O ADOLESCENTE, O ANALISTA E O GRUPO Afrânio de Matos Ferreira O trabalho com adolescentes exige do analista uma disponibilidade impar de acolhimento ao jovem e a sua família. O analista necessita ser empático com o jovem, acolher as questões próprias desta etapa da vida, saber diferenciar o que é uma manifestação que paralisa de outra que coloca as questões da pessoa em marcha. Temos observado que as sessões grupais intercaladas às sessões individuais têm facilitado o trabalho com os jovens, permitindo-lhes a adesão ao trabalho psicoterapêutico, a identificação com o grupo, maior tolerância com suas angústias e incertezas, maior aceitação de suas limitações e seus aspectos em amadurecimento. Tais aspectos, quando referendados por um grupo de pares são mais facilmente elaborados e aceitos pelo jovem. |
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FACULDADES ABERTAS À MATURIDADE: PARA QUE SERVEM? Clara Brochsztain Artigos Publicados: O Susto ao Espelho: Um Estudo Psicológico do Envelhecer. A longevidade é um fato novo. Na velhice perdas significativas acontecem, tais como: da força física; dos filhos que ganham independência e saem de casa; do trabalho produtivo que é substituído pela aposentadoria. Isto leva a perda de um lugar de pertinência na sociedade substituído pela marginalização e solidão podendo dar lugar a um envelhecimento patológico. As Faculdades da Terceira Idade servem para a promoção da saúde e através de suas atividades podem interromper ou até mesmo impedir o envelhecimento doentio. Diz Winnicott: “Existem certas características na natureza humana que se pode encontrar em todas as pessoas de qualquer idade” e entre elas, acredito, estão a necessidade de Playcement, de Holding, de Ser e continuar a Ser. Oferecemos meios para tal acontecer o que acaba sendo tão terapêutico que nos faz pensar ser possível trabalhar pela saúde sem ser por meio de uma psicoterapia nos moldes que conhecemos. Afinal Winnicott nos abre caminho para utilizar o Holding no lugar de interpretações. Pretendo, nesse encontro, discorrer sobre a programação da Faculdade, sua articulação com as idéias de Winnicott e apresentar alguns resultados. |
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DELINQÜENCIA: UM OLHAR ATUAL Danuza Sgobbi Saes Profa Dra Leila Salomão de La Plata Cury Tardivo As autoras discutem a teoria de Winnicott da tendência anti-social, suas raízes, destino e possibilidades terapêuticas; retomando, à luz dessa teoria, o conceito do desenvolvimento psíquico, além de discutir aspectos da psicopatologia e da adolescência. Relacionam essa discussão com a experiência prática de atendimento psicológico de adolescentes infratores em cumprimento de medida sócio educativa. Buscam trazer contribuições sobre a compreensão dos fatores envolvidos no desencadear essas tendências, bem como as possibilidades de intervenção junto a esses jovens. Evidencia-se, nesse estudo, a relevância do pensamento de Winnicott, na compreensão, intervenção e prevenção do fenômeno da delinqüência juvenil, tão atual no contexto de nosso país. |
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CONSTRUINDO CASTELOS SOBRE ORVALHO, BRINCAM POETAS E CRIANÇAS Irmgard B. M. Ferreira A partir de pressupostos de Winnicott, este trabalho visa discutir o brincar como campo de experimentação que se caracteriza por uma maneira de estar no mundo. O brincar é compreendido como acontecimento entre o ser e o não-ser, entre a esperança e o medo, no qual o ser humano cria sentidos estabelecendo pontes entre o já constituído (fruto de sua história) e o ainda não constituído (o devir). Mantendo uma paradoxalidade que, de acordo com Winnicott, precisa ser aceita e não resolvida, o brincar estabelece e mantém abertura para o inédito, o indizível, o surpreendente e para o que existe de mais sagrado e vital em cada um de nós. Fundados na experiência paradoxal o poeta e a criança encontram, apresentam e colocam em marcha diferentes potenciais, facetas do si mesmo e as mais variadas as grandezas do ínfimo. |
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A PSICOPATOLOGIA DOS VÍNCULOS CONJUGAIS E A FORMAÇÃO DE SINTOMA NA CRIANÇA. Profa Dra Isabel Cristina Gomes
