A Subjetividade da mulher

Heloisa Fleury

 

Caro Leitor,

Escolhi esse tema por ter sido objeto de muitos estudos quando escrevi minha Tese de Mestrado. Confirmei, ao longo da pesquisa, a importância de termos também referências de realidade quando ouvimos queixas trazidas por nossos clientes. Assim, a evolução do conceito que apresento abaixo, além de estabelecer uma frutífera articulação da Medicina e da Psicologia, espero que possa contribuir no atendimento de mulheres.

A resposta sexual humana foi dividida em quatro fases: desejo (fantasias sexuais e desejo por atividade sexual); excitação (sensação de prazer sexual, acompanhada de mudanças fisiológicas); orgasmo (clímax do prazer sexual); resolução (bem-estar e relaxamento muscular) (DSM-IV-TR, APA, 2003).

Nesse modelo tradicional, não há diferenciação entre a sexualidade masculina e a feminina. Porém, evidências clínicas têm demonstrado a importância para a mulher de aspectos mais subjetivos, ligados a condições psicossociais, culturais e relacionais, comprovando a limitação desse modelo para a compreensão da sexualidade feminina.

Ao final da década de 1990, Rosemary Basson, psiquiatra canadense, pesquisadora do Centro de Sexualidade da British Columbia University , acrescentou ao modelo tradicional aspectos relacionados à subjetividade da mulher. Mais do que um impulso biológico, esse modelo valoriza o desejo por intimidade como motivação para a atividade sexual.

Hoje é consenso entre os especialistas da área que aspectos subjetivos, relacionados principalmente à própria mobilização para o sexo e ao contexto criado pelos parceiros, são de fundamental importância para a maioria das mulheres. A experiência sexual pode começar sem motivação sexual suficiente, apenas com o desejo por maior proximidade, envolvimento, compartilhamento, carinho, além de outras razões de caráter não sexual. Nessas condições, a mulher estará mais disponível para buscar condições favoráveis, como o diálogo, a música, o erotismo escrito ou visual, ou a estimulação física direta, desencadeando a excitação.

A inibição do desejo é a principal dificuldade sexual feminina. Envolve aspectos biológicos, principalmente na transição da menopausa, quando ocorrem alterações hormonais. Porém, os estudos têm demonstrado a importância da sua disposição e motivação para o sexo, além da influência de fatores emocionais, ambientais e aqueles relativos ao relacionamento do casal. Por exemplo, mulheres que sentem dor à penetração, nos casos em que o casal não busca outras alternativas de relacionamento, gradualmente vão apresentando uma diminuição do desejo, em decorrência da expectativa de desconforto.

Principalmente em relacionamentos de longa duração, é muito importante que o casal facilite a criação de momentos de proximidade, em que os dois se aqueçam para a atividade sexual, criando o locus para a experiência compartilhada.

Mais informações na Tese de Mestrado disponibilizada no website: www.heloisafleury.com.br

 

 

Maio 2007

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Heloísa Junqueira Fleury
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