A sessão psicodramática:
um evento que tem começo, núcleo e final

Terezinha Tomé Baptista

 

O encontro grupal pode ser um evento único (Ato Psicodramático) ou pode representar a parte de um conjunto (Processo Psicodramático). Há formas de se coordenar essas reuniões organizadamente, de modo a caracterizá-las como eventos que se abrem e fecham nesse mesmo encontro. Nesse caso trata-se de situações que têm começo (aquecimento), meio (ação ou dramatização) e final (compartilhamento). Essa é uma maneira de valorizar cada encontro: ainda que façam parte de um processo maior, cada um tem importância em-si .
O valor de cada encontro parece  ficar mais enfatizado, quando se adere a uma seqüência organizada.
Moreno nomeou e descreveu as três fases sequenciais citadas acima: 1) aquecimento; 2) dramatização e 3) compartilhamento. Embora essa proposta moreniana tenha depois sido desdobrada e enriquecida por novos autores, é ela que se referencia aqui.

  1. Aquecimento (Começo) – momento preparatório inicial, onde o Coordenador se preocupa em facilitar ao grupo que se conscientize da necessária  disponibilidade para convivência entre todos naquele espaço e  momento, e se focalize no tema ou objetivo que os reúne nessa ocasião. Corresponde a certa suspensão do mundo externo, para dedicação àquele contexto e àquelas pessoas e construção do mundo grupal. Nessa fase é comum que o Coordenador utilize técnicas psicodramáticas de aquecimento para promover preparação corporal e mental dos participantes para o que se propõem. O término dessa fase caracteriza-se pelo fato de as pessoas se mostrarem confortáveis, disponíveis e atentas umas-com-as-outras, e principalmente envolvidas com a temática ou proposta que justifica aquela reunião.

  2. Dramatização (Núcleo)  – etapa onde o tema ou objetivo é especialmente abordado e focalizado. O Coordenador neste momento facilita a emergência dos conteúdos do grupo relativos à proposta que os reúne, cuidando para que o foco seja privilegiado. Propõe técnicas facilitadoras para  que o grupo se mantenha focalizado nos objetivos daquela reunião.  É o momento-ápice do encontro porque agora a proposta é  abordada  com envolvimento emocional e ação propriamente dita (dramatização), construída com  a participação e contribuição total do grupo. É a grande obra grupal desse encontro.

  3. Compartilhamento (Final) – fase que requer certo esfriamento das emoções mais tocantes promovidas pela dramatização. Esse distanciamento facilita nova visão por parte das pessoas, sobre o que acabaram de construir e viver. Estas avaliam e compartilham entre si as ressonâncias em seu mundo interno e as prováveis repercussões em sua vida, que conseguem apreender nesse preciso instante. É a oportunidade da trocas e aprendizagens recíprocas e também a hora da despedida afetiva, pois o encontro está se finalizando. E significa para os participantes, certa preparação para passagem-de-volta ao mundo externo reconhecendo-se enriquecidos com alguma nova aquisição.

Maio 2009

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Terezinha Tomé Baptista
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