Ao longo da ultima década temos desenvolvido um projeto de pesquisa e intervenção, na clínica-escola “Durval Marcondes” do IPUSP, envolvendo uma proposta terapêutica com casais que procuram essa clínica em função de sintoma(s) no(s) filho(s). Procuramos compreender mais profundamente a formação de sintomas na criança, associando-a a dinâmica conjugal; e de como se poderia garantir uma melhor intervenção terapêutica para o caso, deslocando o olhar para o casal parental. Tendo-se a família como promotora de saúde mental de seus membros (Winiccott), este trabalho propõe-se a refletir sobre as situações onde nem sempre isso é possível, em função do estabelecimento de vínculos patológicos no casal parental que acarretarão a formação de determinados sintomas na criança, colocando-a, via de regra, como denunciadora da “doença familiar”. PALAVRAS CHAVE: Casal – Família – Sintoma – Winnicott - Psicanálise |
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Minha Experiência Com Robert Rodman No Brasil Profa Dra Ivonise Fernandes da Motta A trajetória de Robert Rodman na Universidade de São Paulo englobou três visitas ocorridas nos anos de 1997, 1999 e 2002. Desde o primeiro contato com Rodman duas palavras poderiam sintetizar algumas das características marcantes tanto da pessoa quanto do profissional Robert Rodman: espontaneidade e simplicidade. Através de suas atividades desenvolvidas em São Paulo pudemos acompanhá-lo trabalhando tanto com psicoterapeutas bastante experientes quanto com aqueles iniciantes. Para os que puderam compartilhar dessa experiência ficou a marca da sensibilidade aliada à disponibilidade para conhecer o novo de uma cultura para ele até então desconhecida sob diversos ângulos . Rodman mostrou-nos ser essencialmente um clínico bastante atento ao ambiente e às várias possibilidades de intervenções tanto a nível social, institucional quanto individual em termos de direção rumo a Saúde Mental. A vinda de Rodman confirmou a validade em trazer estrangeiros para trabalhar conosco a fim de estabelecer diálogos sobre as mais diversas e complexas questões da realidade do mundo atual e que nos pressionam para inovações em nosso trabalho clínico diário. |
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DIALOGANDO COM WINNICOTT NA UNIVERSIDADE Profª Ms Luciana Almeida Lima Profa. Dra. Vera da Rocha Resende O objetivo desta mesa é dar destaque a questões que surgem na Universidade, quando se tem a psicanálise como disciplina curricular, e discuti-las na perspectiva do pensamento de Winnicott, cuja leitura pressupõe familiarização com a teoria psicanalítica. A experiência tem mostrado que esta abordagem estimula o aluno a conhecer o pensamento de Freud, Melanie Klein, traçando um caminho inverso. Ele se abre para o aprendizado a partir de pressupostos que respeitam seu potencial criativo, sem o aprisionamento costumeiro de correntes teóricas cientificistas. |
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WINNICOTT E A CRIAÇÃO DE UM NOVO SETTING Maria do Carmo Ferrari Fagundes Neste trabalho, procuro desenvolver comentários sobre o processo terapêutico de dois pacientes adultos, ambos com prévia experiência em psicanálise. Tendo interrompido suas análises, me procuraram em busca de um outro tipo de abordagem, como tentativa de superarem um “enredamento intelectualizado” em que se encontravam, impedindo o avanço do processo de amadurecimento emocional ainda necessário. Tendo como setting meu atelier de pintura, desenvolvemos um trabalho utilizando materiais disponíveis, como tinta, barro, etc. Alguns conceitos de Winnicott deram suporte à compreensão e também estimularam a formulação de novas experiências neste setting. Entre eles, destaco: espaço potencial, objeto transicional e criatividade. |
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DO RABISCO À ESCRITA: GESTOS CRIATIVOS Maria Laurinda Ribeiro de Souza Ao enunciar o "jogo do Rabisco", Winnicott destacou o trabalho criativo da análise e propôs um encontro fundado na mutualidade, entre o analista e o analisando, em que o desenho surge como uma forma privilegiada do brincar, mas também, de construção da narrativa, de revelação e de elaboração de lugares conflitivos e desejantes. Ele pode, ainda, ser pensado como paradigma do lugar da escrita na clínica. Ao instaurar um espaço potencial, acolhe o inusitado e possibilita sua figurabilidade numa oscilação constante entre a angústia e tensão frente ao amorfismo do rabisco e a tentativa, hesitação e júbilo pela conquista de uma formalização possível. Foi, através do brincar com o jogo do rabisco, que se organizou uma possibilidade de encontro na análise de um menino de 10 anos, e, de revelação de uma hipótese levantada a partir da entrevista inicial com os pais. Quando introduziu a assinatura em um de seus desenhos, assumiu seu lugar de autoria e me senti convocada a pensar sobre o lugar da escrita na clínica. |
