Alguns princípios sobre o funcionamento de grupos
Terezinha Tomé Baptista
Um diretor de grupo deve ter em mente a noção de que o mesmo é uma forma de sociedade, portanto sujeito a reproduzir o funcionamento e dinâmicas próprias de uma comunidade. Levanto a seguir algumas normas que considero básicas para nortear a atuação de um diretor – a partir delas, esse profissional terá condições de promover a evolução das pessoas que participam de um grupo, de forma tal a que se beneficiem, apreendam a importância da vida grupal e retornem para suas comunidades com mais recursos para torná-las mais potentes.
- Num grupo as pessoas se influenciam mutuamente (tanto para o bem, como para o mal), o que indica a possibilidade de boas produções, o engrandecimento de seus componentes e a necessidade de alerta para eventuais efeitos nocivos entre e sobre alguns dele.
- As forças grupais se sobrepõem às individuais, o que imprime a necessidade de identificá-las e reforçá-las em propostas que promovam mobilização, integração e articulação.
- Qualquer grupo precisa de um mínimo de coesão para se desenvolver e sobreviver ao longo do tempo. As forças de atração entre seus membros devem ser sempre superiores às de recusa ou desaprovação. Um grupo torna-se inviável (do ponto de vista da saúde grupal), se as forças de negação forem mais potentes que as de aceitação.
- Desde o primeiro encontro configura-se uma estrutura mínima em qualquer grupo: já nessa fase travam-se movimentos de simpatia e/ou antipatia entre seus membros e muitas vezes esse fenômeno resulta do poder de influencia que algumas pessoas têm. É ilusório esperar que todos gostem de todos da mesma forma e/ou com a mesma intensidade: é natural e saudável haver diferenças no tipo e distribuição dos afetos.
- Todo grupo compõe-se de uma estrutura oficial (consciente e aparente) e outra sociométrica (inconsciente e invisível a olho nu). Quanto maior a divergência entre as duas, a mais conflitos e tensões o grupo está sujeito, sendo verdadeiro o oposto: quanto menor a discrepância, menos sofrimento este grupo terá a suportar e superar.
- O grupo apresenta duas dimensões sob as quais as pessoas se relacionam: a horizontal (que se refere aos afetos naturais entre seus membros) e a vertical (relativa à distribuição de tarefas e papéis, e à identificação e reconhecimento de lideranças entre seus componentes). As duas dimensões podem apresentar-se simultaneamente: a horizontal pressupõe equidade de status entre os participantes e a vertical acolhe e valoriza as diferenças, evidenciando evolução grupal.
- Nenhum grupo prescinde de lideranças. No inicio essa função está localizada no diretor (o que no inicio pode caracterizar certa dependência do grupo em relação a ele), mas com o desenvolvimento grupal, essa vai se distribuindo entre os participantes, passando o diretor a desempenhar funções de “organizador” geral.
- O grupo não suporta membros isolados ou com dificuldades de integração por muito tempo. Deve haver mecanismos tais de controle e avaliação grupais, que apresentem soluções para eventuais casos: a insistência ou permanência prolongada pode enfraquecer um grupo e causar intensos sofrimentos aos que não conseguem integrar-se.
Setembro 2008
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