Coerência

Rosane Rodrigues

 

 

Aí os colegas brasileiros me perguntam (e e-mails dos estrangeiros me chegam) sobre o festival de playback theatre . Eu respondo, inundada por múltiplas emoções: faço Teatro de Reprise, que sabidamente hoje não é uma tradução do método de Jonathan Fox, ainda que seja inspirado nele.

Na rede internacional (onde sou credenciada) a musa Jo Salas estranha meu modo de intervenção, que considera psicodramática demais e as divergências nos afastam. Vale lembrar que Fox começou fazendo um curso de Psicodrama, que não terminou, quando criou o método. E que foi patrocinado por Zerka Moreno para pesquisar o que tinha descoberto.

Na rede nacional, que é mais informal, há quem diga que sou uma referência e outra ala que acha que o que faço não é Psicodrama, além daqueles para quem sou uma perfeita desconhecida.

Seja a qual ou quais tribos eu pertença, tenho certeza de que eu e meu grupo seguimos acreditando que este método proporciona uma escuta sensível, que dispara a espontaneidade na audiência... e a nossa também. A ação dramática do método Teatro de Reprise é delicada, bem humorada, dá vez ao privado e ao coletivo, de forma articulada, emociona, transforma e atende principalmente a um público que desenvolveu fobia de eventos interativos, causada pela ação de profissionais que não estavam suficientemente preparados. Quanto ao festival, desejo a todos os participantes um encontro criativo e fecundo.

Sou psicodramatista, ora! Cada qual com suas convicções. Confio, portanto, que a nossa federação brasileira de psicodrama continue dando força apenas para eventos psicodramáticos ou alinhados. E viva a liberdade de escolha e a coerência de atitude.

 

Julho 2007

 

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Rosane Rodrigues
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