de Psicologia da USP. Psicanalista pela Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.