ARTIGOS

No meio do caminho tinha uma pedra... Interpretação e ato na clínica das desorganizações psicossomáticas


In the middle of the way there was a sone... Interpretation and act in the clinic of psychosomatics progressive disorganization
Rubens M. Volich

RESUMO
Revelando as diferenças entre as psiconeuroses e as neuroses atuais, Freud apontou que apenas as primeiras poderiam ser tratadas pelo método psicanalítico, por implicarem dinâmicas e manifestações psíquicas. As neuroses atuais e as mistas o confrontaram com as dificuldades desse critério. Muitos psicanalistas buscaram superar os impasses clínicos por ele apontados, destacando o potencial das hipóteses metapsicológicas para compreender as relações entre o psíquico e o somático e a necessidade de modificações da técnica psicanalítica para viabilizar o trabalho com os efeitos desorganizadores do trauma, do funcionamento primitivo e dos sintomas e doenças orgânicas. Este trabalho discute a função da compulsão à repetição, de diferentes modalidades de elaboração, da modulação da transferência, do enquadre e de novos paradigmas clínicos para acompanhar, compreender e tratar das oscilações da economia psicossomática do paciente, entre suas manifestações psíquicas, somáticas e atuações comportamentais.

Palavras-chave: Economia Psicossomática, Desorganizações Psicossomáticas, Neuroses Mistas, Metapsicologia da Clínica, Territórios do Aquém.

ABSTRACT
Revealing the differences between psychoneurosis and actual neurosis, Freud pointed out that only the former could be treated by the psychoanalytic method, as they imply psychic dynamics and manifestations. Actual and mixed neurosis have confronted him with the difficulties of this criterion. Many psychoanalysts tried to overcome the clinical impasses he pointed out, highlighting the potential of metapsychological hypotheses to understand the relationship between psychic and somatic process and the need for changes in the psychoanalytic technique to deal with the disorganizing effects of trauma, primitive functioning and of organic symptoms and diseases. This work discusses the role of repetition compulsion, different modalities of elaboration, of transference and setting modulation, and of new clinical paradigms to follow, understand and treat the patient´s psychosomatic economy oscillations, between psychic, somatic and acting expressions.

Keywords: Psychosomatic Economy, Psychosomatic Disorganizations, Mixed Neurosis; Clinical Metapsychology.


Em 26 de fevereiro de 1926, Carlos Drummond de Andrade casou-se com Dolores Dutra de Morais. No início do ano seguinte, enquanto Drummond e Dolores esperavam seu primeiro filho, Alcântara Machado, Raul Bopp, Oswald de Andrade e os primeiros modernistas gestavam a Revista de Antropofagia. Inspirados pelo “Manifesto Antropofágico”, encomendaram a Drummond uma poesia para o número inaugural. Em 21 de março de 1927, às 4 horas e 15 minutos, nasceu Carlos Flávio, o primeiro filho de Drummond e Dolores. Às 4 horas e 45 minutos, faleceu. Vivera por meia hora. Algumas semanas depois, Drummond enviou seu poema para a publicação:

 

No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
(ANDRADE, 2002 [1930])

 

Desde que foram publicados, em 1928 (ANDRADE, 2002 [1930]), esses versos simples e surpreendentes provocaram uma enxurrada de críticas e polêmicas. Persistente, tenaz e irredutível, uma pedra se impunha, inabalável, em sete das dez linhas do poema. Gilberto Mendonça Teles, poeta e crítico literário, chamou a atenção para um detalhe, uma aliteração no poema:

 

No meio do caminho tinha uma perda
Tinha uma perda no meio do caminho
Tinha uma perda
No meio do caminho tinha uma perda
(TELES, 1970)

 

Segundo o crítico, por meio desse deslize, perda/pedra, entre a intenção e a inconsciência, Drummond teria tentado processar aquele triste acontecimento pessoal, construindo, ao mesmo tempo, uma espécie de túmulo para seu filho (TELES, 1970). Dilacerante, a perda se transforma em tumba, cripta, sepulcro. Silenciosa, imóvel, inamovível.

