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    JORNAL DIGITAL DOS MEMBROS, ALUNOS E EX-ALUNOS
    39 Setembro 2016  
 
 
NOTÍCIAS DO DEPARTAMENTO

FREUD – EINSTEIN, MAIO DE 1933 – LEITURA DRAMÁTICA
DA PEÇA DE ALAIN DIDIER-WEILL


CELIA KLOURI
MARIA CRISTINA PRANDINI
MARIA SILVIA BOLGUESE [1]


Em 6 de agosto de 2016, inaugurando o semestre no qual o Departamento de Psicanálise se volta para refletir sobre questões fundamentais acerca da relação entre psicanálise e política, aconteceu a leitura dramática da peça teatral de Alain Didier-Weill: Freud-Einstein, maio de 1933. Ambientada em Viena, a correspondência trocada entre Freud e Einstein – Por que a guerra? (1932) – é a base de sustentação de um encontro ficcional entre estas duas notórias figuras da sociedade europeia, que teria ocorrido em 10 de maio de 1933, no dia em que Joseph Goebbels, então Ministro de Propaganda de Hitler, fez um importante pronunciamento à nação alemã.

Vale ressaltar que Freud, ao buscar compreender os movimentos subjetivos, seus sintomas e sofrimentos, acabou por desvendar elementos fundamentais da trama social e dos principais impasses civilizatórios da contemporaneidade. Nessa dimensão, as questões que Einstein lhe endereçara acerca da destrutividade e malignidade do homem, exacerbadas desde a Primeira Grande Guerra e pela significativa insegurança vivida no Entreguerras, prosseguem bastante atuais, obrigando ainda hoje a psicanálise - o psicanalista - a se dedicar a compreender e desvendar os embates travados entre os anseios e desejos subjetivos, as (de)formações sociais e os encaminhamentos políticos da atualidade no mundo e, em nosso caso específico, no Brasil. As manifestações de forças conservadoras e fanáticas, o acirramento e recrudescimento das ideologias de direita, aliados a ampliação da hegemonia capitalista, agravam as condições de existência que circularmente adoecem o homem e a sociedade.

Psicanálise e política, a bem da verdade, não é um tema a ser escolhido. Nos dias de hoje, é praticamente um imperativo.

Não por acaso, o evento foi um sucesso de público, com mais de 170 inscritos, evidenciando-se o forte interesse no tema, sendo que a inédita forma proposta neste evento acabou por atrair significativa parcela de não-membros do Departamento, inclusive grupos de instituições que vieram ao Sedes de diversas cidades do Estado de São Paulo. Miriam Chnaiderman e Mauro Mendes Dias foram os psicanalistas convidados a levantar questões e propor o debate após a leitura dramática, a partir da qual a força da linguagem teatral, em toda sua potência mobilizadora, gerou discussão e mapeamento de uma diversa gama de questões políticas que nos atingem na atualidade.

Depois do evento, recebemos através das redes sociais e e-mails mensagens que destacaram a importância de a psicanálise seguir aprofundando o exame de fenômenos da contemporaneidade e sua relação com as manifestações subjetivas.

Nós, da comissão organizadora, avaliamos que o evento foi uma excelente maneira de abertura de semestre, pela reflexão que suscitou e que certamente deverá retornar para aprofundamento nos encontros do Entretantos 2, em setembro e outubro próximos.

Por último, mas não menos importante, destacamos o brilhante e competente trabalho interpretativo dos três atores que realizaram a leitura: Bel Kovarick, Joca Andreazza e Rodrigo Matheus; a intervenção musical do violinista Leonardo Padovani e a agudeza da direção de cena de Carla Candiotto.

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[1] Psicanalistas, membros do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, integrantes da Comissão organizadora do evento.

 




 
 
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