Trabalhos
 

 

Resumo

A CRIANÇA E O INFANTIL NA CLÍNICA PSICANALÍTICA

Autores:

Antônio Moreira Lima Jr (Escola de Psicanálise de Campinas)
Psicanalista membro da Escola de Psicanálise de Campinas, Psiquiatra Infantil.

Claudia Thereza Guimarães Lemos
Psicanalista membro da Escola de Psicanálise de Campinas e professora colaboradora do IEL-UNICAMP. Doutora em Lingüística pela Universidade de Edimburgo, Reino Unido; professora titular aposentada do Instituto de Estudos da Linguagem-IEL, UNICAMP, onde implantou e coordenou e Projeto de Aquisição da Língua Materna de 1976 a 1995

Mariangela de Andrade Maximo Dias
Psicanalista membro da Escola de Psicanálise de Campinas e do Espaço Psicanalítico de Americana, Doutora em Psicologia Clínica pela USP, colaboradora do projeto ELIPSI (Espaço (de) linguagem e psicanálise)/OUTRARTE - estudos entre arte e psicanálise /UNICAMP.

Maria Teresa Guimarães Lemos
Psicanalista membro da Escola de Psicanálise de Campinas, Doutora em Linguística, pela UNICAMP, colaboradora da OUTRARTE - estudos entre arte e psicanálise /UNICAMP.

Marta Togni Ferreira
Psicanalista membro da Escola de Psicanálise de Campinas e do Espaço Psicanalítico de Americana, Psiquiatra Infantil.

Nina Virgínia Araújo Leite
Professora Doutora Instituto de Estudos da Linguagem/UNICAMP, Psicanalista Membro da Escola de Psicanálise de Campinas, Coordenadora do OUTRARTE - estudos entre arte e psicanálise, Coordenadora da Coleção "Psicanálise e seus litorais - arte, ciência e filosofia" da Editora da UNICAMP.

As questões atualizadas pela articulação entre o infantil e a criança na clínica psicanalítica constituem o eixo de investigação de um Grupo de Trabalho que vem se responsabilizando desde 2004, na Escola de Psicanálise de Campinas, pela realização de um curso anual através do qual busca-se compartilhar suas elaborações incluindo aqueles que, não sendo membros desta escola, sintam-se convocados pelas manifestações da criança e desejam testemunhar os impasses e embates que advém do encontro da criança com a alteridade.

O trabalho convocou a leitura dos textos de Sigmund Freud e de Jacques Lacan, uma vez que partimos da premissa de que as manifestações da criança constituem um texto cifrado de seu encontro com a alteridade, vale dizer, de que o sujeito não é um a priori, mas efeito de sua dependência ao campo do Outro, isto é, da combinatória do significante.

O Colóquio 100 anos da Psicanálise com Crianças ao comemorar os 100 anos da publicação do Caso Hans relança para esse grupo de trabalho a oportunidade de, uma vez mais, retornar às articulações que o inspiraram em sua proposta. A realização do curso A Criança e o Infantil na Clínica Psicanalítica em 2005 recolheu do diálogo que manteve com o texto  A Atualidade das Teorias Sexuais Infantis , estabelecido a partir do seminário de Jean Bergés e Gabriel Balbo, uma posição que nos levou a discernir que o infantil pertence ao que é da ordem dos avatares da infância, retornando como resto na transferência. Consideramos assim, alinhados ao pensamento de Freud, que a criança não seria o objeto mais apropriado para nos fornecer sem equívoco os trajetos do infantil pelas formações do inconsciente, uma vez que se trata de um sujeito em estruturação. Freud declarou a esse respeito que, se a observação das crianças fosse a fonte inequívoca e suficiente do material de que necessitamos para a validação de nossos pressupostos, não teria sido necessário escrever a obra Os Três Ensaios sobre a teoria sexual. A referência à leitura do pequeno Hans por Lacan no Seminário A relação de Objeto vem a dar plena conseqüência ao estatuto indissociável do infantil em relação ao significante, visto que a legibilidade das produções infantis evidencia-se nos diferentes trajetos que transformam e deslocam os elementos significantes que compõem o texto da fobia de Hans. O curso O tempo da criança e a constituição do infantil em 2007 retomou o fio lógico da articulação entre a criança e o infantil a partir da leitura dos textos  Análise de uma fobia em um menino de cinco anos (1909) e  História de uma neurose infantil (1918) a fim de demarcar os diferentes momentos lógicos que ordenam a estruturação subjetiva segundo as matrizes do estádio do espelho e do complexo de Édipo.