31 de agosto e 1 de setembro de 2012
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Trabalhos

Notas sobre a transferência no contexto de pesquisa com Indicadores Clínicos de Risco para o Desenvolvimento Infantil (IRDI)

Angela Flexa Di Paolo
Psicóloga graduada pela Universidade Federal do Pará (UFPA), mestre e doutoranda em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP). Pesquisadora na área de infância e psicanálise.

Rogerio Lerner
Psicanalista, Professor Associado (Livre-docente) e orientador de Pós-Graduação no IPUSP, Fellow do College of Research Training Programme - University College London/IPA. Lidera o grupo de pesquisa CNPq "Transtornos do espectro de autismo: detecção de sinais iniciais e intervenção", com verbas de pesquisa de órgãos nacionais e internacionais.

Ana Silvia de Morais
Graduada é psicóloga graduada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com experiência em clínica infantil. Formação prática no Núcleo de Intervenção Precoce (NIP) do Lugar de Vida – Associação de Educação Terapêutica. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP), com bolsa FAPESP.

Andrea Bianchini Tocchio
Psicóloga graduada pela Universidade São Marcos. Aprimoramento em Saúde Mental pela PUC-SP. Especialização em Psicologia Hospitalar Materno-Infantil pelo Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros. Mestranda do Programa de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP), com bolsa CAPES..

Edna Márcia Koizume Bronzatto
Psicóloga graduada pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Mestranda em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP). Formação em Psicanálise pelo Instituto Langage e pelo Centro Lacaniano de Investigação da Ansiedade. Pesquisadora na área de detecção precoce de risco para transtorno de espectro de autismo e de transtornos de desenvolvimento.

Gabriela Xavier de Araújo
Psicóloga graduada pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, mestre em psicopatologia, psicanálise e medicina pela Université Paris VII, doutoranda pela Université Paris VII em cotutoria com o Programa de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP).

Nathalia Teixeira Caldas Campana
Psicóloga graduada pela PUC-SP, com experiência em Acompanhamento Terapêutico e Observação de Bebês. Aprimoramento na clínica de Casal e Família pela PUC-SP. Especialização em Psicologia da Infância pelo Departamento de Pediatria da UNIFESP. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP).

Resumo

Segundo Freud (1912), a transferência preexiste à psicanálise, manifestando-se na vida cotidiana e, por vezes, sendo manejada por educadores, professores e médicos. Mais do que certa repetição do passado, ela funcionaria como um entre, como um escopo de ligação entre dois termos (passado/presente, longe/perto, eu/outro). Marca uma transição, uma passagem entre um eu e um outro, que acentua, ao mesmo tempo, uma proximidade e uma distância. A aplicação dos Indicadores Clínicos de Risco para o Desenvolvimento Infantil – IRDI, instrumento orientado pela articulação entre psicanálise, medicina, estatística e psicologia do desenvolvimento que detecta sinais de risco de transtornos na infância, o levanta algumas questões quando ocorre em contexto de pesquisas : de que forma é possível observar manifestações de transferência? Como sustentar a posição de um pesquisador interessado em observar sinais de problemas na infância e, ao mesmo tempo, partir do discurso psicanalítico que já opera seu tratamento? Como sustentar uma posição investigativa que permita reconhecer/sustentar laços transferenciais sem ignorá-los ou interpretá-los em excesso? Este trabalho tem como objetivo principal debater a importância do reconhecimento desse laço transferencial inerente à pesquisa com pais-bebês, realizada ao longo dos primeiros 18 meses de vida da criança. Em se tratando de um instrumento que foi construído a partir da psicanálise, é notável que o seu uso não se restrinja a uma aplicação protocolar, mas que permite efeitos analíticos que põem em evidência questões psíquicas referentes ao laço pais-bebês, à maternidade, à paternidade. Serão abordadas algumas vinhetas que mostram como a aplicação do IRDI em contextos de pesquisas do grupo inscrito no CNPq "Transtornos do espectro de autismo: detecção de sinais iniciais e intervenção" favoreceu intervenções clínicas. Os autores agradecem a FAPESP, a CAPES e o CNPq pelos financiamentos que tornaram possível seu trabalho de pesquisa.


Palavras-chave: sinais iniciais de problemas de desenvolvimento, transferência, psicanálise e pesquisa, indicadores clínicos de risco para desenvolvimento infantil.