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A CAPACIDADE DE ESTAR VIVO Rahel Boraks Este trabalho busca destacar questões relativas ao sentir-se vivo e real. Para Winnicott estes dois aspectos estão fortemente interligados. Dependem basicamente da possibilidade de alcançar experiência e da maneira que esta se organiza nas várias etapas do desenvolvimento. A confiança, a possibilidade de entrega à experiência, e a preservação e/ou a criação do espaço potencial dão sustentação interna e externa para convivermos com as intensidades que nossa natureza nos impõe. Procuro mostrar como esta capacidade de estar vivo não é algo inerente. Depende de uma aquisição que se acumula a partir da integração e do enriquecimento do self que se torna capaz de lidar com as tensões do estar vivo. |
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O ESPELHO TEM DUAS FACES Profa Dra Sandra Conforto Tschirner “Tetê” tem 30 meses. Por ser a criança muito nova e ainda tendo uma dependência importante da presença da mãe na sala lúdica, a filha foi atendida na presença da mãe o que possibilitou observar a dupla e o relacionamento entre elas. Muitas questões podem ser vistas e levantadas a partir desse contato com ambas, mas a questão ressaltada e comentada nesse momento é sobre como cada qual se descobre refletida no rosto e nas atitudes da outra. Nesse trabalho é descrito a observação de como esse reflexo pode possibilitar e facilitar mudanças e resignificações que ambas fazem uma da outra na medida em que o desenvolvimento da análise e do relacionamento da dupla evoluem. |
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PSICOSSOMÁTICA E SELF Profa. Dra Sueli Hisada A autora apresenta neste trabalho o conceito de saúde e doença a partir da teoria do desenvolvimento emocional de Winnicott. Aborda a inter-relação entre psique-soma com a constituição do self. Apresenta algumas doenças psicossomáticas mais freqüentes nos nossos consultórios. |
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JARDINS, VARANDAS E QUINTAIS: PENSANDO ESPAÇOS PÚBLICOS E PRIVADOS À LUZ DA TRANSICIONALIDADE Profa. Dra. Tânia Aiello Vaisberg Este trabalho aborda dois fenômenos relacionados: o desaparecimento de jardins, domésticos e públicos, de varandas e quintais e os distúrbios do sono, forma de sofrimento que se torna cada vez mais freqüente, a partir da constatação de que os dois decorrem de um aumento sensível da violência urbana. No caso do Brasil, esta violência é conseqüência das desigualdades extremas que separam ricos e pobres. Utilizando a psicanálise como base metodológica, em um diálogo que privilegia o pensamento winnicottiano, pretendemos indicar que a paranóia e a antropofagia são os campos não conscientes que alimentam tanto o medo quanto o processo gerador da exclusão dramática de grandes contingentes populacionais, privados de uma vida digna. Estes dois campos não conscientes são, evidentemente, pouco propícios à emergência espontânea de estados calmos e menos integrados que precedem o sono reparador, fenômeno que exige, na medida em que praticamos uma psicanálise concreta, que não ignora a condição psicossomática, encarnada, do ser humano, espaços materiais propícios, tais como os jardins, as varandas e os quintais, que marcam a transição entre o público e o privado, ou mesmo dos jardins e parques públicos, que delimitam áreas de relaxamento brincante no meio social. Trata-se, portanto, de encarar a necessidade de transformação social, que possa caminhar no sentido do estabelecimento de campos de respeito e solidariedade, mais conformes a necessidades fundamentais da vida humana de fazer-se fundamentalmente como alternância de estados calmos e excitados. |