A tentativa de se esquivar da dor pela morte do filho, crua e intensa, teria paradoxalmente se cristalizado na obstinada materialidade do mineral, desafiador, perene, impossível de ser ignorado.

Caminhos

Entre perdas, pedras e prazeres se desenlaçam os caminhos do humano. Marcada pelo desamparo e pela dependência originária de um outro, a história de cada sujeito é modelada por experiências de satisfação e frustração, por encontros e separações, por ilusões e decepções que se inscrevem em nossos corpos, em nossas mentes, podendo resultar tanto nas mais sublimes como nas mais cruéis produções de nossa espécie.

Cerca de dez anos antes do casamento de Drummond com Dolores, a milhares de quilômetros de Itabira de Mato Dentro e do Rio de Janeiro, na Viena entristecida, assombrada e empobrecida pela Primeira Guerra Mundial, Freud buscava respostas para paradoxos e dilemas individuais e coletivos como esses. Perscrutava os meandros e as armadilhas do inconsciente, perseguia e analisava suas produções, debruçava-se sobre as fontes e formas de expressão do prazer e do desprazer, da criação e da destrutividade de cada sujeito.

Desde os anos 1890, ele buscava compreender e tratar as diferentes formas de expressão e de organização da sexualidade na vida cotidiana, na psicopatologia e em outras formas de sofrimento. Sentia-se particularmente intrigado e clinicamente desafiado pelas diferenças entre as psiconeuroses, nas quais predominavam a sintomatologia e dinâmicas psíquicas, e as neuroses atuais, cujos sintomas evidenciavam sobretudo descargas corporais diretas das excitações pulsionais, com pouca ou nenhuma mediação psíquica (FREUD, 1987 [1894]; [1895]).[1]

Cerca de trinta anos depois de suas primeiras concepções sobre a histeria, a neurastenia e a neurose de angústia, Freud elaborava sua compreensão metapsicológica do narcisismo, das pulsões, do inconsciente e do recalcamento, do luto e da melancolia e ampliava sua teoria dos sonhos, a partir da qual ele desenvolveu uma nova perspectiva da nosografia psicanalítica.

Em 1917, apresentando uma concepção renovada das neuroses atuais, suas diferenças e relações com as psiconeuroses, Freud dedicou especial atenção à complexidade das neuroses mistas e seus desafios clínicos.

Entre os principais critérios diferenciais entre as neuroses atuais e as psiconeuroses, ele destaca os significados e localizações dos sintomas, e a participação de mecanismos mentais:  

Em [ambas] os sintomas se originam da libido e constituem empregos anormais da mesma; são satisfações substitutivas. Mas os sintomas das neuroses “atuais” – [...] – não têm nenhum “sentido”, nenhum significado psíquico. Não só se manifestam predominantemente no corpo [...] constituem, eles próprios, processos inteiramente somáticos, em cuja origem estão ausentes todos os complicados mecanismos mentais que já conhecemos. (FREUD, 1987 [1916-1917], p. 451 [grifos meus]).

A natureza da pulsão, descrita em “Os instintos e suas vicissitudes” (FREUD, 1987 [1915a]), permite compreender as relações entre essas manifestações. Se, por um lado, a pulsão possui uma fonte somática, por outro, orienta-se e é passível de ser representada psiquicamente (FREUD, 1987 [1915a]). Assim,

a função sexual não é uma coisa puramente psíquica, da mesma forma como não é uma coisa puramente somática. Influencia igualmente a vida corporal e mental. Se, nos sintomas das psiconeuroses, nos familiarizamos com as manifestações de distúrbios na atuação psíquica da função sexual, não nos surpreenderemos ao encontrar nas neuroses “atuais” as consequências somáticas diretas dos distúrbios sexuais. (FREUD, 1987 [1916-1917], p. 452 [grifos de Freud])

As neuroses traumáticas evidenciariam, especialmente, “o aspecto econômico dos processos mentais”, que decorreriam da fixação do paciente a uma experiência traumática, transposta de forma repetitiva em sonhos, sintomas e outras manifestações. Essas repetições indicariam a persistência da “situação traumática, como se os pacientes ainda [a enfrentassem] como [uma] tarefa imediata ainda não executada” (FREUD, 1987 [1916-1917], p. 325). A etiologia, a dinâmica e a função econômica desse funcionamento seriam semelhantes às das neuroses atuais.

