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Resumo

O LUGAR DO PAI NA CONSTITUIÇÃO SUBJETIVA DA CRIANÇA NA FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA

Autora: Fernanda Andrade Leal (Ucsal - Universidade Católica do Salvador)

Graduada em Psicologia pela Faculdade Ruy Barbosa (FRB), Salvador, Bahia. Psicanalista. Mestranda do Programa de Família na Sociedade Contemporânea da Universidade Católica de Salvador (Ucsal). Bolsista da Fapesb.

O trabalho pretende discutir a atualidade da função paterna e seus efeitos na constituição subjetiva da criança na família contemporânea. Desde o início de seus estudos psicanalíticos, Lacan já manifestava seu interesse pela família, tendo publicado em 1938, um artigo intitulado La famille. À medida que desenvolve sua teoria da família, Lacan expõe sua teoria do desenvolvimento psíquico do sujeito, recorrendo à obra de Freud para desenvolver sua própria doutrina e conceitos relativos ao sujeito e à família, tendo como ponto referencial, o conceito de complexo de Édipo.

Desde 1938, no seu artigo sobre a família, Lacan responsabiliza o pai, ou melhor, o  declínio social da imago paterna por  um grande número de efeitos psicológicos (1987[1938], p.62). Ele acreditava que os efeitos psicológicos, que correspondiam às neuroses contemporâneas, resultavam da imagem desvalorizada do pai que surgia como conseqüência das mudanças sociais, políticas e econômicas, mas, sobretudo, da falência inevitável da família patriarcal, do fim do século XVIII.

Os efeitos psicológicos indicados por Lacan se expressam na contemporaneidade através de um crescente número de curiosos acontecimentos, que podem ser observados na prática da Psicanálise com criança, tais quais: a feminização dos meninos; a indefinição sexual das crianças de ambos os sexos; a imersão cada vez maior destas em mentiras e carências; e a ocorrência de pais cada vez mais ausentes na educação de seus filhos. O que essas observações denunciam com relação à função paterna de hoje?

É justamente essa realidade do pai do século XX e XXI, daquilo que é esperado dele enquanto função, a questão a ser debatida no trabalho, considerando, para isso, o declínio da função paterna e a conseqüência deste na constituição subjetiva das crianças, analisando as possíveis relações entre este declínio e os sintomas atuais infantis, bem como a especificidade de certos transtornos psicopatológicos infantis.

Considera-se a presente discussão, uma contribuição à reflexão, bem como à compreensão, dos atuais problemas enfrentados pelas crianças nas suas formas de organização familiar e conseqüente estruturação psíquica, a qual a família, por sua vez, enquanto uma instituição social princeps, deve realizar.