QUIMERAS

Corpo-eu

Helly Angela Caram Aguida


Corpo meu, corpo meu, que queres de mim?

Por que me atravessas, interditas meus planos,

Com teus desarranjos e dores, sem começo sem fim?

Por que me assolas

Como cavalo selvagem

Sem freio, sem rumo,

Perdido no mundo?

Corpo meu, corpo meu...

se és meu, eu não sei...

 

Eu, corpo teu, coisa tua não sou, nem pedaços em ti.

Pode coisa gemer, sem causa saber?

Pode coisa falar, sem nada escutar?

 

Eu meu, eu meu, preste atenção,

Parece que não, mas...

Percebo o que é...

Estava lá quando foi...

 

(E, então...)

Tuas dores sofro,

Teu sopro respiro

Teu pulso sinto,

sem parar um segundo.

 

Teu desejo me toca,

Tua falta me aperta,

Teu vazio me chama,

No escuro, clama!

 

Teu medo alerto,

Tua raiva grito,

Teu encanto celebro,

Teu amor suplico.

 

Eu meu, eu meu...

Silencie o som,

Afine o tom.

 

Sem saber, eu sei,

Somos o que fomos sendo...

E seremos o que estamos sendo...

 

Eu meu, eu meu...

De impasse a impasse, em meio à desordem,

No desafio da ordem, ali estou eu...

Corpo teu, corpo meu, Corpo-Eu.

 


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ano - Nº 6 - 2024
publicação: 12-12-2024
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Autor(es)
• Helly Angela Caram Aguida
Departamento de Psicossomática Psicanalítica do Instituto Sedes Sapientiae

 Médica e cirurgiã. Mestre pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Atua nas áreas de gastroenterologia e coloproctologia. Membro e professora colaboradora do Curso de Especialização em Psicossomática Psicanalítica do Departamento de Psicossomática Psicanalítica do Instituto Sedes Sapientiae. E-mail: helly.aguida@gmail.com


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