Freud aponta também para os diferentes graus de complexidade dessas manifestações. As neuroses “atuais” (neurastenia, neurose de angústia e hipocondria) apresentam manifestações “mais simples” do que as das psiconeuroses (histeria, neurose obsessiva, fobias, psicoses), “doenças psíquicas mais complicadas”. Segundo ele, as neuroses atuais não ofereceriam “qualquer ponto de ataque” e “seriam “improdutivas no que concerne à psicanálise”, estabelecendo, então, esse critério diferencial para a indicação terapêutica do método psicanalítico. Este não teria recursos para tratar as expressões sintomáticas e as doenças causadas pela descarga pulsional direta no corpo, sendo indicado apenas para as psiconeuroses, manifestações psíquicas da função sexual. Caberia à pesquisa e à clínica “biológica-médica” a responsabilidade de trazer “uma valiosa contribuição” para a compreensão e o tratamento dos distúrbios somáticos das neuroses atuais e das doenças orgânicas (FREUD, 1987 [1916-1917], p. 452).

As neuroses mistas confrontaram Freud com as dificuldades desse critério. No mesmo texto, ele reconhece que tanto a neurastenia como a neurose de angústia e a hipocondria podem ocorrer, ocasionalmente, “em sua forma pura”, porém, geralmente, elas estão “mescladas umas com as outras” e, inclusive, eventualmente, com “algum distúrbio psiconeurótico” (FREUD, 1987 [1916-1917], p. 454).

Consciente dessas dificuldades e dos desafios clínicos que delas decorriam, assim como Drummond, é nas pedras que Freud vai buscar inspiração.

Como na mineralogia, ele sugere que a compreensão das neuroses deveria se iniciar pelo isolamento das entidades individuais que reconhecemos para depois compreender todo o conjunto de uma formação. Na relação entre os sintomas das neuroses atuais e os das psiconeuroses, “um sintoma de uma neurose ‘atual’ é frequentemente o núcleo e o primeiro estádio de um sintoma psiconeurótico” (FREUD, 1987 [1916-1917], p. 454). A neurose atual desempenharia o papel “do grão de areia que um molusco cobre de camadas de madrepérola” (FREUD, 1987 [1916-1917], p. 454).

Essa bela metáfora condensa a fina intuição de Freud quanto à função transformadora e defensiva da mediação psíquica nos processos biológicos e fisiológicos. Nas ostras, a pérola é o resultado de uma reação natural do molusco contra invasores externos, como certos parasitas que procuram reproduzir-se em seu interior. Sua formação decorre da reação de uma manta, uma fina camada de tecido (por que não dizer, “uma trama paraexcitante”) que protege as vísceras da ostra. Nem todas as ostras conseguem defender-se dessa maneira. Alguns moluscos apenas o fazem de forma parcial, outros sucumbem às intrusões dos parasitas, muitos seguem sendo apenas... moluscos.

A imagem freudiana do grão de areia transmutado em pérola inspirou vários autores que refletiram sobre as relações entre as psiconeuroses e as neuroses atuais (PRESS, 1999; ROJAS, 2008). Em “Dora, o grão de areia e a pérola”, a querida amiga e colega Diana Tabacof ressignifica o Caso Dora a partir dessas considerações de Freud, colocando em perspectiva o conceito de complacência somática, fundamental para essa discussão (TABACOF, 2021). Mais recentemente, Paulo Ritter e Flávio Ferraz adotaram essa alegoria para reunir, em uma preciosa coletânea, artigos que evidenciam a “atualidade das neuroses atuais” em nossos tempos, em que o corpo se apresenta como uma via privilegiada de escoamento dos excessos pulsionais (RITTER e FERRAZ, 2022).

Dilemas

Com o prazer das boas companhias, convido-os a constatar, em qualquer época, e cada vez mais nos tempos em que vivemos, a manifestação crescente de neuroses atuais e neuroses mistas e, também, a existência de um núcleo de neurose atual na etiologia de muitas das mais belas e bem configuradas pérolas psiconeuróticas.

