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Trabalhos

A representação da figura paterna em famílias que a mãe trabalha fora:
a percepção de crianças pré-escolares a partir do desenho da família com estória.

Fabiana Mara Esteca
Graduada em Psicologia pela PUC-SP (2004), especialista em Terapia Familiar e de Casal pelo Instituto Cogeae (2010); Mestre em Psicologia do Desenvolvimento pelo Instituto de Psicologia da USP (2012); doutoranda em Psicologia Clínica pela mesma instituição.

Audrey Setton Lopes
Possui doutorado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo (1993) e formação como Psicanalista pela Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo e Pelo Instituto Sedes Sapientiae. Atualmente é professor do Instituto Sedes Sapientiae e professor doutor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Fundamentos e Medidas da Psicologia e Psicologia do Desenvolvimento Humano, atuando principalmente nos seguintes temas: psicanálise, psicodiagnóstico, técnicas de exame psicológico, relações pais- bebê, desenvolvimento psíquico e inibição intelectual.

Resumo

Este trabalho apresenta uma análise baseada em nossa pesquisa de mestrado, concluída em 2012, cujo objetivo estava em compreender os modos de percepção da criança sobre sua família, bem como sentimentos em relação a cada um dos pais, em famílias em que a mãe trabalhava fora e em famílias em que a mãe se dedicava exclusivamente ao cuidado dos filhos e da casa. Nossa hipótese inicial era de que a percepção infantil sobre suas relações familiares poderia se alterar com o fato da mãe exercer uma profissão; outra hipótese era a de que poderia existir uma percepção de maior proximidade com a figura paterna nas famílias onde a mãe exercia uma profissão, na medida em que o cuidado com os filhos poderia ser dividido mais igualitariamente. Para tanto, realizamos uma pesquisa qualitativa, de abordagem psicanalítica, com seis famílias de classe média da cidade de São Paulo, sendo que em três delas a mãe trabalhava fora e nas outras três não. Realizamos uma entrevista semi-dirigida com o casal e, separadamente, aplicamos o Procedimento de Desenho da família com Estória com as crianças, com idades entre seis e oito anos. A partir da análise dos dados foi possível perceber que, independente da mãe trabalhar fora, as crianças se mostraram sensíveis principalmente com a realização conjugal dos pais e com a participação de cada um em suas atividades cotidianas, sensíveis, portanto, ao investimento afetivo de ambos os pais com a parentalidade. Nas famílias em que essa divisão de cuidados e tempo para ficar com os filhos era muito desigual entre os pais, a criança apresentava conteúdos gráficos e verbais hostis direcionados à figura menos participativa, assim como elementos de conflito e angústia mais proeminentes se comparados aos conteúdos das crianças de famílias mais igualitárias nesse sentido. A partir de alguns desenhos realizados pelas crianças, apresentaremos considerações a respeito da representação do pai em diferentes constituições familiares que participaram desta pesquisa e como essa representação se altera dependendo da dinâmica familiar estabelecida.

Palavras-chave: Relação pais-criança; casal de dupla carreira; desenho da família com estória.