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OS ESTUDOS DE CASO E OS MANEJOS AMBIENTAIS PARA CRIANÇAS E JOVENS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: UMA PERSPECTIVA INSTITUCIONAL Profa. Dra. Tereza Elizete Gonçalves O presente trabalho versa sobre os efeitos do abuso intrafamiliar severo e continuado em crianças e adolescentes, constituindo-se de modalidades clínicas e de investigação, inspiradas nos preceitos de D. Winnicott sobre o placement terapêutico. A autora empreendeu uma pesquisa acadêmica interventiva em uma instituição governamental, atuando em rede com a Vara da Infância e da Juventude, e com o Conselho Tutelar. A metodologia de trabalho foi se constituindo de modo artesanal para cada caso atendido, e de modo geral desenvolveu-se conforme as Consultas Terapêuticas, os Estudos de Caso e as Análises segundo a Demanda, apregoadas por este autor. Como resposta mais contundente às intrusões corpóreas e à violentação à ética do si mesmo , a autora encontrou, junto àqueles que tiveram sua subjetividade fundamentalmente constituída em torno da truculência e sexualização abusiva, a conduta anti-social e a delinqüência, esta última como o agravante da ambientação tantalizante. A proposta de uma clínica psicanalítica ampliada, vem comportando reinvenções clínicas, através de enquadres flexibilizados, manejos e gestão ambiental com intervenções em espaços de alternância, que complementam e alicerçam a recuperação dos anti-sociais atendidos. Contudo uma maior resolutividade na elaboração dos traumas pode ser alcançada, no acontecer clínico, através do qual se pode alcançar uma permeabilidade das áreas dissociadas, reduzindo os efeitos de esterilização defensiva dos componentes afetivos. Assim sendo a criança afetada restaura o seu fluir singular, e passa a alterar o seu lugar na trama relacional, recusando funções e lugares marcados pela. A psicoterapia foi acrescida da administração de alojamentos em lares substitutivos, abrigamentos terapêuticos e inserção em famílias extensas, inclusão dos pacientes em oficinas de criação e lazer, Os analistas trabalham na direção de disponibilizar um novo ambiente humanamente manejado como recurso terapêutico, considerando que o importunar da conduta e os delitos atuados, não são sintomas a serem erradicados, mas manifestação dos anseios de ressarcimento de receberem algo de si de volta, conforme a tese revolucionária de Winnicott. |
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VIVÊNCIA SER E FAZER EXPERIÊNCIA COM ARRANJOS DE FLORES NO ESTILO CLÍNICO SER E FAZER
Fabiana Follador e Ambrosio Roberta Elias Manna Walkíria Cordenonssi Cia O estilo clínico Ser e Fazer nasceu na Universidade de São Paulo a partir de pesquisas clínicas orientadas pela Professora Livre Docente Tânia Aiello Vaisberg. A busca por enquadres transicionais diferenciados é rigorosamente fundamentada no método psicanalítico e é inspirada pela tradição winnicottiana. Os enquadres transicionais caracterizam-se pelo uso de mediações facilitadoras da expressão de indivíduos e grupos, em contextos psicoterapêuticos e psicoprofiláticos. Fazendo parte da programação desta Jornada “Interlocução e Diversidade”, apresentaremos uma atividade em pequenos grupos onde as flores vivas e a possibilidade de realização de um arranjo serão os facilitadores de uma experiência voltada ao contato consigo mesmo, de forma lúdica e espontânea. |
UMA VIDA VIVIDA SEM ESPELHO OU UM ESPELHO PARTIDO? A HISTÓRIA DE UM MORADOR DE RUA Cristina Bueno O trabalho pretende mostrar através do relato de um caso a ausência praticamente constante de um outro que faça a função de espelho e crie condições de promover a integração e constituição da subjetividade e em alguns casos até mesmo de criar uma condição humana. |
SONHAR E CRIAR Prof. Dr. Decio Gurfinkel A dimensão criativa do sonhar foi pouco enfatizada por Freud, mas veio a ser tematizada por Winnicott através do prisma da transicionalidade; outros analistas, tais como Khan, Pontalis e Bollas, seguiram por esta trilha. O presente trabalho retoma esta tradição, e aborda, em primeiro lugar, a dimensão de projeto inerente ao sonhar; o sonhar implica a sustentação de um projeto no tempo, e é, neste sentido, o avesso da utopia, que pode ser aproximada do fantasiar descrito por Winnicott. Tanto no sonhar como no criar , está em jogo o paradoxo de uma viagem ao estrangeiro em um espaço protegido, ou de uma regressão que implica, ao mesmo tempo, a experiência do informe e uma volta ao espaço seguro do holding e do útero materno. A confiabilidade em um “porto seguro” ao qual se pode retornar – condição para o adormecimento - é o pano de fundo da “viagem ao informe”. Este paradoxo é bem expresso pelo interjogo entre a espiral e o quadrado , figuração extraída do romance Avalovara , de Osman Lins, e aqui explorada para abordar a criatividade inerente à experiência do sonhar. |