Clinicamente, esse fenômeno sempre se constituiu como fonte de desafios e de impasses com os quais Freud, seus sucessores e todos nós, psicanalistas, certamente já nos deparamos, levantando algumas perguntas.

Assim, como proceder quando, na análise de um paciente com manifestações claramente psiconeuróticas, bem indicada e bem desenvolvida, eventualmente deparamos com um “grão de areia”, um núcleo de neurose atual?

Durante um processo analítico, em função de algum acontecimento intenso e perturbador vivido pelo paciente a organização psiconeurótica (“mais complexa”, como aponta Freud) pode se revelar insuficiente para equilibrar a economia pulsional, dando lugar a manifestações das neuroses atuais, “mais simples”, predominantemente somáticas e comportamentais, que fogem à abordagem do método clássico da associação livre. Como lidar com essa condição?

E ainda, diante das neuroses mistas ou de manifestações explícitas das neuroses atuais, como colocar a serviço da clínica psicanalítica a potência das concepções metapsicológicas freudianas, que permitem compreender muitas das articulações e oscilações funcionais entre as manifestações pulsionais psíquicas e representativas e aquelas mais simples, primitivas, aquém do universo representativo, que se expressam diretamente pelo corpo e pela motricidade?

Em 1914, confrontado com o fenômeno da resistência pela repetição, Freud descreve: “o paciente não recorda coisa alguma do que esqueceu e recalcou, mas expressa-o pela atuação”, reproduzindo o conflito ou o conteúdo inconsciente “não como lembrança, mas como ação; repete-o, sem [...] saber que o está repetindo” (FREUD, 1987 [1914a], p. 196). Manifestando-se pela transferência, a repetição, muitas vezes, é incontornável: o paciente não consegue fugir do que, pela primeira vez, Freud descreve como compulsão à repetição.

Apesar de representar um risco de “deterioração” do tratamento, a compreensão da repetição ofereceria uma “visão mais ampla” do processo do paciente, uma vez que permite tratar a “doença [do paciente] não como um acontecimento do passado, mas como uma força atual” (FREUD, 1987 [1914a], p. 200). Nesse sentido, o psicanalista deve estar preparado para uma “luta perpétua, para manter na esfera psíquica todos os impulsos que [o paciente] gostaria de dirigir para a esfera motora e [comemorar] como um triunfo [...] [quando] algo que o paciente deseja descarregar em ação [seja alcançado] por meio do trabalho de recordar” (FREUD, 1987 [1914a], p. 200).

Esse objetivo é alcançado pelo manejo da transferência, que cria “uma região intermediária entre a doença e a vida real, através da qual a transição [da neurose comum para a neurose de transferência] é efetuada” (FREUD, 1987 [1914a], p. 201). Pela repetição na transferência, Freud sustentava ser possível, por “caminhos familiares”, despertar as lembranças recalcadas.

Significativamente, é também nas últimas linhas desse texto que ele reconhece a necessidade, no processo analítico, não apenas de superar o recalcamento, os mecanismos de defesa e a censura do inconsciente, para o paciente recordar o que foi esquecido, mas ainda de elaborar as lembranças emergentes para consolidar uma trama representativa consciente e processos psíquicos consistentes para lidar com conflitos, com o prazer e o desprazer e com as oscilações do afeto e das pulsões.

Naturalmente, essas recomendações tinham como pressupostos o funcionamento psiconeurótico do paciente, a existência de recursos e mecanismos de defesa psíquicos, como o recalcamento, e a capacidade de investimento objetal do paciente tanto no analista como no dispositivo analítico, pela transferência. A experiência do próprio Freud já revelara a inexistência dessas condições em um grande número de pacientes, como os que apresentavam neuroses narcísicas ou atuais.

Com o passar do tempo, ele também percebeu que, nesses casos, e em muitas outras situações, o fenômeno da repetição se reproduzia em um círculo vicioso de atuações e descargas inócuas em promover lembranças ou circuitos representativos. Dessa forma, compreendeu melhor a dimensão destrutiva da compulsão à repetição, associada à pulsão de morte, descrevendo-a em “Além do princípio do prazer” (FREUD, 1987 [1920]).

