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Trabalhos

Visão dos pais sobre a sexualidade dos seus filhos:
relatos da entrevista inicial

Marcela Lança de Andrade: Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP), graduada em Psicologia pela Faculdade de Ciências e Letras de Assis, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
Fernanda Kimie Tavares Mishima-Gomes: Doutora e Mestre em Psicologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP); Psicóloga do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP).
Valéria Barbieri: Docente do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP).

Eixo temático: Sexualidade infantil, triagem, família, orientação.

Resumo

Dentre os temas de relevância para a compreensão da história infantil das crianças que buscam atendimento está a sexualidade, apesar de ser considerado um assunto ainda muito difícil de ser abordados pelos pais e responsáveis. Este trabalho apresenta a maneira como pais e responsáveis responderam sobre a sexualidade de seus filhos na entrevista inicial de um processo de triagem para atendimento psicológico em uma clínica-escola. Passaram pelo processo de triagem 100 crianças, 67 meninos e 33 meninas, com idades entre 2 anos e 10 meses e 12 anos (média de idade 8,6 anos). Foram abordadas questões como curiosidade sexual, como os pais reagem a esta curiosidade, masturbação, atitude da família, quem orienta, brincadeiras sexuais com outras crianças e dificuldades em relação à sexualidade. Os pais apresentaram receio e surpresa ao serem perguntados sobre a sexualidade dos filhos, 60% deles disseram que seus filhos já expressaram curiosidade sexual, dentre estes 12% alegaram ser normal, 21% falam abertamente sobre este assunto com os filhos, 15% sentirem-se incomodados, 7% não falam sobre o assunto, 13% não quiseram responder aos questionamentos dos filhos e 7% acredita que as crianças são muito novas para entender deste assunto. Em relação à pergunta sobre a masturbação apenas 24% das crianças já manipularam seus genitais (20 meninos e 4 meninas). Quanto à função de orientar os filhos, a resposta majoritária foi a mãe (55%), seja sozinha ou acompanhada do cônjuge ou outros familiares. Com relação à presença de brincadeiras sexuais com outras crianças, apenas 12% disseram ter conhecimento de que isso tenha acontecido, dentre estes 66,66% meninos e 33,33% meninas. Quando questionados acerca da dificuldade em relação à sexualidade, 7% relataram que a criança sofreu abuso sexual e um pai estava preocupado com a orientação sexual de seu filho, em contrapartida, 71% relatou que não há dificuldade. A partir destes dados é possível perceber que ainda há dificuldade em falar sobre a sexualidade dos filhos, muitas vezes os pais se sentem desorientados quanto à maneira de auxiliar a descoberta e o aparecimento de manifestações de ordem sexual. Destaca-se a relevância de se promover estratégias e discutir intervenções possíveis a respeito do tema, para que famílias, escolas e outros envolvidos participem ativamente da orientação sexual das crianças.


Palavras-chave: Sexualização da infância.