FLORES TRISTES Profa. Dra. Fátima César Nesse trabalho serão apresentados dois casos clínicos. Destaco no relato, os sentimentos de tédio e vazio vivenciados por tais pacientes e, ainda, o lugar da arte e de objetos culturais como forma de comunicação entre os mesmos e a analista. São jovens adultos com dificuldades de passagem, de transitarem para um estar-no-mundo de outro modo – seguindo adiante em seu processo de maturação; apresentando um cotidiano vazio e sem sentido, tédio, inércia psicossomática, sentimentos de não pertencimento, uso de drogas (uso como recurso alternativo para a vida imaginativa empobrecida e diante da impossibilidade de projetar um futuro). O encontro clínico extrapola a comunicação verbal e solicita a configuração de um espaço potencial em que o uso de objetos culturais e da arte pode vir a apresentar-se como instrumento terapêutico no diálogo analítico. |
ANOREXIA FORMAÇÃO FALSO SELF E IDENTIFICAÇÃO SEXUAL Profa Dra Eloisa Helena Rubello Valler Celeri Procuro neste relato tecer algumas relações entre anorexia, o conceito de
formação falso self e a questão das identificações à partir do atendimento
psicanalítico de uma adolescente com sintomas de anorexia. |
DA TENDÊNCIA ANTI-SOCIAL AO VIVER CRIATIVO José Outeiral A tendência anti-social, tal como é compreendida por Winnicott, resulta de um cuidado inicial que é perdido, no período da dependência relativa e tempo do fazer , elemento masculino puro. O resgate do cuidado -do qual alguém foi deprivado- é um sinal de esperança. As condutas transgressoras poderão ser elaboradas através de distintas maneiras, mas a criatividade, o viver criativo, é -sem dúvida- fundamental. Através da obra do cineasta francês François Truffaut e das informações que estão disponíveis sobre sua adolescência transgressora podemos ter uma clara demonstração das idéias de Winnicott. |
UMA VESTE PARA OS NOSSOS SONHOS: O LUGAR DA CULTURA NO PENSAMENTO DE WINNICOTT Profa. Dra. Luciana Berti ni Godoy Na escuta de um concerto, formam-se imagens, evocam-se lembranças e sentimentos, ritmos são sugeridos, tecendo as ligações de cada ouvinte com a obra executada. Ao mesmo tempo, estas sensações traduzem para cada um uma mesma obra, com suas características próprias e imutáveis, resistente, portanto, aos códigos individuais com os quais cada ouvinte pode se relacionar com ela. Configura-se, assim, uma experiência cultural compartilhada, em que a singularidade com que cada indivíduo se relaciona com a obra coexiste com a sobrevivência da mesma obra ao longo dos anos de escuta desde a sua criação. Ou seja, esta experiência sinaliza o trânsito do singular ao coletivo, do exclusivo ao compartilhado, do mesmo ao outro, do subjetivo ao objetivo, considerando, simultaneamente, a direção oposta destes movimentos. E é justamente disto que se trata a investigação do tema da cultura no pensamento de Winnicott: a compreensão dos fenômenos que permitem aos seres humanos redescobrirem infinitamente toda e qualquer produção humana carregada de significação simbólica, de modo a viverem cada descoberta de maneira criativa e pessoal, onde o encontro do que estava ali é experimentado como verdadeira criação original. |
AGRESSIVIDADE OU RECLAMAÇÃO? RUIDOS DE COMUNICAÇÃO ENTRE PAIS E BEBÊS Profa Dra Maria Cecília Pereira da Silva Magaly Miranda Marconato Mariângela Mendes de Almeida A partir da proposta de Winnicott de consultas terapêuticas realiza-se um trabalho com objetivo de detectar os fenômenos clínicos que denunciavam o sintoma do bebê buscando seu entendimento. No trabalho de Intervenção Precoce com pais e crianças pequenas, contribuímos para iluminar as percepções dos pais sobre a criança real e gradativamente facilitar a discriminação da experiência real com aquela criança em particular, do que pode ser, muitas vezes, percebido através de projeções, identificações inconscientes ou expectativas narcísicas. Por meio de vinhetas clínicas de um caso filmado, procura-se mostrar como