Conflitos

Maria Dolores Toloi

 

Prezado(a) leitor(a): A escolha do tema Conflitos Conjugais vem ao encontro de uma preocupação sobre o escalonamento das hostilidades físicas e verbais nas famílias, em geral, apesar de não serem consideradas abusivas pela maioria. Convido, então, você a refletir nos nossos próximos encontros.

A palavra “conflito”, na língua portuguesa, refere-se a “profunda falta de entendimento entre duas ou mais partes” (Houaiss, 2004). Este vocábulo vem do latim “conflictus”: desacordo, choque. Conflitos não podem ser considerados como entidades simples nem mesmo conceitos mas como processos complexos inerentes ao ser humano e ao seu convívio no meio ambiente. Conflitos são como situações de crises, fazem parte da vida do ser em evolução e, de certa forma, não podemos conhecê-los totalmente nem predizer a sua evolução.

A concepção de conflito parte do pressuposto baseado na teoria dos sistemas. Esta teoria demonstra que vivemos dentro de sistemas múltiplos, mais ou menos complexos, sendo cada sistema composto por elementos, suas atribuições e pelas relações entre estes elementos. Para que um sistema se mantenha é necessário que seus elementos conservem as diferenças, ou seja, as interações antagônicas. Se não existissem as diferenças os elementos se confundiriam um com o outro, entrariam em fusão e o sistema desapareceria. Por outro lado, se existissem somente as interações antagônicas o sistema entraria em colapso e se destruiria. Desta forma, o antagonismo não é nem destrutivo nem construtivo em si mesmo, mas um dos elementos da evolução e, como parte integral dos sistemas, não pode ser eliminado. As interações antagônicas interagem com as atrativas criando um equilíbrio dinâmico no sistema.

As idéias sobre conflitos nos remetem ao seu caráter antagônico e, com isto, a pensarmos a respeito de uma finalização e resolução, em função da mobilização de angústia entre as partes. No dia a dia dos relacionamentos existem crenças que não diferenciam as concepções entre conflito e violência. Essa indiferenciação traz como conseqüência indivíduos com visão idealizada das relações e impotentes diante do cotidiano. Isto os predispõe a um padrão rígido de conduta reativa e passam a assumir uma posição na crença de que a violência esteja em seu opositor, sem considerar os aspectos dinâmicos e interacionais dos conflitos. Este tipo de conduta os impede de realizar um acordo ou desenvolver uma comunicação mais flexível, dificultando a possibilidade de solução.

 

Maio 2007

 

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Maria Dolores Toloi
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