JOGOS ELETRÔNICOS NA ATUALIDADE: CONSIDERAÇÕES SOBRE SEUS EFEITOS NA SUBJETIVIDADE INFANTOJUVENIL E NO SETTING ANALÍTICO

 

Bruno Esposito

 

Eixo temático – FORMAS DE EXPRESSÃO DO SOFRIMENTO DA INFÂNCIA. (IMPULSIVIDADE E AGRESSIVIDADE)

 

RESUMO

 

Esse trabalho será uma descrição do manejo e de um processo realizado durante o atendimento de uma criança que foi entregue para um abrigo aos dois meses de idade. Várias tentativas de adoção foram realizadas e abortadas em muito pouco tempo, gerando e aumentando sentimentos de aniquilamento e rejeição. Essa criança, além disso, foi violentada sexualmente de modo sistemático desde os 3 anos até sua adoção com 6 anos e meio, por meninos mais velhos e por um adulto que deveria ser um cuidador.

 

Ele se apresenta para psicoterapeuta: “Você vai ser minha psicóloga? ” E em seguida: “Sabe, eu sou um Terremoto. ” (Sic)

 

Várias das alterações no setting nada ortodoxas foram realizadas segundo as necessidades captadas pela analista, as quais foram permitindo ao paciente o desenvolvimento e a aceitação de uma língua de ternura, segundo a terminologia de Ferenczi. As intervenções ajudaram a diminuir significativamente a erotização e a violência que, no meu entendimento, se apresentaram e foram desenvolvidas como formas reativas para se proteger e suportar a dor e o sofrimento mental que foi imposto de forma tão terrível e precoce.

 

Ao longo do trabalho, vamos reconstruindo juntos um ambiente confiável em que a ternura pode ser encontrada e aceita. O principal trabalho foi construir um território no qual houvesse confiança e o qual a destrutividade e a violência não pudessem atingir. Esse lugar foi o “centro da África”, no qual fica uma árvore chamada Baobá, região de proteção em que os terremotos e as inundações não pudessem atingir, nem destruir. Uma região onde o rio pudesse encontrar o mar, sem haver movimentação das placas tectónicas, com uma capacidade avassaladora de destruição. Todos esses nomes e imagens foram trazidas pelo menino Terremoto.

 

PALAVRAS-CHAVE: manejo, psicose, trauma, alterações do setting.

 

 

Bruno Esposito, psicanalista, membro-aspirante do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, especialista em Saúde Mental e Saúde Coletiva pela UNICAMP, psicólogo do Centro de Referência da Infância e da Adolescência (CRIA/UNIFESP).