sedes
Trabalhos

Um pai entre muitas mães.

Alessandra Cassia Leite Barbieri
Psicóloga, psicanalista, terapeuta voluntária da Clínica Psicológica do Instituto Sedes Sapientiae, membro do Departamento de Psicanálise da Criança do ISS.

Lindilene Toshie Shimabukuro
Psicóloga, psicanalista, coordenadora de equipe clínica na Clínica Psicológica do Instituto Sedes Sapientiae.

Resumo

Em nossa experiência de atendimento na Clínica Psicológica do ISS, a composição grupos psicoterapêuticos psicanalíticos com crianças + grupo de escuta psicanalítica a pais (que acontecem semanalmente e em horário concomitante) vem se mostrando um dispositivo possibilitador de movimentações subjetivas muito importantes, tanto nas crianças quanto naqueles que delas se ocupam.  Chama nossa atenção, no entanto, ao longo de anos utilizando desse dispositivo,  que são as mães - eventualmente, as avós -  aquelas que se apresentam para participar do grupo de escuta a pais, mesmo naqueles muitos casos em que o casal parental tenha comparecido para as entrevistas iniciais.
Raros foram os momentos em que um pai se fez presente no grupo. E mais raro ainda, quando, presente, tenha conseguido implicar-se em sua fala e nas questões trazidas pela família e pela criança. Pois gostaríamos de discutir neste trabalho exatamente uma exceção em nossa regra: um pai que se fez presente, a seu modo, nos encontros semanais, e quais os desdobramentos que percebemos nas movimentações subjetivas da família (pai, mãe, filhos) e do filho, que estava em atendimento no grupo de crianças. Para efeitos dessa apresentação, recortamos um período de um ano e meio de atendimento.
Durante esse tempo, aos poucos, e a seu modo, esse homem entre as mulheres, esse pai entre as mães ali presentes, foi se aproximando das questões familiares, das próprias questões que perpassavam a sua relação com os filhos, foi escutando, se escutando, e sendo escutado, incluindo-se no sintoma do filho e nas questões familiares, e abrindo-se para novas maneiras de estar com a esposa e seus meninos, novas maneiras de viver sua própria vida. Enquanto isso, seu filho abandona uma inibição que o impedia de aprender a ler e a escrever, e passa a interessar-se pelo mundo a sua volta e pode mostrar/criar suas habilidades.


Palavras-chave: grupo psicoterápico de pais, psicanálise de pais, grupo psicoterápico de crianças, psicanálise na instituição.