diante de ruídos na comunicação entre pais e bebês o choro e os gritos do bebê podem ser interpretados como braveza ou raiva e no extremo, por comportamentos agressivos, sendo difícil pois distinguir uma reclamação de um comportamento agressivo, por outro lado, na luta para atender o desamparo do bebê, os pais experimentam emoções primitivas, muito desconfortáveis diante da efusiva reclamação de seus filhos tendo que conter a própria agressividade ou projetando-a sobre o bebê. Perante este tipo de ruído na comunicação entre a criança e seus pais há forte risco de que se desenvolva alguma patologia no bebê demandando uma intervenção precoce. |
WINNICOTT – VIVÊNCIA COM BAMBÚS Prof. Dr. Mauro Hegenberg A experiência em Winnicott é parte integrante da teoria. Alguns conceitos são difíceis de compreender apenas pelas palavras. O brincar, através da interação com um objeto, no caso o bambu, permite a vivência de processos pertinentes ao arcabouço da obra winnicottiana. A apresentação do objeto inicia a vivência, realizada através de um bambu, com um metro de comprimento, para cada dupla de participantes. A interação com o bambu permite a experiência subjetiva de apercepção, de holding, de mutualidade, de embalo, de integração do self, de invasão. A vivência do encontro, a experiência de sentir o espaço transicional termina a vivência, que será depois debatida entre os presentes. O número de participantes é de vinte por vivência, que dura aproximadamente uma hora e meia. |
PELOS CONFINS
Moisés Rodrigues da Silva Júnior A clínica com casos graves transmite em sua prática um desafio: os limites do analisável e a necessidade de tratamento. Apresento a partir da prática institucional nos Projetos Terapêuticos, a concepção de grupo como um espaço transicional em que a ilusão grupal e a constituição de uma zona de confiança geram um modo privilegiado de enfrentamento do isolamento, produzindo articulação, recepção, elaboração. O conceito de objeto transicional permite quebrar com a idéia de grupo como uma ilha se referirmos o transicional a uma relação paradoxal entre os elementos em jogo, superando-se a lógica binária, assim como a referencia a um terceiro elemento em oposição a outros dois. Gera-se um vácuo na ordem das determinações onde é possível a erupção de um fenômeno inédito e singular, eventualmente terapêutico. |
QUEM CONTA UM CONTO PROMOVE UM ENCONTRO Profa Dra Neyza Prochet O objetivo deste trabalho é o de destacar a importância dos trânsitos emocionais decorrentes da narração de contos e histórias na relação analítica e sua capacidade de evocar imagens mentais tanto no narrador quanto no ouvinte, no curso da relação analítica. Acreditamos que estas imagens oferecem suporte para a angústia do paciente sustentando o campo de comunicação entre o analista e o paciente. As histórias e imagens a ela relacionadas permitem o acolhimento de uma integralidade sensorial tanto do analista como de seu analisando – condição essencial para a expressão e constituição de um self verdadeiro. As histórias também auxiliam na integração de partes do self e na comunicação de uma experiência emocional profunda, delineando uma moldura cognitiva e afetiva para que uma experiência sem palavras possa ser nomeada e compartilhada. |
A TEORIA EM TRANSIÇÃO - CONSIDERAÇÕES SOBRE A DESTRUIÇÃO E SOBREVIVÊNCIA DOS CONCEITOS CLÁSSICOS DA PSICANÁLISE NA OBRA DE WINNICOTT Orestes Forlenza Neto Em seus trabalhos, Winnicott diz ter partido de conceitos freudianos (como o de narcisismo primário), kleinianos (como o de posição depressiva) e outros. Autores renomados da teoria relacional afirmam que foi uma tática que Winnicott usou para ser aceito pelos contemporâneos. Tal afirmação poria em dúvida a qualidade pessoal que Winnicott sempre valorizou: a autenticidade. Nossa proposta é que ele usou os conceitos referidos com o que “sobreviveu” deles, após sua “destruição”, além de usar as teorias referidas como objetos teóricos oferecidos pelos seus predecessores (ambiente) e re-criados por ele. |
