31 de agosto e 1 de setembro de 2012
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Trabalhos

Algumas questões relacionadas à transferência no psicodiagnóstico interventivo

Giselle Faria Guimarães
Psicóloga graduada - IPUSP, Especialista em Psicologia Infantil -UNIFESP, Mestre em Psicologia Clínica – PUC/SP, Supervisora de Psicodiagnóstico e Grupos e Comunidades – UNIP, Supervisora clínica no ComTato - Instituto Fazendo História.

Mariana do Nascimento Arruda Fantini
Psicóloga graduada – PUC/SP, Especialista em Psicoterapia Psicanalítica – IPUSP, Mestre em Psicologia Clínica – PUC/SP, Supervisora de Psicodiagnóstico e Psicoterapia Psicanalítica – UNIP.

Resumo

O objetivo do trabalho é construir uma reflexão sobre o fenômeno transferencial na prática do psicodiagnóstico interventivo em grupo realizado na clínica-escola da Universidade Paulista – UNIP. Tendo em vista as especificidades deste processo, destacamos algumas  questões que consideramos relevantes e que merecem ser pensadas do ponto de vista da transferência nesta modalidade de atendimento.
Inicialmente, discutiremos os aspectos transferenciais relacionados ao momento da procura pela clínica-escola e a chegada ao atendimento. Entendemos que, neste momento, o psicólogo ou, a instituição ocupam a posição de objeto subjetivo para os pais que procuram atendimento para seus filhos e também para estes. Sendo assim, trataremos a transferência como o movimento que inicia e possibilita reparar as falhas ambientais que teriam ocorrido no processo maturacional das crianças (e da família), na medida em que as crianças e seus pais concebem encontrar o auxílio necessário para isso. Winnicott apresenta uma concepção de transferência que não se baseia apenas na repetição presente de uma relação do passado, no acontecido, mas inclui a esperança de viver o que não aconteceu e que, portanto, busca realização.
Abordaremos a necessidade de o psicólogo atuar a partir deste lugar de objeto subjetivo, não realizando um psicodiagnóstico tradicional centrado na coleta de dados, mas intervir facilitando a emergência de um encontro significativo, favorecendo a compreensão de uma problemática que paralisava o desenvolvimento emocional da criança.
Tendo em vista a brevidade deste tipo de atendimento e, além disso, a eventual necessidade de realizar um encaminhamento eficiente, buscamos demarcar claramente o alcance e os contornos deste atendimento, cuidando para não estimular a neurose transferencial, ao mesmo tempo em que buscamos sustentar a esperança pela cura. Tecnicamente, utilizamos como referência a experiência do jogo da espátula, descrita por Winnicott, como modelo para todo o processo do psicodiagnóstico, procurando ajudar o paciente e suas famílias a terem uma experiência completa e integrada, podendo se despedir do psicólogo que conduziu o psicodiagnóstico e ansiando por um novo encontro também significativo, quando for o caso de um encaminhamento.
Finalmente, percebemos a necessidade de, em alguns casos, intervir de forma interpretativa frente às resistências que impedem o desenvolvimento do processo de psicodiagnóstico. Essa necessidade reforça a posição de que, mesmo em uma etapa diagnóstica, o psicólogo deve colocar-se em um lugar interventivo.


Palavras-chave: Psicodiagnóstico Interventivo, Transferência, Objeto subjetivo, Jogo da Espátula.