À complexidade dessas situações e dos dilemas delas decorrentes se somavam aquelas representadas pelas neuroses mistas e pelo núcleo de neurose atual das psiconeuroses, descritas nas “Conferências introdutórias à sobre psicanálise”. Ainda naquele período, tendo desenvolvido uma compreensão mais elaborada da função das dinâmicas narcísicas e hipocondríacas na economia libidinal, Freud reconheceu ainda que “uma modificação somática patológica (por inflamação ou lesão)” poderia também desencadear a formação de sintomas neuróticos ao transformar o sintoma orgânico real “em representante de [...] fantasias inconscientes” que apenas aguardavam “a ocasião de lançar mão de algum meio de expressão” (FREUD, 1987 [1916-1917], p. 455).[2] Em casos como esse,

o médico adotará ora uma, ora outra linha de tratamento. Ou se esforçará por abolir a base orgânica, sem importar-se com a ruidosa elaboração neurótica; ou atacará a neurose que aproveitou essa oportunidade favorável para surgir, e prestará pouca atenção à sua causa precipitante orgânica. O resultado mostrará que uma ou outra linha de conduta está certa ou errada; é impossível fazer recomendações gerais para abordar esses casos mistos. (FREUD, 1987 [1916-1917], p. 456)

As consequências dessa dissociação na abordagem diagnóstica e terapêutica, percebidas por Freud, não foram discutidas por ele nem naquelas “Conferências”, nem em seus trabalhos posteriores. Por muito tempo, elas tampouco foram questionadas no movimento psicanalítico. Reservando a psicanálise às expressões mentais da sintomatologia, quanto muito histéricas, deixou de atravessar as fronteiras e de se aventurar no território das dinâmicas orgânicas, mais primitivas, aquém das condições representativas e das dinâmicas psíquicas mais complexas e organizadas.

Metapsicologia e funcionamentos primitivos

Todas essas questões apontadas por Freud já evidenciavam algumas das “dificuldades narcísicas” do observador no contato, na compreensão e na clínica dos fenômenos ditos "psicossomáticos", descritas por Pierre Marty em seu importante artigo de 1952 (MARTY, 1952). Dificuldades que se manifestam como resistências na atitude, no vocabulário, na capacidade de observação, de elaboração teórica e na clínica médica, psicanalítica ou de qualquer outra abordagem terapêutica desses fenômenos.

Desde os anos 1910, Sándor Ferenczi (1991 [1926]; [1928]) já defendera a necessidade de modificações da técnica psicanalítica para viabilizar o trabalho com os efeitos desorganizadores do trauma, do funcionamento primitivo e, também, das doenças orgânicas. Nessa vertente, Marty e os pioneiros do Instituto de Psicossomática de Paris passaram a destacar o alcance da teoria pulsional freudiana para a compreensão e o trabalho terapêutico com funcionamentos mais desorganizados, apresentados por alguns pacientes. Demonstraram também a necessidade de mudanças significativas no enquadre e nas formas de intervenção do analista/psicoterapeuta para, antes de mais nada, conter e organizar a economia pulsional desestruturada, errática, marcada por descargas somáticas e atuações comportamentais aquém da função integradora das representações, aquém do narcisismo e mesmo do autoerotismo, aquém da angústia e, inclusive, aquém da pulsão. No limite da vida.

Ampliando a constatação freudiana das diferenças de complexidade entre as psiconeuroses e as neuroses atuais, Marty sublinha que elas refletem características das dinâmicas e funções da economia psicossomática, que, ao longo do desenvolvimento, evoluem das mais simples para as mais complexas, das menos organizadas para as mais organizadas, da anarquia para a hierarquização (MARTY, 1976, p. 116). Frente a conflitos e vivências traumáticas, a economia psicossomática busca equilibrar-se por meio das vias orgânicas, motoras e de pensamento, que representam, nessa ordem, uma hierarquia progressiva de recursos que podem ser utilizados com tal finalidade.

