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Trabalhos

Do pai absoluto ao pai sem gravidade.
“Mater certíssima, pater semper incertus est”.

Grace Lagnado
Psicóloga e psicanalista, mestre em psicologia clínica pela Université Catholique de Louvain-Neuve (Bélgica), com especialização em psicanálise pelo Instituto Sedes Sapientiae. É professora e supervisora clínica do curso de Formação em Psicanálise de Crianças do Centro de Estudos Psicanalíticos (CEP).

Resumo

Com a conquista da mulher no mercado de trabalho, suas reivindicações por direitos iguais e igualdade nos cuidados de seus filhos, curiosamente o pai ficou um pouco à deriva. Outrora, pai provedor, tirano, superegóico. Hoje, pai “mole” que não separa a mãe do filho. É de se perguntar se ele não teria passado seu bastão a sua prole, não sendo raro encontrarmos a criança tirânica que exige todas as atenções e não tolera nenhuma frustração. Afinal de que pai trata-se? É um pai que se apresenta de forma diferenciada, e não em termos de déficit, falta ou declínio. E essa forma diferenciada vai promover uma nova forma de exercer sua paternidade. A anulação da dissimetria essencial das funções paternas e maternas tem consequências na estruturação subjetiva da criança. O lugar que ele ocupa no desejo de sua mulher parece ser fundamental para compor o cenário da função simbólica de quem proíbe, mas também protege e incentiva. Desprovido de sua autoridade, ele caiu na descrença do poder que ele tenta exercer. Dito assim, seria legítimo pensarmos que passamos do pai absoluto ao pai sem gravidade.

Palavras-chave: Função simbólica- Função paterna- Interdito - Desejo- Superego.