A Neutralidade, suas raízes e desdobramentos...

Mariângela Wechsler

 

 

Caro leitor,

Na nossa primeira apresentação falamos da função do psicodramatista-pesquisador, enfatizando sua implicação no campo de pesquisa e, portanto, seu envolvimento existencial no fenômeno e também seu distanciamento reflexivo... a possibilidade de um contínuo tornar-se, em mão dupla: a transformação contínua de atores sociais para autores sociais de todos os envolvidos no campo de pesquisa...

Hoje queremos enfatizar a questão da Neutralidade, suas raízes e desdobramentos X um psicodramatista-pesquisador que possibilita o desenvolvimento de Sistemas Sociais e liberação de potencial humano.

Ora, parece-nos incoerente falar de neutralidade do pesquisador-psicodramatista num campo de pesquisa onde o projeto dramático passa pelo encontro de subjetividades. Se a neutralidade tem suas raízes num paradigma positivista, onde as categorias do real são passíveis de serem descobertas pelo pesquisador, cabendo a ele delimitar seu campo de observações sobre um objeto a ser observado, então, o encontro de subjetividades é delimitado pelo quê? Respostas difíceis..., pois nos encaminham para uma ruptura de paradigma, quer seja a abertura para o inusitado ou, pelo menos, ao reconhecimento que falamos que nos orientamos por um modelo diferente do positivista e tendemos a atualizá-lo....

Cabe a nós psicodramatistas-pesquisadores sermos fiéis às nossas filiações epistemológicas e às nossas contradições, pois somos seres históricos, cunhados, também, num caldo positivista e o re-conhecimento da nossa trajetória como seres históricos e suas implicações no papel de pesquisador-psicodramatista pode apontar para a possibilidade de transformação...

Como uma última reflexão, neste momento: o que perseguimos no encontro de subjetividades é a liberação do potencial humano – a telespontaneidade- e a metodologia socionômica persegue o desenvolvimento de sistemas sociais, portanto, nossa pesquisa tem uma natureza política – no sentido da ética da polis- e ideológica. Tem alguma coisa a ver com Neutralidade?

Obrigado pelo seu acompanhamento...!

 

Junho 2007

 

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Mariângela Wechsler
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