Quando presentes, os recursos de natureza mental, mais organizados, prestam-se a essa função. Quando da não constituição ou insuficiência desses recursos mais organizados, a economia psicossomática pode reagir à intensidade dos estímulos a que está submetida de forma anacrônica, primitiva, menos elaborada do que seria ou já foi capaz, desencadeando movimentos no sentido contraevolutivo, regressões somáticas e desorganizações progressivas, que se manifestam por meio de descargas motoras e de comportamento. No polo extremo, pode suscitar desorganizações somáticas, muitas vezes sinalizadas previamente pela vida operatória e pela depressão essencial.

Esses movimentos são pautados pelas interações e pelo grau de intricação entre os instintos de vida e de morte, marcados tanto por fatores regulares do desenvolvimento (genéticos, anatômicos, fisiológicos, funcionais) como por fatores irregulares e imprevistos, como as condições relacionais, especialmente da maternagem, os traumatismos e as condições "reanimantes" (MARTY, 1976; 1980).

As contribuições de Marty, Michel Fain, Michel de M´Uzan, Léon Kreisler, ampliadas pela geração seguinte de Claude Smadja, Marília Aisenstein e Gérard Sczwec, e vários outros, encontram ressonância na linhagem que, desde Ferenczi, passando por Melanie Klein, René Spitz, Donald Winnicott, André Green, Pierre Fédida, Otto Kerneberg e por um número crescente de psicanalistas, que desenvolveram hipóteses teórico-clínicas que permitem superar o dilema apontado por Freud, há pouco mencionado: o do clínico que, diante das manifestações de uma neurose mista, se veria obrigado a escolher entre o tratamento de suas expressões orgânicas ou de suas expressões psíquicas, neuróticas, como se um excluísse o outro, avaliando pelos resultados a pertinência de sua escolha.

As teorias desses autores tornaram cada vez mais possível observar, compreender e acompanhar, ao longo do tempo, as oscilações da economia psicossomática do paciente, tratando de suas manifestações psíquicas, somáticas e atuações comportamentais por meio da modulação da transferência, do enquadre e também pela utilização de recursos terapêuticos mediadores, como o relaxamento, o psicodrama, arteterapia, fotolinguagem e outros. A partir dessas abordagens e de remanejamentos dos enquadres clínicos, vem sendo possível o tratamento psicanalítico não apenas de pacientes que apresentam uma sintomatologia orgânica, mas também de pacientes psicóticos, borderlines, adictos e com transtornos de caráter, ou seja, pessoas que vivem os efeitos da precariedade de suas vivências infantis e de seu desenvolvimento, do esgarçamento de seu tecido psíquico e de suas fragilidades narcísicas, da pobreza de seu mundo objetal e de representações.

A clínica do primitivo

Assim, na clínica, é fundamental atentar para as oscilações de diferentes dimensões e hierarquias funcionais da economia psicossomática.

Desde as primeiras consultas, e ao longo de todo o processo terapêutico, observamos posturas corporais, expressões gestuais, sensibilidade relacional, modalidades verbais e não verbais de comunicação e tonalidades emocionais que nos permitem sintonizar com os modos de funcionamento do paciente de forma a constituir uma relação ou transferência de base, como descreve Catherine Parat (1982).

A partir dela, buscamos promover com o paciente vínculos muitas vezes tênues ou inexistentes para consolidar a transferência e constituir um cenário propício a intervenções organizadoras e transformadoras da economia psicossomática, muitas vezes precária e perturbada, fonte de seus sofrimentos, sintomas e doenças. Além das representações, é importante a atenção específica aos aspectos sensoriais e motores das experiências do analista e da relação. Por meio dessas e de outras manifestações transferenciais e contratransferenciais, o analista pode identificar os principais modos de funcionamento do paciente, a qualidade de seus recursos, defesas e manifestações sintomáticas.

A partir desse território privilegiado, acompanhamos as características do discurso do paciente, suas modalidades afetivas e gestuais, que sinalizam a cada momento a consistência de diferentes perspectivas da economia psicossomática e, especialmente, das instâncias e dinâmicas psíquicas, do pré-consciente e seus recursos representativos, a qualidade da mentalização, elementos centrais de ligação e de organização das forças pulsionais.

