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Trabalhos

A clínica psicanalítica contemporânea diante dos impasses na função materna e na constituição psíquica infantil

Mariana Fontoura Terra Bento: Psicóloga graduada pela USP-SP, com aprimoramento profissional em psicologia clínica no Hospital do Servidor Público Estadual. Master Recherche em psicanálise e psicopatologia pela Universidade Paris 7. Trabalhou como psicóloga plena no Programa Einstein na Comunidade Paraisópolis. Atuação clínica atual em consultório particular.

Thais Siqueira: Psicóloga graduada pela PUC-SP. Estagiou em La Borde e na École Experimentale de Bonneuil-sur-Marne. Atual formação em Psicanálise no Instituto Sedes Sapientiae. Acompanhante terapêutica membro da Equipe HIATO, psicóloga plena no Programa Einstein na Comunidade Paraisópolis e atuação clínica em consultório particular.

Eixo temático: Complexo de Édipo

Resumo

Em seus Três Ensaios, Freud (1905) afirma que os sintomas são a atividade sexual do doente. A pulsão sexual não encontraria descarga como atividade psíquica consciente, manifestando-se em formações sintomáticas substitutivas, numa solução de compromisso entre desejo e defesa. Considerando a histeria como ponto de partida de sua pesquisa, Freud construiu um modelo de aparelho psíquico fundamentado no paradigma da neurose, regulado pelo mecanismo do recalque frente ao excesso pulsional. O método psicanalítico operava então predominantemente a partir da interpretação, buscando desvelar e fazer recordar, apesar das forças de resistência, o que permanecia inconsciente nas associações do paciente. No entanto, mais de um século após as formulações teóricas freudianas, outros desafios clínicos se impõem diante de novas configurações familiares, especialmente na clínica da infância. Dentre estes desafios, abordaremos sintomas de um paciente que surgem desde os primeiros meses de vida, tais como dificuldades alimentares, atrasos motores e de fala significativos, os quais parecem se articular com dificuldades no estabelecimento das relações fundamentais para o desenvolvimento psíquico da criança. Destacaremos então os desencontros primeiros nessa relação mãe-filho, os efeitos nas possibilidades de filiação oferecidas pelos pais e consequentes impactos na estruturação psíquica desta criança. Nesse sentido, a partir dessa reflexão de caso, o presente trabalho pretende discutir a peculiaridade da clínica psicanalítica contemporânea diante dos impasses na constituição subjetiva. Considerando a estruturação edípica, quais seriam as marcas desse desencontro entre mãe e filho, e quais manejos se fazem necessários para uma possibilidade de análise e seu desenrolar? Abordaremos as manifestações de uma sexualidade perverso polimorfa e suas possíveis elaborações lúdicas nas sessões; além das tentativas de resgate desse laço materno e familiar, como também de sua construção, já que a transferência nesse caso evidencia não apenas o desvelamento.


Palavras-chave: função materna, estruturação edípica, sexualidade infantil, construção analítica.