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Trabalhos

Mamãe, eu posso ser diferente? – A Imagem Inconsciente do Corpo e
os Sentidos do Desejo

Christiane Carrijo: Professora Assistente Doutora do Departamento de Psicologia da UNESP-Bauru. Supervisora do Estágio em Psicologia Clínica: Psicanálise com Crianças – CPA-UNESP. Mestre em Psicologia Clínica – PUC-SP. Doutora em Filosofia – UFSCar-SP.
Patrícia Porchat: Professora Assistente Doutora do Departamento de Psicologia da UNESP-Bauru e do Programa de Pós-Graduação em Educação Sexual da UNESP-Araraquara. Mestrado e Doutorado pelo Instituto de Psicologia da USP-SP. Autora do livro “Psicanálise e Transexualismo: Desconstruindo Gêneros com Judith Butler”.

Eixo temático: Questões de gênero

Resumo

O objetivo desse trabalho é pensar o corpo e a imagem inconsciente do corpo de um menino de sete anos de idade com questões referentes ao gênero, por meio de alguns fragmentos clínicos de sua análise. A psicanálise analisa como o corpo não é redutível apenas ao biológico e dá a ele um outro estatuto, este se relaciona incondicionalmente a existência do inconsciente e do desejo. Françoise Dolto postula que a imagem inconsciente do corpo é a síntese viva das experiências emocionais de um sujeito relacionadas ao desejo e mediadas pela linguagem na comunicação entre sujeitos; ela não é um dado anatômico natural. Nesse sentido, a imagem inconsciente do corpo não pode ser confundida com o esquema corporal, este é uma realidade de fato, é o mesmo para todos os indivíduos da espécie humana e se relaciona com o contato que estabelecemos com o mundo físico. O esquema corporal é, em parte, inconsciente, mas também é pré-consciente e consciente. A imagem do corpo é sempre inconsciente, podendo tornar-se, em parte, pré-consciente e é acessada apenas por meio da linguagem verbal com figuras de linguagem (metáforas e metonímias) referidas à imagem do corpo e na psicanálise de crianças, é acessada também por meio dos desenhos e modelagens produzidas pelos pacientes no transcorrer do processo psicoterapêutico e, assim, capturadas por essas imagens plásticas e pelo discurso que emerge referente a elas. Trabalhar-se-á com a história clínica de F., sete anos, fruto do desejo de uma mãe que queria que ele fosse um “homem diferente” desde a gestação e a inter-relação de uma genealogia transmitida pelo banho de linguagem na construção de seu psíquico. Tentar-se-á pensar a imagem inconsciente do corpo e o estádio do espelho dessa criança, entendendo que o corpo do indivíduo se constrói a partir da imagem de um outro que lhe seja familiar e da rede discursiva significante de sua história.


Palavras-chave: gênero, imagem inconsciente do corpo, corpo pulsional, transmissão psíquica transgeracional, estádio do espelho.