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Resumo

O CASO " A BAILARINA"

Autora: Eloisa Tavares de Lacerda (Serviço de acolhimento relação mãe/bebê da Derdic/PUC-SP)

Psicanalista Membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae; Coordenadora do SAMBE - Serviço de acolhimento Relação Mãe/Bebê da Derdic/Puc-Sp e do curso de especialização Clínica Interdisciplinar com o Bebê  a saúde física e psíquica na primeira infância da Cogeae/PUC-SP; Membro da atual Diretoria da ABEBÊ - Associação Brasileira de Estudos sobre o Bebê

Na busca de melhor caracterizar e tratar os problemas surgidos em períodos tão precoces da infância, como psicanalista, tenho achado importante sinalizar que o bebê corre risco tanto na direção do desenvolvimento quanto na da constituição psíquica. Venho tentando conceber um modo de entender esta clínica não só por ser uma inquietação de há muito, como também por me parecer de grande interesse e necessidade no tratamento de novas formas de mal-estar produzidas pela modernidade. Se é verdade que essa clínica é atual  uma vez que ela toca de perto quase todas as coisas sobre as quais a Psicanálise se debruça no momento  também é verdade que ela gera impacto, já que a intensidade das cenas clínicas que nos remetem à sobrevivência psíquica nos primórdios, causa-nos tamanha angústia que sempre precisamos de um tempo entre um atendimento e outro para nos refazer de tanto empréstimo! Penso que esta apresentação me possibilitará uma troca importante com outros psicanalistas.

O presente trabalho expõe um fragmento clínico de um bebê de três meses de idade e sua mãe num atendimento psicanalítico. Trata-se de uma das práticas exercidas por mim e por outros colegas que integram a equipe interdisciplinar do SAMBE - Serviço de Acolhimento Relação Mãe/Bebê da Derdic/Puc-SP. Neste caso a marca de uma patologia orgânica com uma conseqüente alteração funcional se fazia presente. Mas também se tratava de uma  patologia do laço , iniciada a partir do diagnóstico do bebê já ao seu nascimento. Dessa forma, a partir da escuta do Vínculo Precoce e não da Neurologia, pude fazer uma leitura do pedido mudo do bebê endereçado à sua mãe, ao constatar a gravidade de seu sintoma orgânico  mais uma vez a questão neuro-motora nas cenas clínicas com a primeira infância!. Pude ainda escutar o pedido, por demais angustiado da mãe: havia algo que a impossibilitava de transitar livremente na sua nova função, a materna e que a impedia de ter prazer e assertividade em suas tentativas de encontro com sua filhinha num momento da vida em que a presença corporal é tão carregada de sentidos quanto o são as palavras.

No transcorrer do relato, a psicanalista vai contando como acompanha a mãe no  cuidar de sua filha oferecendo, durante os encontros, uma mediação através da palavra e do diálogo tônico-postural  empréstimos necessários quando o corpo a corpo entre mãe e bebê é vivido como gerador de angústia.