Alguns elementos sinalizam a fragilidade da mentalização[3] e os riscos ou a existência de movimentos de desintricação entre as pulsões de vida e de morte, propícios às regressões somáticas e desorganizações progressivas, presentes ou passíveis de desencadear diferentes graus de sintomas e doenças orgânicas de crise ou doenças graves, crônicas ou reversíveis.

Entre esses elementos, é importante reconhecer a dificuldade ou impossibilidade de elaboração de perdas e de lidar com conflitos e frustrações; a predominância de funcionamentos marcados pelo ego ideal e a rarefação ou ausência do superego edipiano; a manifestação de angústias difusas em detrimento de angústias-sinal; a fragilidade dos núcleos masoquistas erógenos primários; a pobreza do mundo objetal; a primazia de descargas comportamentais e somáticas em detrimento dos recursos discursivos, oníricos, da fantasia e da criatividade; as manifestações de vida operatória e da depressão essencial.

Em condições como essas, tanto o trabalho livre associativo como as interpretações verbais do analista, buscando alcançar e mobilizar os conteúdos e dinâmicas inconscientes mais profundos, de natureza pulsional, regressivos e de forte potencial conflitivo, revelam-se algumas vezes difíceis, outras ainda impossíveis, inócuos e ainda, em alguns casos, iatrogênicos, por promover uma sobrecarga de excitações na economia psicossomática de pacientes sem recursos suficientes para metabolizá-la.

Com pacientes que vivem esses modos mais desintegrados e desorganizados de funcionamento, somos convocados a um “trabalho minimalista”, que lida com níveis bastante primitivos de comunicação, resgatando os mínimos indícios sensoriais, dos gestos, do olhar, do toque, por meio dos quais é possível estabelecer com o paciente uma relação que promova o desenvolvimento de recursos mais evoluídos de comunicação, de relação e de reação diante dos conflitos vitais, cotidianos e da própria doença (VOLICH, 2022 [2000]).

A desvitalização notável de muitos desses pacientes e a fragilidade de suas estruturas narcísicas e de suas experiências libidinais exigem um intenso investimento do terapeuta, por meio da função materna e do holding, para que o tratamento seja possível. O trabalho prioriza a criação de condições paraexcitantes para conter e organizar o transbordamento de excitações. A posição face a face, um “corpo a corpo à distância”, como descreve Marília Aisenstein (1998), o olhar, os gestos, as expressões faciais e os recursos verbais e não verbais são colocados a serviço da reanimação libidinal do paciente, apontada por Denise Braunschweig (1993). No contexto institucional e no trabalho com equipes de saúde, as transferências laterais, com outros profissionais da equipe, também potencializam essa reanimação (PARAT, 1982).

A continência do espaço terapêutico e do vínculo com o analista propiciam o desenvolvimento e a organização das vivências pulsionais, dos recursos narcísicos, representativos e de ligação entre as pulsões de vida e de morte, bem como dos núcleos masoquistas erógenos primários, que permitem suportar o sofrimento provocado por ausências e perdas, aumentando também a tolerância à frustração, como lembra Benno Rosenberg (1991). Ao mesmo tempo, tornam-se mais densas e organizadas as instâncias e dinâmicas psíquicas, bem como mais fluida a circulação entre elas.

Como vimos, pela perspectiva do recalcamento, recordar, repetir, elaborar tornaram-se operadores fundamentais da análise das dinâmicas psiconeuróticas e de outras manifestações psicopatológicas. Diante dos impasses clínicos evidenciados pela dimensão mortífera da compulsão à repetição, a psicossomática psicanalítica desenvolveu recursos clínicos para adentrar os territórios primitivos, aquém do recalcamento, no limite das funções corporais e das possibilidades de representação.

Lembrando o paradigma da função materna que inspira o ato terapêutico, em outro trabalho, sugeri considerarmos três outras dimensões – nomear, subverter, organizar – para, ampliando a clínica psicanalítica, lidar com os sombrios, tortuosos e incertos territórios das desorganizações psicossomáticas (VOLICH, 2022 [2000], p. 448).

* * * * *

Inevitável e regularmente, a existência nos confronta com paus, pedras, grãos de areia e muitos outros obstáculos, adversidades e dores de diferentes grandezas que se contrapõem às forças de vida, retardando e impedindo sonhos, desejos, prazeres, experiências que, às vezes, inviabilizam o próprio viver.

