Por que Psicodrama, Comunicação e Educação?

Liana Gottlieb

 

A experiência na docência e em treinamentos me motivam a compartilhar minhas reflexões sobre as possíveis contribuições, práxis e influências dessas três áreas. 

Conheci o Psicodrama na condição de paciente do querido Dr. Miguel Navarro. Depois de muitos anos, quando fazia a formação em Psicodrama no GETEP, e ao cursar a primeira pós-graduação em Didática do Ensino Superior, desenvolvi um projeto que propunha a inserção da disciplina “Introdução ao Psicodrama aplicado à educação nos cursos de formação de professores”. Para elaborar o projeto comecei um estudo sistematizado das idéias de Moreno sobre Educação e paralelamente entrevistei alguns psicodramatistas. Fiquei surpresa com a diferença de idéias frente a minha proposta. As opiniões se dividiam entre os que aprovavam e os que rejeitavam o viés educacional de trabalho psicodramático, sem a exigência da graduação em medicina/psiquiatria ou psicologia.

Passados vinte anos, continuo vendo com bons olhos a abertura para a educação e para a área organizacional, afora outros espaços. É claro que, como em qualquer área do conhecimento e de prestação de serviços, há os profissionais sérios, bem intencionados e outros que nem deveriam ter o direito de trabalhar com pessoas.
Por uns quinze anos antes de chegar à formação docente e em psicodrama, trabalhei nas áreas administrativa e comunicacional.

A meu ver, quando nos tornamos psicodramatistas, mais do que um arsenal de métodos e técnicas, o que incorporamos é a filosofia, a política, a postura, a gestalt, o olhar, enfim toda uma forma de ser especial e específica do psicodramatista, e essa forma passa a permear tudo o que fazemos.
É fácil, então, compreender o meu trânsito acadêmico e profissional pela interface dessas três áreas.

Antes ainda de partir para o mestrado, eu já fazia as três áreas “conversarem” na minha práxis pedagógica e organizacional. Trabalhava com Leitura Crítica dos Meios de Comunicação, por exemplo, utilizando os Quadrinhos e a metodologia psicodramática. Aos poucos, nesta coluna, relatarei vários momentos desse caminho, tanto em termos práticos quanto teóricos.

Espero que os colegas e futuros colegas que se interessarem troquem experiências comigo e contribuam com a coluna. Procurarei usar uma linguagem mais leve e informal, sem os rigores acadêmicos. Estou aberta a sugestões, também de temas.

Em minha dissertação de mestrado, na área de Comunicação Social, escolhi as tiras da Mafalda (de Quino) que tratavam da Educação. Naquele momento (1989) a academia (na área Comunicacional) não permitia que o psicodrama enquanto prática fosse incorporado ou servisse de base para a pesquisa científica, então fui obrigada a desenvolver um trabalho teórico. Foi muito difícil abrir aquele espaço no universo acadêmico em Comunicação. O título da dissertação era: Leitura Sociodramática de um Meio de Comunicação - HQ - O Universo Educacional da ‘Mafalda’ numa leitura correlata de Buber e Moreno, e foi publicada em livro sob o título Mafalda vai à Escola – A Comunicação Dialógica de Buber e Moreno na Educação, nas tiras de QUINO, pela Iglu Editora e Núcleo de Comunicação e Educação do CCA - Departamento de Comunicações e Artes da ECA-USP, em 1996.

Entrarei em detalhes sobre esse trabalho no próximo artigo.

 

Setembro 2008

Para comentar a matéria, escreva uma mensagem para:
Liana Gottlieb
liana.gottlieb@uol.com.br