CORPOREIDADE, SOFRIMENTO INFANTIL E REDE RELACIONAL Profa Dra Rosa Maria Tosta Considerando o lugar privilegiado que a corporeidade tem na obra de D.W. Winnicott; a freqüência em que aparecem na clínica infantil as queixas de ordem somática; e o fato de que é impossível atender à criança sem observar a sua família; o presente trabalho apresenta uma reflexão sobre um caso de criança pequena cuja demanda parental é trazida pelo sintoma corporal. Busca-se entender como o adoecimento pode ser considerado no processo de constituição psíquica da criança pequena inserida em sua rede relacional e qual o sofrimento psíquico que o infante está manifestando pelo padecimento somático. Enfim, fundamentado na Psicanálise e Psicossomática winicottianna, este estudo visa compreender como a queixa de ordem somática inscreve-se na trajetória pessoal e familiar do infante. |
DESAMPARO Y VIOLENCIA CONTEMPORÁNEAS Dra. Susana Jallinsky
El objetivo de esta presentación aspira a subrayar y convocar la atención sobre algunos de los conceptos winnicottianos, en tanto trabajadores de la Salud Mental , en estos tiempos globalizados y, en particular acerca de la prevención posible y no ideal, sobre las poblaciones infantiles y adolecentes.El "Wiinnicott pediatra" se conjuga con sus re-descubrimientos psicoanalíticos para delinear muchas de sus concepciones acerca de los derechos y obligaciones del hombre como "ciudadano". Según sus propias palabras [...] Cuando me convertí en freudiano supe qué significaba [...] Y, entonces comencé a ver que, de ese modo, se utilizaba un concepto complejo de la relación madre-hijo, y que podría existir un punto de vista infantil no complejo, distinto de la madre o el observador [...] (Winnicott, D. W., "Realidad y Juego", (1971). Se apela a los conceptos winnicottianos acerca de "democracia", "poder", "tendencia antisocial", "violencia", "desamparo", para revisar hoy las conceptualizaciones de este autor en relación con la "familia", el "medio facilitador". Para Winnicott "trabajar como psicoanalista" significaba atreverse a vivir las peripecias de una aventura compleja y laberíntica, donde permanentemete se corre el riesgo de "perderse". Claro que siempre se trata de un "perderse" para poder "encontrar y encontrar-se", tanto paciente como terapeuta, cad vez de un modo diferente, en cada uno de los procesos terapéuticos que se emprenden. Y, como atravesamos unos tiempos que además nos ofertan y enredan, incesantemente, en unas poderosa trampas de la razón, permanentemente van surgiendo técnicas de trabajo clínico, "supuestamente" cada vez más eficaces y rápidas, fundándose en la "originalidad" winnicottiana, lo cual supone apoyarse en sus teorizaciones clínicas. El peligro de esta "aparente" comprensión es el de reducir sus conceptos a una suerte de "moda", especie de "moneda corriente intelectualizada", siempre disponible, adecuable y adecuada. Por esto, también intentaré desarmar el tan difundido mito de un Winnicott absolutamente "original", no para descalificarlo sino para insistir en las continua necesidad de formación adecuada e investigación permanente.. Según su propio decir: [...] no pienso comenzar dando un resumen histórico para mostrar el desarrollo de mis ideas a partir de las teorías ajenas, que no es esa la modalidad de mi pensamiento. Lo que sucede es que voy recogiendo cosas, aquí y allá, me enfrento a mi experiencia clínica, me formo mis propias teorías y luego, al final de todo, pongo interés en ver cuáles son las ideas que he "tomado" (stolen) de otros. Puede que este método sea tan bueno como otro cualquiera [...], (Winnicott, D. W., "Desarrollo emocional primitivo", 1945) |
A IMPORTÂNCIA DO PLACEMENT (lugar) NA ANÁLISE DE UMA CRIANÇA Suzana Magalhães Maia Esta apresentação discute a importância da constituição do placement (lugar) no atendimento de um garoto de 10 anos que não conseguia alcançar a posição depressiva, encontrando-se impossibilitado de integrar sentimentos como o amor e o ódio, por falhas de provisão ambiental desde o seu nascimento. A criação de um ambiente de holding em sua análise e os manejos que se fizeram necessários para contemplar as suas necessidades, levaram-no a vivenciar experiências constitutivas que serão analisadas a partir dos referenciais de D.Winnicott e G. Safra. |
MARION MILNER E MASUD KHAN: IMAGENS ÍNTIMAS Tales A.M. Ab`Saber Qual foi o impacto do universo teórico de Winnicott nos primeiros analistas que se sentiram influenciados por ele? Como um analista recebe a produção teórica necessária vinda de um outro analista e faz algo próprio com ela? Algumas imagens pessoais a respeito de Marion Milner e Masud Khan. |