Aquecimento para a Ação...

Cristina Fonseca

Quando fui convidada pelo DPSedes a escrever uma coluna sobre o Psicodrama no ambiente corporativo pensei em como poderia agregar valor para os nossos leitores e colegas, que transitam neste mundo (e também para aqueles que não o fazem com tanta freqüência) e que em diferentes momentos poderiam ter sentido incertezas, desconfortos, medos, inquietações, satisfações, alegrias e outras emoções, como eu, ao se depararem com os desafios que nos são lançados e dizem respeito ao dia-a-dia das organizações.    

Alguns temas recorrentes surgiram, como a importância da transparência no contrato de trabalho e a ética nas relações, os desafios das fronteiras entre o socioeducacional e o terapêutico quando levamos o Psicodrama para as organizações, as cenas temidas do psicodramatista no ambiente organizacional, como mexer com as conservas e quebrar paradigmas nas diferentes culturas existentes nas empresas, o desempenho e desenvolvimento do papel profissional, os diferentes personagens que atuam no “teatro organizacional”, como trabalhar a diversidade, as mudanças e os conflitos no contexto grupal das organizações, como aumentar a potência dos profissionais diante dos diferentes desafios organizacionais, enfim são tantas coisas que dificultam por onde começar...

A possibilidade da troca de experiências e da interlocução que este espaço nos abre, foi o que me motivou, bem como a vontade de co-construir este conhecimento e ampliar nossa leitura e entendimento sobre as questões acima e outras tantas e seus desdobramentos, que possam surgir no decorrer deste diálogo.

Agradeço ao DPSedes pela oportunidade. Aos leitores, que porventura tenham interesse e curiosidade de “xeretar” nesta coluna, trago uma inquietação que me acompanha nos últimos tempos e que consegui outro dia sintetizar numa pergunta, após umas tantas aulas dos meus colegas, muitas leituras e algumas discussões mais ou menos polêmicas, mas sem dúvida, muito produtivas: Se partirmos da idéia de que “identidade é singularidade”, será que “é possível buscar esta singularidade num mundo de iguais?”

Contextualizando um pouco mais... Este “mundo de iguais” em que estão se transformando as culturas organizacionais, no qual os modelos de competências não só existem, mas atualmente permeiam todos os processos de recursos humanos — desde a seleção dos profissionais, passando pela avaliação de desempenho, treinamento e desenvolvimento—, permite aos diferentes indivíduos preservar sua identidade e, por conseqüência, sua singularidade?     

Sem mais delongas, deixo para vocês, de presente, uma frase do poeta Drummond, para resumir conversa.

E cada instante é diferente, e cada homem é diferente, e somos todos iguais. (Carlos Drummond de Andrade).

Aguardo vocês, até breve.

 

Outubro 2008

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Cristina Fonseca
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