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    JORNAL DIGITAL DOS MEMBROS, ALUNOS E EX-ALUNOS
    41 Abril 2017  
 
 
NOTÍCIAS DO DEPARTAMENTO

ENTRETANTOS II, MESA 8B


 

RITA CARDEAL[1]

 


Em nosso Departamento temos dispositivos instituídos que permitem a circulação da palavra escrita por seus membros - palavra que será conhecida dentro e fora de nossa associação e que, veiculada, poderá ser instituinte de novos dispositivos. Por outro lado, no campo psicanalítico mais amplo de nossa cidade/país, foi criado um movimento - do qual o Departamento faz parte e onde tem representação -, que também objetiva fazer circular, por meio da produção escrita e da discussão entre seus participantes, políticas que visam garantir a prática da psicanálise - como Freud a concebeu - neste nosso contemporâneo e realidade brasileira.


Nesta mesa, os trabalhos apresentados nos contaram o que membros e coletivos do Departamento fazem para realizar tal empreitada: ou seja, o que se faz necessário para que compartilhemos entre nós e com outros tantos externos ao Departamento quem somos, como somos, o que queremos. A escrita sobre e com a psicanálise, utilizando as produções de nossa cultura atual e a sustentação firme e consistente de nossos princípios como associação, têm garantido nossa respeitada inserção no campo psicanalítico brasileiro e internacional. Estavam ali, para nos contar sobre estes meandros, representantes da Revista Percurso, do Boletim Online e do Movimento Articulação.


Trabalhos criativos e comprometidos com suas especificidades. Com seriedade e leveza transmitiram nosso bem maior: somos múltiplos e diversos - nas práticas e formas de teorizar a psicanálise, nas políticas institucionais propostas. Por isto, estamos sempre em busca de acolher a produção de todos que compõem nosso Departamento, prezando a seriedade e ética em cada trabalho, garantindo democraticamente a diversidade.


Sendo fiel à riqueza do que consistiu a mesa, reproduzo, nas palavras dos palestrantes, resumos que retratam a consistência dos trabalhos apresentados:


Eva Wongtschowski, representando o Grupo Editorial da Revista Percurso, nos diz sobre seu texto Política da Psicanálise, Política de Formação:


Freud foi leitor e escritor. Poesia e literatura lhe serviram de inspiração e a escrita de texto foi uma das formas que utilizou para transmitir suas descobertas. A qualidade literária de sua escrita lhe valeu um prêmio Goethe e possivelmente foi um elemento importante na aceitação de suas ideias teóricas e clínicas sobre o psiquismo. O Grupo Editorial da Percurso fica entre aquele que escreve e o que lê. Recebe artigos, os lê e discute, e decide sobre sua publicação.


Cristina Barczinski e Sílvia Nogueira de Carvalho, representando a Equipe Editorial do Boletim Online, resumiram assim o texto apresentado, Vozes em ato: políticas da abertura da palavra no Boletim Online:


Se a psicanálise se constituiu a um só tempo como teoria, método e prática (Freud 1923[1922]),o trabalho com a palavra, que inaugura nosso campo clínico, desde logo insistiu em apresentar-se em sua face escrita: da fórmula da trimetilamina sonhada em 1895 aos registros das sessões sobre os quais Freud se debruçou ao final da cada dia de trabalho e destes até a transmissão de sua obra - que alcança nossa atualidade e, há 30 anos, fundou nosso Departamento.


É assim, como prática psicanalítica, que pretendemos recolher nos atos cotidianos de escrita dos membros, alunos, ex-alunos e amigos do Departamento de Psicanálise elementos para pensar nossas políticas de abertura da palavra. Ao tornarmos nosso o dizer em que Jean Oury (2009) identificou o trabalho crítico de enxertar a abertura como função da psicanálise, recolocamos em questão os processos ativos de neutralidade e de abstinência a fim de pensar nosso ofício como modalidade de sustentação da contínua recriação dos pactos e laços sociais de que somos feitos.


Ana Maria Sigal, representante do Departamento no Movimento Articulação, resume assim seu trabalho Porque não regulamentar a Psicanálise, política do Movimento Articulação:


Este trabalho analisa condições pelas quais a Psicanálise só tem a perder com a sua regulamentação. Conta brevemente a história do Movimento Articulação e a importância para o campo psicanalítico de promover um espaço no qual se encontram diversas escolas teóricas interessadas em defender a Psicanálise, renunciando a se promover nas diferenças dos pequenos narcisismos, trabalhando com o conceito de diversidade.


Ao vivo e com a possibilidade do debate, com a criatividade da apresentação do trabalho em dupla pelas representantes do Boletim, com a delicadeza do texto sobre a Percurso que nos transmite o trabalho do grupo, com a reconhecida importância do trabalho de Ana Sigal, ficamos mais enriquecidos, informados e gratos pelo Entretantos II. Mais um evento que buscou alicerces democráticos para a circulação da escrita sobre e com a psicanálise dos membros de nosso Departamento.


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[1] Psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae.




 
 
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