Da solidão à potencia individual e coletiva

Terezinha Tomé Baptista

 

Apresento, nesta oportunidade, três fases seqüenciais e evolutivas dos grupos. 

  1. Todo grupo em seu inicio gera certa quantidade de tensão nas pessoas que o compõem. É a preocupação com o novo, com o desconhecido. É o medo natural que cada participante sente de não agradar o outro, de não se agradar, não conseguir se entrosar; de não ser aceito ou compreendido etc. No geral as pessoas mostram-se tímidas e reticentes, aguardando certas “dicas” externas de como comportar-se. Esta fase inicial do grupo, Moreno nomeou como isolamento orgânico, porque é basicamente assim que as pessoas se sentem e se colocam: isoladas, em posição de aguardo, na condição de dependência. Essa dependência de alguém ou de alguma organização que venha de fora – através de informações, regras, orientações, estimulações, instruções – é focada no diretor do grupo em questão. É um momento solitário, de certo desconforto e muita expectativa.

  2. Com a continuação dos encontros, e contando com o coordenador para facilitar a experiência, as pessoas aos poucos vão se conhecendo. Ao se familiarizarem com o ambiente e contexto, ficam paulatinamente menos tensas e mais confortáveis uns com os outros. É comum que nesta segunda fase grupal, nomeada por Moreno de diferenciação horizontal, as pessoas sintam tanto prazer com a aproximação gradual e a descoberta uns dos outros, que se estabelece um certo clima de apaixonamento entre todos os participantes. Mas o que as pessoas mostram de si e conhecem do outro ainda se dá num nível superficial – ainda se sente pouca liberdade de mostrar todas as suas características. Cada um quer agradar aos demais e testa sorrateiramente até onde pode ir sem ser criticado ou rejeitado. É momento de apresentações e descobertas e uma fase costumeiramente agradável, pois dá aos participantes a sensação de pertencimento, atendendo assim a essa necessidade básica do ser humano.

  3. A convivência contínua vai evidenciando cada vez com mais nitidez, as diversidades e diferenças entre as pessoas. Cada um vai tomando uma posição dentro do grupo, alguns se revelam e assumem lideranças para tarefas específicas importantes para todos. Eventualmente ocorrem conflitos, mas estes são campo fértil para o crescimento pessoal dos envolvidos. A dependência externa é praticamente nula, pois o grupo alcançou a condição de autonomia.  Esta fase tem o nome de diferenciação vertical e é indicativa de saúde grupal, pois as individualidades têm espaço e valor, sem que se perca a noção de coletividade. Todo grupo saudável e com boa evolução, chega a esse ponto. É momento eventualmente difícil, mas estimulante, pois facilita o acolhimento e a potencialização das individualidades. É quando os objetivos, caminhos e produções são tipicamente coletivos (frutos da co-criação) e os resultados, compartilhados.

Março 2009

Para comentar a matéria, escreva uma mensagem para:
Terezinha Tomé Baptista
baptista@8415.com.br