sedes
Trabalhos

Reconstruindo a figura paterna com massa de modelar.

Laura de Albuquerque Maranhão Pereira de Sousa
Psicóloga Clínica formada pela Université de Montréal – Canada e Universidade de Brasília - DF; Especialista em Teoria Psicanalítica Uniceub/Sociedade Psicanalítica de Brasília.

Resumo

Tiago, um menino de 7 anos, chega ao consultório com queixa de agressividade e hiperatividade. Sua anamnese revela que ele foi abandonado pelo pai biológico quando tinha apenas 4 meses de idade. Com um ano, a mãe se casa novamente e Tiago ganha um novo pai que o cria até os 6 anos. A mãe então, decide se separar e começar uma nova relação com outro homem. Desde o começo da análise Tiago mostra uma carência afetiva muito grande e uma insegurança em deixar a sala e a terapeuta. Depois de alguma sessões, um boneco de super-herói, que se encontrava na sala e com o qual brincava frequentemente, desaparece. A partir deste acontecimento a análise toma outro rumo. Tiago elabora sua angústia ao procurar o super-herói e começa a fantasiar sobre o que o boneco desaparecido pode estar fazendo. Esta dinâmica se repete durante alguns meses, nos quais a terapeuta trabalha com ele a perda do boneco. É então, depois de várias sessões, que Tiago decide que aquele super-herói morreu e começa a brincar de fazer seu próprio super-herói com massa de modelar: o “homem-massinha”. O "homem-massinha" vira ponto central das brincadeiras e toma forma, hora de massinha malvada, hora de massinha boa, engolindo os outros bonecos, diminuindo e aumentando  seu tamanho. A partir de fragmentos de sessões da análise, observamos então, graças ao brincar na clínica, a abertura para uma elaboração de Tiago da perda do pai e uma possibilidade de reconstrução desta figura paterna perdida e confusa.

Palavras-chave: Psicanálise com crianças; Figura paterna; Técnica do brincar; Simbolismo.