Desde sempre convivemos com a violência, com a doença, com a dor e com a morte, desenvolvendo, graças à pulsão de vida, recursos individuais e coletivos para nos contrapormos a esses fenômenos.

Nos últimos dois anos, muitos de nós e de nossos próximos, amigos, colegas, familiares e pacientes, fomos arrastados por uma violenta e mortífera enxurrada sanitária, política e social, que nos marcou com perdas e abandonos, com lutos nem sempre possíveis, com o desamparo e com a miséria, muitas vezes impensáveis.

A clínica e a ética da psicanálise nos ensinam a importância da presença sensível, empática e transformadora de um outro para a criação de recursos para lidar com experiências como essas, sobretudo nas condições mais extremas de adoecimento e de perda. Muitas vezes, como agora, é uma questão de sobrevivência ampliar esse ensinamento para a dimensão coletiva, pela solidariedade e pela luta, em nome da vida, contra a irracionalidade, a pobreza e a desigualdade.

Elaborar é trabalhar, ligar, transformar, transcender.

Os tempos em que vivemos revelam mais ainda a importância e a urgência da elaboração das perdas e do sofrimento, e do trabalho da pulsão e do luto para proteger a vida dos movimentos de desorganização que podem dar cabo dela.

São os versos do poeta que, uma vez mais, revelam o caráter vital e o poder transformador dessas elaborações.

Naqueles versos iniciais de Drummond, a redundância, a repetição e a monotonia da pedra provavelmente foram mesmo a expressão mais imediata, espontânea e inevitável de sua dor pela perda do filho recém-nascido. Impregnada de compulsão mortífera, naquele momento, aquela experiência pode ter-lhe parecido insuperável.

Ao sabor do tempo, de novas vivências e versos, a pedra-perda de Drummond foi lapidada, transformou-se. Anos depois, em outro poema, ele narra:  

 

O filho que não fiz
hoje seria homem.
Ele corre na brisa,
sem carne, sem nome. 
Às vezes o encontro
num encontro de nuvem.
Apoia em meu ombro
seu ombro nenhum. 
Interrogo meu filho,
objeto de ar:
em que gruta ou concha
quedas abstrato?
 [...] 
O filho que não fiz
Faz-se por si mesmo (ANDRADE, 2014
[1980])

 

Elaborada a dor, dissolve-se o caráter mortífero da repetição. Carlos Flávio deixa de ser pedra-túmulo para tornar-se nuvem, filho e sonho.



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ano - Nº 4 - 2022
publicação: 26/11/2022
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Autor(es)
• Rubens M. Volich
Departamento de Psicossomática Psicanalítica do Instituto Sedes Sapientiae


¹ Versão ampliada do trabalho apresentado na Jornada de Psicossomática Psicanalítica da SBP-SP em 06/11/2021.
 Psicanalista. Doutor pela Universidade de Paris VII – Denis Diderot. Membro do Departamento de Psicossomática Psicanalítica e professor da Especialização do Instituto Sedes Sapientiae. Autor de Psicossomática: de Hipócrates à Psicanálise (São Paulo: Blucher, 2022); Hipocondria: impasses da alma, desafios do corpo (São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002); Tempos de Encontro. Escrita, escuta, psicanálise (São Paulo, Blucher, 2021); coorganizador e autor dos livros da série Psicossoma (São Paulo: Casa do Psicólogo).



Notas

[1] Em "Corações inquietos. Freud, Fliess e as neuroses atuais", analiso as contingências pessoais, clínicas e das relações com Breuer e Fliess que influenciaram essas primeiras hipóteses freudianas (VOLICH, 2022).

[2] Em Hipocondria, impasses da alma, desafios do corpo, aprofundo a discussão dessa função intermediária da hipocondria entre a descarga corporal e a busca por uma organização representativa da excitação (VOLICH, 2002).

[3] Conjunto de operações de representação e simbolização, por meio das quais o aparelho psíquico busca regular as energias instintivas e pulsionais, libidinais e agressivas (MARTY, 1994 [1990]; SMADJA, 1990).

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