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Trabalhos

A escola como espaço apto ao olhar, à escuta e à intervenção psicanalítica.

Belizia Aben-Athar Barcessat

Psicóloga, Doutora em Psicologia Clínica pela PUC –SP e Professora Adjunta da Faculdade de Psicologia da Universidade Federal do Pará. Coordena o projeto de extensão: Atenção psicológica à criança e ao adolescente: ações preventivas e terapêuticas a partir da escola.

Resumo

As interlocuções profícuas entre os campos da Psicanálise e da Educação extendem-se, como via de articulação teórico-prática, às inúmeras propostas de intervenção psicológica no contexto escolar. A escola ocupa um lugar primordial no estabelecimento do processo de identificação da criança e do adolescente. Como representante maior da socialização secundária, é na escola que supostamente se constroem as relações e as trocas intersubjetivas simétricas de maior impacto na vida de um sujeito. Como mediadora privilegiada do conhecimento científico e da cultura, a escola dispõe de mecanismos propícios à simbolização, à construção e à criação , movidas pela curiosidade e pelo desejo de saber. Daí podem tornar –se, para o sujeito, desde o acionamento de mecanismos compensatórios ,vias aptas à relativização de feridas narcísicas e à ressignificação de conflitos identificatórios. No entanto, de modo contrário, o contexto escolar tem se evidenciado como espaço privilegiado de eclosão e de cristalização do sofrimento psíquico e, não raramente, em palco de cenas de intolerância e de violência ,inclusive em suas modalidades simbólicas contemporâneas como os chamados “bullying”, produzindo consequências desastrosas para a saúde psíquica atual e futura do criança e do adolescente. Essa perspectiva embasa a efetivação de um projeto de extensão da Universidade Federal do Pará voltado a ações de prevenção e de intervenção sobre o sofrimento psíquico de crianças e de adolescentes no interior da instituição educacional. A disponibilização do olhar e a abertura de um espaço para a escuta psicanalítica no ambiente escolar aos alunos, aos agentes educacionais e às famílias não se configuram como prática clínico-terapêutica . Trata-se de promover uma compreensão dinâmica a respeito de aspectos que articulam determinantes de histórias individuais e as experiências de socialização e de educação produzidas e vivenciadas na escola. Em tempo de interrogação sobre o paradeiro do pai, a escola é cenário privilegiado à deflagração de problemas que denunciam falhas constitutivas e funcionais voltadas predominantemente à vertente paterna da construção subjetiva. Por outro lado, há que se considerar a presumida função complementar a ser exercida por essa instituição em seu potencial poder de confirmação ou de relativização dos determinantes que marcam o processo de subjetivação.

Eixo Temático: Extensões da Clínica.

Palavras-chave:escuta psicanalítica, prevenção, educação, instituição escolar.