31 de agosto e 1 de setembro de 2012
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Trabalhos

Escuta psicanalítica de grupo de pais no atendimento institucional de crianças com sinais de autismo.

Cristina Keiko Inafuku de Merletti
Psicanalista; especialista em "Tratamento e Escolarização de Crianças com TGD" pelo LV/Ipusp; mestranda em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo; membro fundadora e vice-presidente da Associação Lugar de Vida – Centro de Educação Terapêutica.

Resumo

Entendemos que o trabalho com pais em grupo tem sua importância não somente sobre a sua incidência na subjetivação das crianças em atendimento numa instituição, mas também como um discurso participativo e estrutural da rede que compõe os cruzamentos discursivos institucionais sobre a criança. Localizar os momentos de rupturas, paralisias ou mal-estares na instituição, seja em relação aos pais, às crianças ou à própria equipe, parece situar alguns pontos de contorno do real e de um objeto de gozo em torno da criança, especialmente em se tratando da criança autista. Pontos, a partir dos quais supomos que o discurso do analista emerge, ao promover giros discursivos, movimentando a produção de linguagem e possibilitando o estabelecimento de laços entre os sujeitos.

A escuta psicanalítica dos discursos parentais numa instituição aponta que é possível localizar diferentes efeitos no trabalho com pais em grupo, situando-o como um campo potencial para as trocas de experiências, para a confrontação de suas próprias falas e para a subjetivação nas relações com seus filhos. Certamente, verificamos também que o mesmo pode intensificar os efeitos imaginários, colocando algumas dificuldades e exigindo manejos transferenciais singulares com os pais no âmbito institucional. Verifica-se ainda a necessidade de articulações constantes entre os profissionais de uma equipe interdisciplinar para a construção de uma rede interventiva junto à criança e aos seus pais.     

Supomos que, advertidos sobre os diversos efeitos discursivos do encontro grupal e, levando em consideração o discurso parental articulado com outros discursos contemporâneos sobre a infância, os profissionais poderão construir estratégias e manejos mais precisos no atendimento institucional de crianças e no trabalho com suas famílias. Vale ressaltar ainda que ao promovermos um espaço de encontro e de fala para os pais, incluindo o seu saber sobre o infantil, os convocamos, pelo menos de partida, a sair do lugar de solidão, de exclusão, de fracasso e de culpabilização que muitos vivenciam no discurso social contemporâneo sobre os cuidados e a educação das crianças.


Palavras-chave: Psicanálise; instituição; autismo; transferência com pais.