31 de agosto e 1 de setembro de 2012
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Trabalhos

A Criação na Clínica Institucional: Projeto Intersetorial na Escola

Denise Maria Cardoso Cardellini
Psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae e membro do Grupo de Trabalho e Pesquisa em Psicanálise e Contemporaneidade no departamento, Psicóloga Clínica do Centro de Saúde de Pinheiros.

Resumo

A partir do eixo temático "A transferência fora das quatro paredes," pretendo trazer uma experiência clínica institucional de orientação psicanalítica com crianças, tecida e articulada com os movimentos transferenciais envolvidos em tal situação.

A concepção do que é relação transferencial, foi sofrendo transformações na esteira dos desafios clínicos surgidos com a segunda tópica freudiana, isto é, com o aparecimento de casos clínicos onde o sofrimento psiquico, não eram só neuroses. Temos outros desenvolvimentos teóricos-clínicos com Melanie Klein, D. Winnicott, Dolto, Laplanche e etc Neste trabalho, destaco a contribuição de Winnicott que considerava o psicanalista no processo analitico tanto como presença sensível quanto como alteridade radical, configurando a experiência transferencial um espaço de compartilhamento afetivo com possibilidade de criação.

Por estar a criança em plena estruturação subjetiva, o analista como suporte no manejo das situações clínicas, tem que se defrontar com intensidades e conflitivas que exigem uma escuta especial, pois, além da criança, inclui o entorno familiar no sentido de favorecer a emergência do inédito. Mais ainda, quando os atendimentos ocorrem no âmbito institucional e, tem que lidar com os enlaçamentos sociais que produzem subjetividade e sofrimento psiquico, gerando múltiplas transferências e questões a serem pensadas e discutidas.

Na perspectiva institucional recorro a outros autores que tematizam as questões institucionais e sociais para a reflexão desta experiência em uma unidade de Saúde Pública- Centro de Saúde de Pinheiros- onde coordeno um projeto de pesquisa e intervenção em uma escola pública encaminhadora de crianças. Daí, surgem indagações: Como romper este ciclo de diagnósticos e medicalizações que estreitam os caminhos dos alunos e afetam suas familias? Não poderiam as instituições serem espaços de maior continência, mais cuidados e inovações nas relações?

Com o propósito de conhecer mais a realidade escolar e construir um trabalho conjunto que envolvesse todos os participantes da comunidade escolar criamos o "Espaço Exploratório Lúdico" na escola. Veremos os desdobramentos e imbricações a partir desta experiência que foi disparada pelo atendimento de uma criança na instituição. Também esta experiência pôde ser ampliada pelas conexões com uma rede atuante no território Pinheiros.

Por fim, o trabalho trata de uma psicanálise em movimento que se estende até às instituições e atravessada por questões de grande complexidade, torna o fazer clínico sustentado pela transferência em possibilidades e alcances.


Palavras-chave: Clínica Institucional; psicanálise de crianças; transferência; criação.