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    JORNAL DIGITAL DOS MEMBROS, ALUNOS E EX-ALUNOS
    41 Abril 2017  
 
 
NOTÍCIAS DO DEPARTAMENTO

RESUMOS DOS TRABALHOS APRESENTADOS NO EVENTO ENTRETANTOS 2, NA MESA 5A – COORDENAÇÃO DE PEDRO MASCARENHAS


Psicologia de Massas do Fascismo, 83

João Rodrigo Oliveira e Silva


Em 1933, no ano em que Hitler ascendeu ao poder como chanceler na Alemanha, o então psicanalista Wilhelm Reich, fugindo de Berlim, onde morava, publicou seu livro Psicologia de Massas do Fascismo. Nesse livro, partindo de sua experiência teórica e clínica na psicanálise, de sua leitura de Marx e de uma militância intensa ligada ao Partido Comunista, o autor elaborou uma análise de primeira hora do fenômeno que via se desdobrar sob seus olhos.


Nesta apresentação, contarei brevemente a história dessa obra e seu papel no movimento psicanalítico, em especial na chamada esquerda freudiana. Em seguida, exporei algumas das ideias que Reich ali propõe, na esperança de que possam dialogar com as inquietações políticas da atualidade e seu apelo à reflexão dos analistas.


Estéticas do Protesto e da Resistência no Brasil Atual
Nayra C. P. Ganhito


Este trabalho visita uma serie de manifestações/movimentos ligados à crise política atual que se opõe ao impeachment (“Não vai ter golpe!”) e aos valores dos grupos que o impulsionam, especialmente os de coloração fascistóide. São manifestações-acontecimentos que se multiplicam, se diversificam e agem de modo pulverizado, contagiando umas às outras e que adotam criativamente estéticas até então não diretamente relacionadas ao fazer político: carnavais, folias, fantasias, certas ocupações, discursos-jograis, ações em partidas de futebol, deboches, performances, atuações cênicas. Em que medida tais manifestações, que em seu conjunto caracterizam-se mais enquanto multidão do que como massa, representam em suas formas peculiares forças sociais emergentes e uma ética outra, não exatamente alinhada com a esquerda partidária ou tradicional em suas reivindicações – que apontam para um entre a macro e a micro política?


A dimensão política da Psicanálise


Adriana Morettin, Aline Eugenia Camargo, Ana Lúcia Panachão, Helena Albuquerque, Márcia de Mello Franco, Mario Pablo Fuks (coordenador), Mania Deweik, MarliVianna, Nayra Ganhito, Tatiana Inglez-Mazzarella.


Participantes do Grupo de Psicanálise e Contemporaneidade, nossos estudos se encaminharam para as questões de gênero e das homossexualidades neste ano de 2016.


Sabemos que a Psicanálise produziu uma ruptura epistemológica, uma descontextualização do normal e do patológico no que tange à Sexualidade. Através do livro de Thamy Ayouch, Psicanálise, Homossexualidades, Teoria Clínica e Biopolítica, inquietamo-nos com uma junção que nos parecia absolutamente evidente - afinal Psicanálise e Política tem tudo a ver – ainda que não tão clara.


Perguntamo-nos, a partir do texto:


1. A política está presente na teoria psicanalítica, onde e como? Ou a política está no centro da constituição psíquica do sujeito, inserido desde os primórdios em alguma cultura, sociedade ou família?


2. Se a realidade psíquica de qualquer sujeito está inscrita num contexto de realidade exterior, tal dimensão traria em seu cerne uma dissociação entre o subjetivo, privado e o coletivo social/público, sendo o primeiro o único alvo da psicanálise ?


3. Uma visão apenas intrapsíquica do sexual infantil, desvinculada da relação social e do contexto histórico, daria lugar a uma concepção normalizadora do processo de subjetivação ?


4. Vários psicanalistas reivindicam uma dimensão não política da psicanálise. E nós?


5. A psicanálise alargou seu campo de atuação: grupo, instituições, família, articulando as dimensões inter e transubjetivas, propondo questões sobre o laço social. Como entendemos tais questões?


O fundador da Psicanálise não se restringiu apenas a investigar a lógica e a dinâmica intrapsíquica mas expôs a dimensão política, ideológica e social da Psicanálise em vários de seus textos, não se furtando a uma reflexão sobre as implicações sociais de sua teoria, como o atestam suas posições sobre a hereditariedade e a degeneração, opondo-se ao discurso psiquiátrico de sua época.


Isto nos levou à pergunta: se toda teoria é política, de que política se trata em psicanálise?


O Departamento de Psicanálise, através de suas várias formas de atuação, tem proporcionado ao coletivo criar uma “caixa de ressonância” para as questões do racismo, da ditadura, do feminino, do modo de subjetivação na contemporaneidade e várias outras.


Neste trabalho proposto pelo Entretantos gostaríamos de discutir: qual seria a política da psicanálise?


Tentaremos apresentar o que significa uma atividade política e sua relação com a moral, a ética e a civilização.


Faremos uma rápida incursão sobre a função dos psicanalistas na produção e reprodução da ideologia, sendo simultaneamente os produtores de cultura e os que organizam a cultura (entre outros pensadores e intelectuais). Temos, por exemplo, Christian Dunker e sua “lógica do condomínio”, Caterina Koltai falando de exclusão, Safatle afirmando que o tabuleiro psicopolítico e suas estratégias repousam sobre o afeto do medo, da angústia da perda do amor, afetando o laço social.


A Psicanálise é um instrumento de “leitura dos sintomas sociais” e é por sua vez produto da Sociedade e da Cultura na qual se desenvolve.


O que cabe a ela?




 
 
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